ONE SHOT

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O loiro de olhos azuis tragava um cigarro enquanto observava a vista das estrelas no céu. Havia apenas água a frente e não se sabia quando chegariam a ilha mais próxima, Nami seguia fielmente o log pose. Todos já estavam a dormir, era a vez do Zoro ficar de vigia e Sanji já era ciente de que ele deveria estar na torre de vigilância a dormir, com um sono tão leve que acordaria ao menor sinal de perigo. Infelizmente, o sono não vinha para o loiro, a mente carregada demais por pesadelos para conseguir pregar os olhos. Era uma consequência estrondosa desde que encontrou por última vez sua família no casamento com Pudding, algo que também não ocorreu. Em Wano não tiveram tempo de verdade para dormir, foi tudo tão corrido que sua mente se acomodou a pensar nos próximos passos. Mas agora no mar aberto, sem nada a se preocupar, tudo vinha como um furacão no único objetivo de atormenta-lo. As memórias de sua mãe sempre vinha para lhe tirar do sério, mostrando o quão fraco era e o quão incapaz foi de salvar sua mãe dos tiranos que era seu pai. Os momentos de maus tratos, já era a tempos esquecidos, mas agora voltava com tudo para cima dele como uma tortura interna. Um castigo que ao menos sabia o motivo.

Cansado demais mentalmente para pensar sobre isso, bagunçou seus fios loiros acabando com sua mão te testa, escondendo seus olhos do mundo e respirando fundo. Queria acabar com aquele tormento, queria esquecer do seu passado, esse peso era um que não queria carregar. Entretanto, uma mão em seu ombro foi o suficiente para retirá-lo de seus pensamentos medonhos, o fazendo deslizar calmamente a mão pelo seu rosto para olhar quem estaria a mexer consigo. Se surpreendeu ao ver que era Zoro, arregalando minimamente os olhos com a presença alheia, ainda mais, do modo que o companheiro havia chegado. Não foi com ofensas e nem agressões, e sim, pôs uma mão em seu ombro. Porém, a carranca em seu rosto podia ser vista a distância, causando arrepios a quem quer que tivesse essa visão.

– O que foi, Marimo? – Sanji tragou mais uma vez o cigarro, verificando que já estava ao fim. Teve que guardar um xingamento interno pois não queria brigar aquela noite, não naquela noite.

– É a minha vez de vigia, porquê está acordado? – O olhar pesado do esverdeado caia sobre Sanji, seu único olho parecia penetrar a alma do loiro como uma bactéria em uma ferida exposta.

– Olha, só me deixa aqui. – Suspirou, tragando um último fio do cigarro e apagando-o contra o barco, jogando-o no mar. – Não tô com paciência para brigar com você. – Voltou sua atenção ao mar, ignorando a presença alheia. Por mais que tivesse um lado seu que amasse brigar com o outro, estava quebrado demais naquela noite para conseguir algo do tipo.

– Está... bem? – O esverdeado perguntou, pausadamente, como se as palavras fossem difíceis demais para ser ditas. Quando Sanji se virou para trás no intuito de olha-lo, se surpreendeu ao ver sua face corada.

– Preocupado comigo? – Forçou um sorriso sarcástico nos lábios, mas Nem Zoro conseguiu acreditar naquela mentira, já que os olhos de Sanji estavam tão distantes quanto as estrelas pairando no céu. – Estou, só... Só com dificuldade de dormir, apenas isso. – Suspirou, sabendo que não o enganaria com aquela fachada barata. Em sua concepção, até uma criança veria o quão mal estava.

– Pesadelos de novo? – Perguntou. Não era novidade para a tripulação dos pesadelos do cozinheiro, já que todos sem exceção já que quase todos já haviam acordado ao menos uma vez por causa da agitação do loiro durante a noite. – O que é dessa vez?

– Não é nada demais. – Deu de ombros, sentindo o gosto amargo na boca por mentir. Era raro quando conseguia dialogar com o espadachim sem brigar e agora, não conseguia aproveitar por completo. Desde Wano as coisas andavam estranhas entre ele, sendo essa a unica conversa por mais de dois minutos desde a sua partida daquele país. – Não se preocupe. – Observou o outro consentir e quando viu que ele ia sair, pigarreou, chamando a atenção do outro. – Andou distante, nem discutindo está mais. Por quê?

– Só não é minha meta ficar discutindo com um pervertido o tempo todo. – Disse, as palavras saindo de sua boca enquanto o seu olhar se perdida no azul profundo dos olhos do loiro. – Ainda mais agora que quase casaste, talvez entraria um pouco de bom senso em sua mente. Mas presumo que continua o mesmo.

– Olha aqui, Marimo idiota, quer me insultar mesmo quando lhe pergunto algo sério? – Mesmo não querendo, Sanji se estressou, como se aquelas poucas palavras tivessem atingindo o seu orgulho ferido. – E você que quase ficou com aquela bela dama? Logo você que só diz ligar para espadas! – Se aproximou um passo do espadachim, raivoso demais para medir suas palavras. – Diz só ligar para espadas mas estava lá com aquela donzela!

– Ero Cook imbecil! – Zoro também se aproximou um passo do outro, raiva inflando em sua mente. – Você estava quase a casar com aquela três olhos! Tens que parar de se entregar para qualquer uma o tempo todo, deixa de ser oferecido!

– O que diabos isso tem haver? Por quê te incomoda tanto a forma como ajo? – Sanji não percebeu na hora o quão próximos estavam, nem que faltava apenas alguns centímetros para seus lábios se tocarem. Mas Zoro percebeu, intercalando seu olhar para a boca do loiro e seus olhos azuis. O desejo o consumiu, dando um último passo, prendendo aqueles lábios no seus. Adentrou sua língua com brutalidade na boca do loiro, apertando-o contra seu corpo. Sanji não reagiu, em choque, mas logo, o desejo foi chegando e aos poucos foi se entregando, aprendendo não a lutar contra a língua de Zoro, mas sim, junto a ela. Travaram uma batalha deliciosa em combate, suas línguas de entrelaçando como em um treino prazeroso. – Marimo... – Sussurrou quando a falta de ar se fez presente, a mente dublada demais para perceber a sua frente.

– Idiota. – Zoro praguejou, adorando a bela visão de um Sanji corado a sua frente. – Por que tem que ser tão orgulhoso?

– Eu? Você que é o exemplo de orgulho em pessoa! – Ralhou, começando a se defender, não se distanciando em momento algum dos braços musculosos do outro, como se estar naquele abraço fosse a coisa mais comum e certa a se fazer. – Espadachim idiota. – Disse, recebendo um rápido selar de lábios do outro. – Para com isso. – Reclamou, recendo outro selinho. – Tch.

– Me diz, por que estava acordado tão tarde? – Zoro era um ogro em sentimentos, então, estava apenas seguindo seus instintos. Desde a Big Mon ele estava se sentindo estranho, havia quase matado o cozinheiro acidentalmente em uma de suas muitas brigas de raiva, quase lutando a sério naquelas discussões sem sentido entre os dois. Depois, analisando com mais calma, percebeu o que era: ciúmes. – Converse comigo.

– Minha família, a mesma coisa de sempre. – Suspirou, deixando-se apoiar sua testa nos ombros musculosos do outro. – Você me acalma. – Contrariando todo seu orgulho, declarou, podendo sentir o cheiro de suor e saquê vindo do espadachim. De alguma forma, era bom.

Zoro, sem saber como reagir, apenas quebrou aquele contato, entrelaçando seus dedos no do cozinheiro. O puxou para a torre de vigilância, agradecendo internamente de ter uma manta ali, colocada pelo próprio Sanji a horas atrás para o outro não morrer de frio, era claro como dia que ele próprio não admitiria que foi ele, mas o espadachim sabia que era. Ambos se sentaram ali, em silêncio, se cobrindo com a manta no chão frio. Sanji deixou-se apoiar no corpo do outro, aquele cheiro e a simples presença do esverdeado o acalmando aos poucos. Logo o sono lhe atingiu, algo que não sentia a tempos. Zoro também dormiu, mas ele com um sono bem mais leve caso algo acontecesse. O espadachim tinha uma estranha habilidade de se manter meio acordado enquanto dormia, algo que era bem útil quando era sua vez de manter vigia. Todos na tripulação, apesar de reclamarem, confiava na habilidade do espadachim.

Assim, ficaram ali até o amanhecer, sentindo a presença um do outro.

FIM.

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⏰ Última atualização: Mar 16, 2023 ⏰

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