9 | Nada romântico, mas memorável

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Por sorte a Bella estava melhor, mas mandei uma mensagem para a escola e disse que não iria porque estava doente, achei melhor não mandar ela, não estava totalmente bem.

Ao invés disso, deixei ela com a minha vizinha, não a enxerida, a outra, tinha dezessete anos e estava estudando de casa, e às vezes eu pagava ela para ficar com a Bel, não aconteceram muitas vezes, mas ela aceitava meu dinheiro sempre que eu perguntava se podia cuidar dela.

Alguns adolescentes fazem qualquer trabalho para juntar alguns dólares, e a mãe dela já havia comentado que estava juntando dinheiro para viajar, então eu pagava muito bem para ficar com ela até às três.

Eu só não sabia que aquela manhã teria tantos acontecimentos na nada acontecelândia. Tivemos uma denúncia durante a noite, o plantão da madrugada acionou a polícia, então, em teoria, tudo bem.

Não.

As coisas saíram do controle, ninguém me disse direito o que aconteceu, ninguém queria me dizer direito e alguns nem sabiam, então eu mesma fui até a casa, querendo ajudar.

Se fosse noite, aquele lugar brilharia com as luzes da polícia, eu reconhecia os policiais pegando depoimentos dos vizinhos, mas quando vi os caras com as roupas brancas e luvas azuis, soube que a coisa toda era pior que eu imaginava.

Aonde tinha forenses, tinha sangue. Claro que não sempre, mas muitos deles era estranho.

Caminhei calmamente, sabia que o pai da criança tinha tentado entrar na casa e agredir a mãe, mas tinha passado dos limites.

Eu ia entrar na casa, não sei o motivo, mas queria ver com meus próprios olhos. Mas alguém segurou meu braço e me puxou para trás.

- Civis ficam atrás da fita amarela. - O policial disse.

Como todos os outros, mal encarado com aquela boina que quase cobria um dos olhos, querendo me intimidar.

- Eu sou oficial...

- Cadê o distintivo? - Procurou uma identificação pelo meu corpo. - Atrás da fita, por gentileza.

- Sou do conselho tutelar. - Ele riu.

- Então é de menos serventia ainda. Atrás da fita...

- Pode deixar.

Suspirei de raiva, reconheci a voz atrás de mim, e pela obediência do policial, só podia mesmo ser uma pessoa.

- Estou começando a achar que se eu disser seu nome três vezes na frente do espelho, você aparece. - Virei para ele.

- Que engraçada. - Fingiu uma risada. - O que quer aqui?

- O que aconteceu?

- Você não sabe? - Franziu o cenho, mas debochando. - Pensei que fosse a chefe do departamento.

- Pensei que fosse o delegado, pelo visto as coisas saíram do controle.

Ele não parou de sorrir, mas dava para ver que o semblante estava frio.

- Kayra, não sei o que você quer na cena do crime, mas vou pedir para você sair, sabe mais do que ninguém que os outros policiais não são gentis.

- O que aconteceu?

- Estão mortos, agora vai. - Apontou para a fita.

- E você estava dormindo? - Falei com raiva. - Foi me infernizar a noite, e o seu trabalho? Seu cretino! Tinha uma criança na casa!

- Se veio aqui para falar do meu trabalho, é melhor ir embora agora. - Falou firme. - Não sabe o que aconteceu, e não vou ficar escutando suas reclamações sobre como eu deveria fazer meu trabalho.

Por todo o meu amor • Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora