Capítulo 1

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Ainda era cedo quando Nathan acordou. Levantou-se da cama e foi para a janela. Ele era um rapaz bonito, alto e esguio, tinha os cabelos relativamente grandes com uma franja escorrida que quase cobria um de seus olhos castanhos-claro.
Prosseguiu a caminhada à janela, observou a rua de seu bairro. Era sábado, quase não havia movimento, exceto por um casal de senhores de meia idade que andavam meio que sem rumo com uma garotinha.
Nathan estava entediado, saiu da janela e se perguntou se a internet seria o caminho para lhe tirar do tédio, e a reposta foi não.
Ele então desceu as escadas e foi para a cozinha, pegou algumas bolachas, e um copo de leite e foi sentar-se à mesa. Como acabaria com aquele tédio? Por mais inteligente que fosse, não conseguia pensar em nada.
Era 8:30 da manhã, nenhum de seus amigos estaria acordado a uma hora dessas, mas resolveu que ia conferir. Terminou seu café da manhã, pegou as chaves e saiu.
Passou na casa de Micael, de Saimon mas ambos ainda estavam dormindo. Pensou por um instante em tentar ir na casa de Sthefanie, porém imaginou que a encontraria dormindo. Após pensar consigo mesmo por um tempo decidiu que iria ao parque, nada melhor que estar em contato com a natureza num sábado entediante.
Rumou então em direção ao parque, o sossego das ruas era quebrado de vez em quando por um ou outro motorista, poucos pedestres nas calçadas, e ao se aproximar do parque, percebeu que -apesar de poucos - havia pessoas ali fazendo caminhada, ou passeando com o cachorro.
Encontrou um lugar isolado no alto de um pequeno morro, havia grama, era perfeito.
Nathan sentou-se em meio à grama, e dali observou o tempo por um instante, estava um dia nublado, o sol tentava despontar por entre nuvens carregadas e escuras, porém sem sucesso.

Nathan percebeu que o dia passava o tédio para ele, deitou-se em meio à grama e acabou dormindo.
As horas passaram e Nathan acordou assustado, perdeu a noção de tempo, desceu as colinas correndo, quando tropeçou e caiu, um forte brilho ofuscara seus olhos. Estava vindo da Árvore dos 100 anos- era assim conhecida por ser a mais velha das árvores da cidade, única de sua espécie conservada, a urbanização chegou e cobriu a antes floresta por prédios e casas, a única sobrevivente estava ali no parque em meio a outras árvores provenientes do reflorestamento. - algo brilhava em seus galhos, refletindo a luz do sol que agora brilhava imponente no céu.
Nathan caminhou até a árvore, e percebeu que ali havia um cordão Dourado e brilhante que aparentava ser de ouro puro. Estava em um galho muito alto para ter sido perdido, então, Nathan o pegou e analisou o pingente, um sol dourado.
- Quem diria, que em um dia entediante como este eu acharia um cordão. - ele apertou entre as mãos - por hora vou deixá-lo guardado, não quero um possível dono atrás de mim.
Nathan seguiu o destino à sua casa, as ruas, antes paradas estavam movimentadas.
Ele chegou em casa, seus pais estavam à mesa almoçando, Priscilla estava no sofá, quando o viu chegar deu um pulo e jogou a almofada nele:
- Olha quem chegou, - gritou e logo baixou o tom de voz a um sussurro- estou com fome Nathan, mas quem tem coragem de sentar com os androides da casa sozinho?
- Fui dar uma volta, estava entediado,- agora podemos ir, e olha só, os androides já terminaram. - Nathan e Priscilla chamavam assim os pais, já que eles agiam sempre igual e nunca tinham expressão.
Os dois foram almoçar logo em seguida, sempre costumavam fazer as coisas juntos, os pais eram empresários, raramente tratavam os filhos bem, os dois irmãos já haviam se acostumado a ter apenas um ao outro em casa.
Terminaram a refeição, Nathan permanecia entediado, odiava ficar parado. Priscilla pulou no sofá e o observava- Priscilla era uma jovem bonita, tinha aparência de ter a mesma idade do irmão embora tivesse apenas 14 anos. Ela era baixa, porém o corpo esbelto e os cabelos negros desciam até os quadris, por ser bonita sempre sofria assédios tendo que ser protegida por Nathan.
Não fosse a aparência os dois não pareciam irmãos, um sabia os segredos do outro, Nathan era a companhia preferida de Priscilla e ela era a principal companhia de Nathan, por isso ... Não suportava que alguém a importunasse.
- Nathan, não estou gostando de sua expressão.
- Estou entediado Pri, - Ele se jogou no outro sofá, os olhos fixos nela. - nunca tive um dia tão chato.
- Está dizendo que minha companhia não é suficiente? - Ela deu um sorriso brincalhão.
- Não é isso, é que não consigo pensar em nada pra fazer.
- Que tal a gente... -Ela pôs a mão no queixo - Já sei! Vai estrear um filme ótimo hoje, vamos assistir Nay? - ela falou como costumava falar com irmão quando era criança, copiou a mesma expressão melindrosa.
Nathan pensou por um instante, um dia no Shopping poderia ser bom, ele precisava mesmo comprar alguns livros, e havia muito tempo desde a última vez que havia saído com a irmã.
- Está bem, vamos. -Ele também fez a mesma cara que costumava fazer para a irmã. - Que horas vamos sair?
- Assim que nos arrumarmos- Ela pulou do sofá e foi em direção às escadas- eu vou subir, tenho que me preparar.
- também vou me preparar. - Nathan ficou feliz por ter Priscilla, ela sempre tinha ótimas soluções aos seus problemas.
Ele subiu as escadas, entrou no quarto e pegou uma roupa para sair com a irmã.
Começou a se trocar e o cordão do sol caiu de seu bolso, ele havia se esquecido dele. Recolheu-o do Chão e colocou sobre a escrivaninha. Terminou de se aprontar e foi para a sala, aguardou até que Priscilla descesse.
Demorou um pouco, mas logo ela desceu, estava linda como sempre, o cabelo longo agora preso em um rabo de cavalo, uma blusa rosa e calça Jeans clara além de seu all-star vermelho.
- Que tal? - perguntou a Nathan dando uma voltinha.
- Linda como sempre, vamos!?
ela passou o braço pelo de Nathan e eles saíram, eram duas da tarde, lentamente o dia ia se tornando calmo, eles tomaram o ônibus que ia em direção ao shopping, por sorte era o Expresso, os dois odiavam permanecer em coletivos por muito tempo, porém o bairro em que moravam era longe do Centro e mesmo o Expresso deveria levar cerca de 50 minutos para chegar próximo ao Shopping.
Priscilla se sentou próximo à janela, Nathan se pôs ao seu lado, a paisagem distorcida pela velocidade do coletivo.
O tempo parecia não passar, finalmente o ônibus parou no terminal de destino, eles desceram e já avistaram o shopping. A imponente estrutura estava movimentada, de longe era possível ver o estacionamento lotado, e uma fila de carros aguardando pra entrar.
Eles passaram pela porta principal, e o ar frio soprou o cabelo de ambos.
Priscilla já correu olhando as vitrines, pouco a pouco ela comprava roupas, calçados, e outras coisas.
Pelo menos disso eles não podiam reclamar, os pais deram a eles um cartão de crédito como mesada, podiam comprar à vontade, era como se os pais suprissem a ausência com dinheiro - ou pelo menos era essa ideia que passavam. Nathan comprou seus livros e foram então comprar os ingressos do filme bem em cima da hora como sempre faziam. O filme foi bom, porém para Nathan a companhia da irmã num momento de tédio era mais importante, ela era a única capaz de acabar com seu tédio.
Quando chegaram em casa eram dez da noite, e eles foram dormir, Priscilla com suas compras e Nathan com seus livros, o dia foi perfeito para ambos, mas não costumava ser assim.

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