04 - A viajem

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"There's nothing holdin' me back" era apenas uma das canções inclusas no repertório daquele show de Shawn Mendes àquela noite.

Mais de 100 mil pessoas assistiam ao show cantando à todo fôlego todas as músicas do jovem cantor, dentre eles havia uma mulher... Uma mulher morena, de cabelos cacheados solto, com uma maquiagem simples, vestindo uma calça de couro preta e uma blusa branca de seda de alcinha. Ninguém podia imaginar que aquela mulher chegou ali escondida dos pais, deixando em sua cama três almofadas embaixo do edredom para fingir que ainda estava ali.

Assim como todas as outras pessoas, Any Gabrielly cantava a plenos pulmões, levitando as mãos fazendo gestos que nem ela mesma sabia os significados. Passavam-se das 2 horas da madrugada quando Shawn se despediu dos fãs, Gabrielly estava em êxtase e caminhava em meio a multidão para fora do espaço, à caminho de casa.




O Sol raiava em plena tarde em Orlando, a mansão dos Soares nunca esteve tão movimentada como estava naquele dia, gente correndo para todo o canto, gritos apressados e malas sendo colocadas no carro que esperava para ir até o aeroporto.

– Vou sentir falta dessa bagunça, sabia? – a voz da Any se sobressai diante a agitação dos funcionários em fazer tudo antes do prazo final para que a mesma chegasse ao aeroporto

— Irei sentir tanto a sua falta, filha! – murmura com a voz chorosa com os olhos levemente inchados, a Yonta – Volte logo, sã e salva, está me ouvindo!? – diz num tom mandão fazendo a filha rir enquanto a abraçava em meio as lágrimas que molhavam os rostos de ambas

– Voltarei sim, mamãe! – tranquiliza, a Any, sua mãe, beijando o topo de sua cabeça – Agora vamos, porque se nos atrasarmos o papai endoida. – brinca fazendo a mais velha rir por entre as lágrimas que ainda escorriam de seus olhos

A jovem futura médica fechara sua mala descendo a mesma de sua cama. Seus olhos se levantaram e percorreram pelo quarto que a partir de agora ficará vazio, as lembranças dos momentos mais felizes de sua infância e adolescência percorriam sua mente como um lindo final de um filme romântico. Seus olhos se inundaram numa nuvem de lágrimas que, lentamente, se dispersava pelo seu belo rosto.

Em silêncio, a Any deixou seu quarto levando a última mala que lhe restava. Seu pai lhe esperava olhando impaciente para o relógio que estava preso ao seu pulso, suas grandes mãos se levantaram aos céus como se agradecesse que finalmente a filha tivesse aparecido com a última mala. Mas a expressão irritada logo deu espaço a tristeza que apertava o peito do homem.

Foi um abraço forte, em silêncio, carregado de lágrimas, mas exatamente o abraço ao qual Any precisava naquele momento. Ambos ficaram ali, em silêncio, por longos e preciosos minutos; nenhum queria encerrar aquele abraço, mas infelizmente era necessário. O homem afastou-se da filha enxugando as lágrimas que molhavam seu pequeno rosto, um beijo demorado e emocionado era deixado ao topo da cabeça da jovem que soluçava baixinho de olhos fechados.

— Nos veremos nas férias, querida! Não se preocupe, nós iremos vê-la mesmo que ainda esteja seguindo o ano letivo, está bem? – questiona alisando o rosto da filha observando a mesma assentir em concordância – Eu te amo, minha pequena, nunca se esqueça disso! – diz num tom de ordem fazendo a filha rir e novamente a agarra num abraço apertado onde teve a presença, também, de sua esposa e sua filha mais nova

O caminho até o aeroporto fora silencioso, exceto pelo rádio do carro que havia sido ligado pelo motorista para quebrar um pouco daquele clima pesado que estava dentro do veículo, o que foi ridiculamente desnecessário e não fez o menor dos efeitos.

Apesar dos atrasos em casa, a família Soares conseguiu chegar ao aeroporto com uma boa margem de antecedência para o vôo de Gabrielly. O senhor Soares se encaminhou até a área de check-in deixando mulher e filhas se despedindo.

Sequestrada Por Engano - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora