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Pablo estava cansado, exausto, esgotado, quebrado, e sua rotina de treinos não ajudava em nada, mal dormia durante as noites imaginando tudo que podia ter feito diferente, não chegava à conclusão alguma, sempre deu o máximo de si, demonstrou até o que era impossível demonstrar, então por que, no final de contas, foi deixado? Não entendia qual era o seu grande problema insolucionável, mesmo que tenha ouvido diversas vezes que o problema não era ele, só conseguia se culpar pelo final que tudo levou, e mais, como Pedri conseguia sorrir tão levemente, se divertir com os outros, como ele conseguia continuar sua vida sem Gavi? Será que só o menino era quem estava sofrendo nesse processo? Mais um dia, mais uma noite mal dormida, já tinha perdido as contas de quantos remédios estava tomando para conseguir se livrar da insônia, tudo em vão, sua mente continuava a maltratar o pobre rapaz, o pequeno aproveitava toda e qualquer oportunidade de dormir, até durante os jogos do seu clube, o que lhe rendeu grandes críticas, mas ele já não se importava o suficiente, seu rendimento havia caído e agora ficava no banco de reservas, havia perdido toda sua vontade de jogar futebol, todo o amor que um dia sentiu ao ter a bola sobre os pés, sumiu, seu brilho desapareceu, uma nação inteira assistia sua maior promessa cair em um profundo poço sem previsão de volta, se perguntando o que havia acontecido para destruir com um garoto tão jovem e cheio de vida.

No outro dia, Gavira acordou sentindo uma melhora repentina, acreditou que os remédios finalmente estavam fazendo efeito, treinou dando seu sangue, foi capaz de sorrir com os companheiros de equipe e até entrou em algumas brincadeiras, não aproveitou dos tempos de descanso para cochilar, recebeu elogios e até mesmo Pedri falou diretamente com ele, dizendo estar orgulhoso da aparente melhora do menino. Foi assim durante 1 semana, quando lhe foi dado a oportunidade de entrar em campo novamente, fez uma ótima partida, ele estava feliz, algo estava mudando em si, ele acreditava. Mas como nada é um campo florido, na noite anterior a partida mais importante da temporada, ele teve uma recaída, sentiu todo seu mundo ir ao chão novamente, se viu sem esperanças e desejando sumir de tudo, não sabia o que fazer para tirar aquela angústia do peito, se viu sem alternativa, correu ao banheiro para despejar tudo no que ainda não havia o abandonado, viu a lâmina brilhar na pia do banheiro, pegou o objeto e entrou na banheira, já cheia de momentos atrás, olhou para as cicatrizes já presentes no seu antebraço e para as feridas ainda não cicatrizadas, se perguntando se seus colegas e familiares já tinham notado, e se sim, por que não procuraram ajudar ele, se sentindo desamparado e sem mais chances, passou a lâmina tão fundo no pulso que via o sangue ser jorrado para fora, não se desesperou, apenas fez outros cortes profundos no resto de pele e se ajeitou na banheira, esperando que tudo aquilo finalmente acabasse.

Gavi foi achado na manhã seguinte, tão pálido quanto a neve que caía do céu, seu coração já não tinha mais o que bombear, e seus vasos sanguíneos sem ter o que transportar. Ele não deixou uma carta, não deixou mensagens, nem mesmo teve uma ligação dizendo que amava sua família ou pessoas próximas, ele morreu sozinho, cercado dos seus próprios pensamentos que o torturaram até a hora do seu descanso.




Foi isso! Obrigado pela leitura, espero que tenham gostado e desculpa pelo gatilho forte na história. Talvez eu faça um pov do Pedri depois de tudo o que aconteceu, mas ainda estou pensando. 

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⏰ Última atualização: Apr 11, 2023 ⏰

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Gadri - Naquela manhãOnde histórias criam vida. Descubra agora