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Kaipa não estava tendo seu melhor dia quando viu Alan pela primeira vez no mercado. Ele estava há dias se preparando para chamar Jim para comerem juntos naquele fim de semana. Claro, Kaipa sabia que não tinha mais chances românticas com o tio Jim, mas isso não queria dizer que eles não podiam continuar amigos. Ele ainda não estava pronto para abrir mão de Jim, então na noite anterior, quando Kaipa foi até o restaurante entregar o carregamento extra de frango, ele decidiu que talvez fosse o momento perfeito.

O problema é que não foi.

Kaipa nem sequer teve coragem de entrar no restaurante quando chegou lá. Já da porta ele sentiu seu coração murchar ao avistar a dinâmica entre Jim e Wen. Não era novidade pra ninguém que Wen trabalhava lá durante algumas noites, mas Kaipa não fazia ideia de como ele e Jim estavam tão bem sintonizados. Era como se eles dançassem em torno dos clientes, eles mal precisavam proferir palavras um para o outro, a conversa era trocada apenas pelo olhar. Kaipa foi consumido pela inveja, pela vontade de estar no lugar do Wen e tomar essa familiaridade para si mesmo.

Não demorou muito para que Leng o empurrasse para a calçada e pegasse os frangos de suas mãos, se desculpando por estar distraído demais para evitar que seu amigo presenciasse tal cena. "Eu mesmo não estou suportando." Leng contorceu o rosto em uma careta quando confidenciou ao amigo, mas Kaipa não entendia. Não era que ele não estivesse suportando, ele só queria ter isso também. Depois de tantos anos se dedicando a Jim, ele é quem merecia isso, não Wen.

Kaipa foi dormir com um gosto amargo na boca e acordou com um sentimento de culpa contorcendo suas entranhas. O movimento absurdo do mercado naquele dia e o calor escaldante que parecia querer derreter todos os presentes, só piorou mais e mais seu humor.

Até que ele avistou Alan.

De início ele apenas ignorou, mas isso não durou muito, não quando Alan parecia um patinho perdido no meio da multidão, olhando para tudo e todos com seus enormes olhos de corça. O terno, agora amassado, não parava de incomodar Kaipa, fazendo-o se questionar como Alan não estava sofrendo de hipertermia com tanto calor.

— Aishh, Gaipa! - A mãe de Kaipa repreendeu esbofeteando suas mãos fazendo-o soltar as sacolas de frango. — Você está trocando tudo. O que aconteceu? Por que está tão distraído?

O rosto da mulher estava franzido. Ela tomou as sacolas que Kaipa deveria estar arrumando e passou a refazer o embrulho por si mesma enquanto murmurava que ele estava atrapalhando mais do que ajudando. Kaipa piscou confuso. Ele mal havia se dado conta de que estava fazendo alguma coisa até que foi repreendido pela mãe.

— Mama, você pode me dar um minuto? - Kaipa perguntou, apenas por perguntar. Ele já estava tirando o avental e saindo de trás da barraca.

— Não volte até que possa trabalhar, ouviu? - Sua mãe gritou para suas costas, mas Kaipa mal pôde escutar.

Ele havia perdido Alan de vista, o que quase o fez desistir e voltar para a barraca, ou talvez ele inventasse uma desculpa qualquer para sua mãe e fosse embora, dando seu dia como perdido. Foi quando ele avistou um homem esguio se levantar no meio das barracas de frutas. Alan equilibrava uma cesta redonda cheia de laranjas debaixo de um dos braços, enquanto o outro servia de apoio para uma senhorinha que Kaipa conhecia muito bem.

— Tudo bem aqui? - Kaipa conteve um risinho ao ver como Alan tinha se assustado com sua aparição surpresa.

— Sim, sim! Gaipa, ajude esse moço a colocar as laranjas no lugar? Essa velha tinha que ser besta e derrubar tudo. Até quando esses meus joelhos vão continuar falhando, hm?! - A senhora não parava de murmurar, mas Kaipa e Alan pareciam não estar escutando. Seus olhos não se desviavam um do outro e o sorriso de Kaipa estava deixando Alan desnorteado demais para que pudesse pensar em qualquer outra coisa.

Waiting for loveOnde histórias criam vida. Descubra agora