Purgatório

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PURGATÓRIO
pur.ga.tó.rio

². (teol.) lugar de purificação onde, segundo os teólogos, as almas dos indivíduos que faleceram ainda com algum pecado vão acabar de expiar as suas culpas, para depois gozar a sua bem─aventurança eterna.

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Em minha opinião, aquele não era nada senão outro amanhecer fodido em que o próprio sol havia sido banido para dentro da camada sombria de nuvens que penhoravam o vasto céu daquela maldita cidadezinha pacata.

O cálido — frágil, quase ilusório — calor dos raios do sol era menos que um miserável pincelar decorativo pairando sobre a linha imaginária do horizonte. Um lembrete de que em algum lugar lá fora havia vida vibrante e seca aguardando por mim.

Forks — a maldita e pequenina Forks! — era como uma gaiola sombria, e eu era quem jazia sendo punido severamente por minha imperfeita existência com alguns anos em exílio do calor. Isso, que para mim era uma ofensa profana e indesculpável, para minha disfuncional trupe de anomalias pensantes tornava–se uma forma de esperança em sobreviver dia após dia em um mundo de leis, assassinatos e malícia.

Fingi um bocejo, imitando dezenas de adolescentes humanos que transitavam como uma horda de zumbies pela área. Eu ri abertamente. A maioria dos petiscos encontravam–se em um nível de atordoamento cômico, resmungando sobre o clima imutável e a nova adição à população minúscula da cidade. Perdidos demais em sua rotina trivial para notar que estávamos imóveis no canto mais afastado do refeitório.

Era bom não ter a atenção daquele bando de bolsa de sangue ambulante em períodos de hormônios à flor da pele em mim, pra variar. Eu não era realmente apegado aos bons modos para me preocupar tanto com formalidades na hora da comida.

Uma brisa fria balançou meu cabelo despenteado e eu mudei de posição preguiçosamente, ignorando incontáveis aromas e cheiros específicos trazidos. Minha garganta secou, ardeu e doeu — como se eu estivesse tirando um tempo na sauna do próprio palácio do Diabo, brindando com um copo de brasas acesas.

Através do vidro transparente da janela do outro lado do refeitório — ignorando a fileira mal feita de bandeiras na parede —, contemplei a fileira de árvores semi–envolvidas pela densa neblina. Liberdade.

Que pensamento inútil.

O clã Olímpico tinha de fato uma fama no submundo vampírico – e isso se estendia aos "primos" louros cuja maioria dos membros femininos eram como succubus no passado. Uma aglomeração saudável de nós não era um evento comum, e somando os peculiares olhos dourados como ouro aos talentos quantificáveis... Como eu mentiria que me surpreendia a maneira obcecada aqueles cidadãos mortais a nosso respeito? A maneira como pareciam se venderem pela beleza, ganância ou poder era nojenta.

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⏰ Última atualização: Mar 24 ⏰

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