~

129 14 2
                                    

sábado

hoje é sábado, hoje é o dia que as cartas começam a rolar. o pré são valentim.
eu não vou mandar nada para ninguém, mas eu já recebi uma, estava na porta do meu armario

"Não chame o meu amor de idolatria
Nem de ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento."
-1 de outubro

oh, celine. ela ainda insiste. para quem não sabe eu fiquei com ela uma vez (em 1 de outubro), UMA VEZ mas ela não desapegou.
estou voltando ao quarto em busta de walter quando em frente a porta no chão há outra carta.
para que gente? não é mais fácil falar pessoalmente? é lógica. eu não vou abrir agora, não na frente de Walter
- você não acredita - eu disse assim que entrei no quarto e fechei a porta
- o que foi? - walter respondeu tirando a coberta do rosto
- celine, ela é louca, obcecada
- ela mandou soneto?
- sim - eu ri - lê isso - joguei a carta para ele
- "não chame o meu amor de idolatria nem de ídolo realce a quem eu amo..." meu deus do céu. não quero nem continuar - eu ri - ah, eu enviei a carta
- teve resposta?
- ainda não
- uhm - eu tenho que ir falar com stella, temos que fazer o agradecimento diário
- agradecimento diário?
- é. tchau - saí do quarto

que merda Henry, agradecimento diário? mas não importa, cadê Stella? deve estar no pátio, lá vou eu me humilhar atrás de minha irmã
lá estava ela

- oi meninas, posso sentar ai? - falei me sentando - obrigada
- você não tem amigos não? - fredrika disse
- é que walter ta ocupado - "meu deus" pude ouvir stella bufando - podem continuar ai a conversa, não quero atrapalhar
- mais? - stella disse
- coitado - fredrika respondeu

eu abri a carta que estava a frente da porta

"Gosto de você além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, você é ainda melhor que o sonho. Você é além da minha capacidade em te imaginar. E eu jamais te diria isso. Não posso te fazer esse elogio. Não me esquece, por favor. Eu nunca vou esquecer você. Eu não soube o que fazer com você, mas sei o que fazer com o não você. Isso eu sei fazer e faço bem. Lembrar que era terrível e incrível. Terrível, meu amor, como poucas (ou nenhuma) coisas foram. Mas absolutamente incrível.
Sei que o tradicional é fazer um soneto e ser anônimo, mas quem liga para tradições?

-do seu colega de quarto, Walter Q."

________________________________
textos por: William Shakespeare e Tati Bernadi

O que vem depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora