A última dança

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Música versão Spotify: https://open.spotify.com/track/01OE8oNVhqSTZR1FIYCJ71?si=gajTcr3iSYKZhpyq0_Qgww&utm_source=copy-link

Boa leitura!

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Estávamos seguindo uma doce sinfonia e seus movimentos se alinhavam perfeitamente aos meus. Parecíamos destinados a vivenciar aquele momento, aquela poética lamúria.

Mas tudo se perdeu quando senti o forte vento de encontro ao meu corpo, causado pela abrupta pressão dele sobre mim.

Desci meus olhos e uma lâmina esbravava minha barriga.

Finalmente percebi.

Nada passava de uma mera ilusão, nosso doce balanço era apenas uma briga de vivências e fins. Algo destinado ao fracasso e a tragédia. Um "e se" que nunca fora nada mais que um ponto final desde o começo.

Concentrei-me em minha barriga, sangue saia e ia em direção ao chão e meus pés.

Estava descalço. Quando havia tirado os sapatos? Teria calçado-os? Não sabia dizer, nem me lembrava ao certo como havia chegado ali.

Percorri minha visão através dos seus próprios e me aventurei mais um pouco.

A dor que invadia meu corpo não parecia permanecer ali, nem reconheço se existia realmente.

Uma nova ilusão?

Senti o gosto ferruginoso em minha boca, tentei o engolir, mas meu corpo o expulsou. Sangue parou na camisa branca de quem portava a faca e a mantinha em minha pele. Não pareceu se importar e eu tão pouco.

Seus olhos brilharam e quis beija-los sobre as pálpebras. Olhos tão doces e amedrontados que me puxavam para sua direção.

A lâmina foi rapidamente retirada de mim e apunhalada em meu peito. O ar se esvairava e enquanto eu buscava por ele minhas pernas falharam.

O abrupto chão roçou minhas pernas e de alguma forma me trouxe conforto. E ao perceber que olhava para o nada, busquei novamente pelos olhos que tanto amava. Como esperado, eles brilhavam pra mim e junto a eles um lindo sorriso se fazia presente, quis beijar aqueles lábios que pareciam cortar quem os tocasse e sofrer quem os desejasse.

Mas então se abaixou a mim.

Não resisti e meu corpo caiu completamente ao chão. Meu tronco parecia não se importa com a pedra gélida e desconfortável que a tocava.

Tentei alcançar seu rosto, mas foi em vão. Tão perto e tão distante.

Meu peito abria e fechava numa tentativa de se continuar presente, mas a alegria transcendia a mim.

Jaz aqui o meu corpo tão cansado e aflito, sendo guiado para a tão sonhada e repudia morte.

Sua sombra se colocou a minha frente e notas de piano trombaram em meus ouvidos, me levando finalmente para o nada ou o tão sonhado distante.

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