Termo 01. Os Sofrimentos do Jovem Excluído Entre os Próprios Amigos

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Era aparentemente um dia como qualquer outro.

Mas não era.

Porque foi naquele dia que minha vida mudou completamente.

Eu sempre fui do tipo que passava despercebido na maior parte dos ambientes. Nada sobre a minha aparência realmente se destacava, eu tinha cabelos negros e olhos da mesma cor, o que me ajudava a me disfarçar na multidão. Eu até poderia ser chamado de nerd porque não considerava que havia forma melhor de passar o tempo do que escutando um bom e sólido metal enquanto lia mangá, mas eu nunca fui excluído. Na verdade, eu sempre tive facilidade em fazer amizades e mantê-las. Inclusive, a maior parte dos meus amigos, eu havia conquistado ainda antes de completar dez anos.

Mas sabe aquela fase em que as crianças são extra-sociáveis e fazem ainda mais amigos, pois sempre estão na escola com as mesmas pessoas e acabam formando clubes nos quais compartilhavam hobbies? Bem, eu não tive muito disso. Nessa fase eu estava muito ocupado ajudando meu irmão a resolver todos os problemas que tivemos que enfrentar, seja nos vários médicos que tive que frequentar periodicamente, nas sessões de terapia, ou estudando, porque Itachi sempre insistiu que eu mantivesse minhas notas altas, o que pode ser extremamente complicado quando você faltou meses de aula. Mas, ainda assim, eu consegui manter minhas amizades mais próximas e, por todo o imenso suporte que recebi deles na pior época da minha vida, eu dei o melhor de mim para não repetir e continuar no mesmo ano deles.

Então sim, eu era bem apegado a eles, tanto que eu realmente não acreditava precisar de mais ninguém na minha vida além dos meus familiares e meus atuais amigos. Esse era provavelmente o motivo de, apesar de eu ser sociável, eu ter tão poucos amigos. Depois de um evento tão inesperado e traumatizante, eu finalmente havia chegado novamente em um ponto da minha vida em que eu me sentia normal como os outros da minha idade. Eu não precisava mais ir em tantos médicos, nem precisava de tantas sessões de terapia. Eu finalmente tinha tempo para curtir um pouco minha adolescência.

E era confortável. Tão confortável e até mesmo um alívio que me fez esquecer que algum dia eu fui outra pessoa, outro Sasuke cheio de grandes sonhos e expectativas para a vida. Aquela criança que todo adulto dizia ser brilhante e com um grande futuro pela frente.

Eu havia, sem perceber, me prendido naquela zona de conforto que te tira várias preocupações, como escolher qual a faculdade e se preparar de verdade para ela, praticar esportes e até mesmo se importar com a aparência, realmente se importar com o que vestia além de ser confortável ou não.

E talvez eu nunca tivesse saído dessa zona de conforto se aquele dia não tivesse chegado de uma forma tão não anunciada porque eu estava satisfeito com a minha vida como estava, era o suficiente.

Ou era o que eu achava.

Era uma segunda-feira como qualquer outra e, na hora do almoço, eu e meus amigos pegamos nosso almoço na cafeteria como sempre, e seguimos para nossa mesa mais excluída em um canto da cafeteria, tomando o cuidado de evitar o olhar de todos os delinquentes juvenis que tumultuavam nossa escola. Não que eles fossem praticar bullying ou algo do tipo, mas, como eu disse, eu gostava do conforto e isso obviamente incluía me manter longe de problemas.

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