Deixe-me começar dizendo que Choi San era viciado em heroína. Nós éramos amigos na faculdade e continuamos sendo após eu ter me formado. Note que eu disse "eu". Ele largou após dois anos mal feitos.
Depois que eu me mudei do dormitório para um pequeno apartamento, não via San com muita frequência, nós apenas costumávamos conversar online as vezes. Houve um tempo que ele não ficou online por cinco semanas seguidas. Eu não estava muito preocupado, ele era um notável viciado em drogas no geral, então eu assumi que ele apenas parou de se importar. Mas então, uma noite, eu o vi online. Antes que eu pudesse começar uma conversa, ele mesmo me mandou uma mensagem.
"Jongho, irmão, nós precisamos conversar."
Foi quando ele me disse sobre a Casa sem Fim. Ela tinha esse nome pois ninguém nunca alcançou a saída final, as regras eram bem simples e clichês: chegue na saída final e você ganha 500 dólares, nove cômodos no total. A casa estava localizada fora da cidade, aproximadamente 7km da minha casa.
Aparentemente ele tentou e falhou. Ele era um completo alucinado, então eu imaginei que as drogas tinham feito ele se cagar todo por causa de um fantasma de papel ou algo assim. Ele me disse que seria demais pra qualquer um. Que não era normal.
Eu não acreditei nele. Por que eu deveria?
Eu disse a ele que iria checar isso na outra noite, e não importava o quanto ele tentasse me fazer não ir, 500 dólares soava bom demais pra ser verdade, eu precisava tentar. Fui na noite seguinte, isso foi o que aconteceu.
Quando eu cheguei, imediatamente notei algo estranho sobre a casa. Você já viu ou leu algo que não deveria te assustar, mas por alguma razão te gelava a espinha? Te preenchia com um desespero interno que sequer deveria estar ali? Eu andei através da construção e o sentimento de mal estar apenas aumentou quando eu abri a porta da frente.
Meu coração desacelerou e soltei um suspiro aliviado assim que entrei. O cômodo parecia como uma entrada de um hotel normal decorada para o halloween. Uma pequena placa fora colocada no lugar onde deveria ter um funcionário. Se lia: quarto 1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e você vence!" Eu ri e fui para a primeira porta.
A primeira área era quase cômica. A decoração lembrava o corredor de Halloween de um K-Mart, cheia de fantasmas de lençol e zumbis robóticos que soltavam um grunhido estático quando você passava. No outro lado tinha uma saída, a única porta além da qual eu entrei. Passei através das falsas teias de aranha e fui para o segundo quarto.
Isso seria bobo de tão fácil.
Fui recebido por uma névoa assim que abri a segunda porta. O quarto definitivamente apostou alto nos termos de tecnologia, diferente do quarto anterior. Não havia apenas uma máquina de fumaça, mas morcegos pendurados pelo teto e girando em círculos, pareciam bem reais. Assustador.
Eles pareciam ter em algum lugar da sala uma trilha sonora em loop, daquelas de Halloween que qualquer um encontra no youtube. Eu não vi um rádio, mas imaginei que eles tivessem usado um sistema por trás das paredes ou chão. Eu pisei em cima de alguns ratos de brinquedo com rodinhas e andei com o peito inchado para a próxima área.
Eu alcancei a maçaneta e meu coração parou. Eu não queria abrir essa porta. O sentimento de medo bateu tão forte que eu mal conseguia pensar e respirar ao mesmo tempo. A lógica voltou depois de alguns momentos aterrorizantes, e eu abri a porta e entrei no próximo cômodo.
No quarto 3 foi quando as coisas começaram a mudar.
A primeira vista, parecia como uma sala normal. Havia uma cadeira no meio com piso de madeira. Uma lâmpada no canto fazia o péssimo trabalho de iluminar a área, e lançava algumas sombras sobre o chão e as paredes. Esse era o problema.
Sombras. Plural. Com a exceção da cadeira, havia outras.
Eu mal tinha entrado e já estava apavorado, foi naquele momento que eu soube que algo não estava certo. Eu nem sequer pensava quando automaticamente tentei abrir a porta de qual eu vim. Estava trancada pelo outro lado.
Isso me deixou atormentado. Alguém estava trancando as portas conforme eu progredia? Não havia como. Eu teria ouvido. Seria uma trava mecânica que fechava automaticamente? Talvez. Mas eu estava muito assustado pra pensar. Eu me voltei para o quarto e as sombras tinham sumido. A sombra da cadeira permaneceu, mas as outras se foram. Comecei a andar lentamente. Eu costumava alucinar quando era criança, então eu concluí que as sombras eram um fruto da minha imaginação.
Comecei a me sentir melhor assim que fui para o meio da sala, olhei para baixo enquanto andava, e foi aí que eu vi. A minha sombra não estava lá. Eu não tive tempo para gritar. Corri o mais rápido que pude para a outra porta e me atirei sem pensar no próximo quarto.
O quarto cômodo foi possivelmente o mais perturbador. Assim que eu fechei a porta, toda a luz pareceu ser sugada para fora e colocada no quarto anterior. Eu fiquei ali, rodeado pela escuridão, e não conseguia me mexer. Não tenho medo do escuro, e nunca tive, mas eu estava absolutamente aterrorizado. Toda a minha visão tinha me deixado. Eu ergui minha mão na frente do meu rosto e se eu não soubesse que tinha feito isso, nunca seria capaz de notar. Era como estar cego ou mergulhado em tinta preta.
Não conseguia ouvir nada, estava um silêncio mortal. Quando você está em uma sala à prova de som, ainda é capaz de se ouvir respirar. Você consegue ouvir a si mesmo estar vivo. Eu não podia. Comecei a tropeçar depois de alguns momentos, a única coisa que eu podia sentir era meu coração batendo rapidamente. Não havia nenhuma porta à vista. Eu não tinha nem sequer certeza se havia uma porta mesmo. O silêncio foi quebrado por um zumbido baixo.
Senti algo atrás de mim. Vire-me bruscamente mas mal conseguia ver meu nariz. Mas eu sabia que estava lá. Independentemente do quão escuro estava, eu sabia que tinha algo lá. O zumbido ficou mais alto, mais perto. Parecia me cercar, mas eu sabia que o que quer que estivesse causando o barulho, estava na minha frente, se aproximando. Dei um passo para trás, eu nunca tinha sentido esse tipo de medo, nunca. Eu realmente não consigo descrever o verdadeiro medo.
Não estava nem com medo de morrer, mas sim do modo que isso ia acontecer (sim, aquela casa idiota estava parecendo tão macabra ao ponto de me fazer acreditar que morreria bem ali). Tinha medo do que a coisa reservara para mim. Então as luzes piscaram por menos de um segundo e eu vi.... nada. Eu não vi nada e eu sei que eu não vi nada lá. O quarto estava novamente mergulhado na escuridão, e o zumbido era agora um guincho selvagem. Eu gritei em protesto, não conseguiria ouvir o barulho por mais um maldito minuto. Eu corri para trás, longe do barulho, e comecei a procurar pela maçaneta. Me virei e cai dentro do quarto 5.
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A Casa Sem Fim • ATEEZ
Terror"Chegue ao final e ganhe 500 dólares!" Esse desafio parecia fácil de mais para Jongho, e depois que seu amigo o disse para ficar longe daquele lugar, a casa sem fim pareceu chamar ainda mais a atenção dele. Designer perfeito da capa feito pela Lady...