Capítulo 1 - Prólogo

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Kram nunca antes se perdeu na floresta e a escuridão nunca o amedontrou. Mas naquela noite, os seus lábios estavam secos, o seu coração tremia, os espinhos tocavam nas suas pernas e sangue escorria. A floresta que antigamente era familiar, parecia diferente na escuridão daquela noite.

O jovem derramou lágrimas, não porque tinha medo da morte, mas porque se sentia desapontado.

"Era apenas um mito, eu fui um tolo por ter acreditado..." Kram limpou as suas lágrimas.

"Por que ainda não estou morto?" Ele cerrou os dentes e se culpou.

O coração de Kram doía com a ausência do seu amado, que tinha partido deste mundo. Não havia ninguém em casa para o receber com amor e afeto, relembrando-o da profundeza da sua perda. Lágrimas se misturavam com lágrimas velhas secas escorrendo pelo seu rosto. Se ele subisse o morro à sua frente, ele encontraria um terreno que o guiava a uma casa de madeira rodeada pelos três picos altos das montanhas Ing-End.

Kram nunca conseguiria compreender completamente porque tendia a se perder na floresta, mesmo que estivesse familiarizado com o local desde infância. Esta área era propriedade privada, mas após o dono desaparecer, se tornou mais fácil ir e vir da caverna A Sombra da Lua.

Por falar nesta caverna, os camponeses frequentemente sussurravam que era...

A Gruta Assombrada...

A Gruta dos Demônios...

A Gruta Mística...

E vários outros nomes, dependendo do nome que os camponeses assustados queriam lhe chamar.

O jovem colocou de lado os seus pensamentos vagos enquanto confrontava o pequeno morro adiante. Ele tinha de se concentrar para subir o terreno íngreme. Quando finalmente conseguiu, ele se deparou com uma cerca de arame farpado que era forte e imponente, diferente de tudo o que ele alguma vez testemunhou.

Ao longo dos últimos anos, a cerca de arame farpado tinha desmoronado em várias partes devido à falta de manutenção. No entanto, por alguma razão, a cerca agora parecia forte e resistente novamente, como se tivesse sido cuidada.

Kram não tinha tempo a perder! Ele deslizou agilmente pela cerca, tirando vantagem da sua pequena estatura para concretizar a sua manobra facilmente. Quando levantou a cabeça, se encontrava num caminho que muitas vezes tinha rastros de búfalos. A luz do luar brilhava cintilante, iluminando ao redor com um brilho suave. Embora tudo parecia meras sombras, Kram reconheceu a familiar paisagem com facilidade.

Ele tinha encontrado a saída! Sem hesitação, Kram começou a descer a estrada, mesmo parecendo sinistra e assustadora.

De frente a Kram estava um pântano rodeado por três montanhas: Ake, To e Three, os três picos gigantes da cordilheira Ing-Eng. À primeira vista, Kram sentiu como se o seu coração tivesse parado de bater.

Aqui... aqui era onde a sua casa deveria estar. A casa da sua família, a casa que compartilhou com o seu amado, a casa que compartilhou com o seu pai.

Mas por quê? Por que a casa de madeira desapareceu sem rastro?

"Não pode ser!"

A paisagem continuava a mesma. A grande Árvore de Bodhi em frente da casa ainda permanecia de pé, o riacho ainda fluía pelo seu lar de infância. Tudo permanecia igual exceto a sua casa de madeira que tinha desaparecido, deixando apenas uma área coberta de vegetação densa, como se ninguém tivesse pisado ali.

Kram caiu de joelhos, lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

"Não pode ser!"

***fim do capítulo***

Dois Mundos, Um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora