A lista - Rosattaz

Six

Rosamaria POV

⸺ Quem está ai? -Gritei novamente sem sucesso.

⸺ Rosa, vamos embora agora, não quero mais ficar aqui. -Ela agarrou meu braço e me puxou. -Isso tudo é uma péssima ideia.

⸺ Vamos ir até ali! -Apontei para um canto do estabelecimento abandonado, onde algo havia sido quebrado ou derrubado e a poeira dançava pelo ar. -Deve ter sido um gato Roberta, deixe de ser medrosa! -Inverti as posições, agora eu que estava puxando-a contra sua vontade para o lado onde a poeira tomava conta. De repente escutei um espirro. Meu coração acelerou, desde quando gatos espirravam alto daquele jeito? Não sei bem a resposta, mas provavelmente o que estava ali não era mero animalzinho indefeso, sem sombra de dúvidas era uma pessoa. Soltei a mão de Roberta e me aproximei devagar para fumaça de poeira, era difícil ver alguma coisa através dela. Meu sangue pulsava freneticamente, meu coração parecia que iria sair pela boca, minha respiração estava ofegante. Com a voz calma repeti mais uma vez:

⸺ Quem está ai? -De repente senti algo agarrar minha perna. Gritei feito uma louca pedindo ajuda a Roberta, ela veio correndo com um pedaço de cano que havia encontrado no chão, e começou a bater na mão agarrada a mim.

⸺ Pare, pare! Sou eu! Carol Gattaz, do colégio. -Para minha surpresa a voz se revelou o mais rápido que eu havia pensado, saiu com um tom de piedade e timidez. O que aquela menina estava fazendo ali? Lancei um olhar acusador para Roberta, mas ela não teria coragem de revelar o nosso segredo mais secreto: A Lista. Isso soaria para ouvidos desconhecidos como um tipo de seita maligna, o que era totalmente ao contrário. Quando a poeira baixou, eu pude ver que Carol estava no meio do balcão quebrado com o braço sangrando. Roberta logo se desesperou, esquecendo totalmente de acusá-la de perseguição.

⸺ Ai meu Deus, Rosa -Ela disse apontando para Carol. -Sangue! Ela está machucada. Eu disse que era uma péssima ideia.

⸺ Shhh, Roberta... -Fiz um sinal para que ela parasse de falar. E desviei meu olhar para Carol. -Garota o que está fazendo aqui? -Ela me olhou com um sorriso sarcástico estampado no rosto e disse num tom de despreocupação.

⸺ Digamos que eu tive uma vontade de tomar ar fresco, sabe como é, sair um pouco de casa! - Roberta riu descontroladamente.

⸺ Eu não diria que esse ar que você esta respirando é fresco! -Disse ela em meio a risada.

⸺ E vocês o que estavam fazendo aqui?- Carol disse pausadamente. -Eu não diria que andar de patins, num lugar abandonado é diversão. -Antes que eu pudesse falar alguma coisa, um cheiro de queimado incensou o local. Olhei em volta procurando a fonte de tal cheiro, sem sucesso. Resolvi me concentrar num problema mais importante, a nossa perseguidora, Gattaz. Antes que eu retomasse minha seção de interrogatório, Robeta se virou rapidamente pra mim com um olhar preocupado. Eu a olhei sem entender o que aquele olhar queria dizer, quando cansei de tentar achar uma resposta perguntei o que havia acontecido com ela! Ela me perguntou pausadamente.

⸺ Rosa, você rasgou o bilhete que nós estávamos conversando hoje de manhã? -Neguei com a cabeça e voltei meu olhar para Carol.

Por um momento não entendi a pergunta que ela acabará de fazer, mais como um passe de mágica, as coisas foram se juntando, Carol foi à última a sair da classe e tinha visto jogando o papel no lixo. De repente um ar de indignação surgiu dentro de mim. Tudo fazia sentido agora, não tinha lógica Carol aparecer do nada aqui na pista de patinação.

⸺ Merda, merda! -Disse chutando o ar, liberando um pouco toda a raiva que sentia. -Você leu o papel? -Eu perguntei enquanto me aproximava de onde Gattaz estava.

⸺ Hein? Que papel? -Ela perguntou com tom de sarcasmo. -Não acha que eu pegaria alguma coisa do lixo, não acha? -Um sorriso brotou em seus lábios.

⸺ Meu Deus, você é uma ridícula, sua sonsa! -Gritei, colocando o dedo indicador em sua cara, com uma forma de acusação. -Isso é invasão de privacidade sabia? -Quando Carol abriu a boca pra responder minha acusação, o cheiro de queimado foi se intensificando. Meus olhos começaram a arder, um calor foi surgindo. Uma explosão chamou nossa atenção, fazendo com que nós três olhássemos ao mesmo tempo para trás. Faíscas estavam saindo da caixa de energia, as paredes de madeira ao redor dela estava em chamas, olhei com desespero pra Roberta. Meu corpo não respondia a nenhuma reação, eu estava em choque. Senti Roberta me sacudir de um lado para outro, tentando chamar minha atenção.