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Alan apareceu na casa de Kaipa por volta das 18:30.

Kaipa tinha tentado recusar a carona algumas vezes, ele não queria atrapalhar, fazer Alan ter que sair do escritório e ir até ele quando o bar em que combinaram a saída estava tão perto. Agora Kaipa estava feliz por Alan ser irredutível, ele precisava de tempo para absorver a imagem do homem em roupas casuais.

Alan estava apenas de jeans e uma camisa lisa azul marinho, mas Kaipa sentiu seu fôlego sumir por um momento. Ele parecia bem mais jovem quando vestido dessa forma e o sorriso tímido que desenhou seus lábios quando percebeu o olhar de Kaipa, já fez toda a noite valer a pena.

O auge do constrangimento da noite foi quando Alan precisou apresentar Kaipa para seus colegas de trabalho. Todos eles conheceram Wen e todos precisaram lidar com as mudanças de humor que Alan vinha tendo desde o término, era óbvio para eles que ultimamente Alan tinha conhecido alguém, mas eles não sabiam em que pé estava a relação deles. Kaipa pôde notar seus rostos surpresos e a animação brilhando nos olhos de cada um dos presentes, ele não tinha como negar que isso o deixava um pouco tímido.

— Esse é Kaipa, ele é meu... - Alan não conseguiu continuar. A timidez de Kaipa parecia ter evaporado.

Ele só conseguia enxergar as bochechas coradas de Alan e seus lábios abrindo e fechando sem saber como rotular a relação deles. Ao mesmo tempo que isso preencheu Kaipa com uma certa satisfação, também o deixou um pouco amargo, mesmo que ele não soubesse porque. "Amigo." A voz de Kaipa cobriu a de Alan e ele uniu as mãos em frente ao peito enquanto se inclinava cumprimentando a todos com um wai. Os colegas de Alan o cumprimentaram de volta e trataram de acomodá-los para que se sentissem à vontade.

Com o decorrer da noite, carnes e bebidas eram servidas sem qualquer limitação. No começo, Alan e Kaipa mantiveram uma certa distância entre seus assentos e interagiam timidamente um com o outro, mas conforme as bochechas de Alan ficavam tingidas de vermelho e o teor alcoólico no seu sangue aumentava, alguns de seus colegas de trabalho puderam notar como ele ficava mais solto ao lado do rapaz. Kaipa estava levemente inclinado na direção de Alan, que mal conseguia desviar os olhos quando precisava responder alguém de fora da bolha deles, seus joelhos se tocavam e Kaipa parecia reluzir quando Alan espetava uma e outra carne no ponto para o alimentar.

O interessante mesmo era, que apesar de Alan precisar de uma dose extra de cerveja e soju para se entregar assim a Kaipa na presença de seus amigos, todos puderam perceber que Kaipa mal havia bebido e estava apenas seguindo o fluxo, como se agir assim com Alan fosse apenas tão natural pra ele, que não pudesse se conter.

Na volta para casa, Alan e Kaipa decidiram caminhar. O vento no rosto e o roçar dos braços fez com que Alan recuperasse boa parte de sua sobriedade até que chegassem. Kaipa tomou banho primeiro e quando saiu do banheiro, viu Alan parado em frente a cama com os lábios apertados e as sobrancelhas franzidas. Alan estava se perguntando porque parecia estranho dormir com outra pessoa em sua cama, mesmo que aquela não fosse a cama que dividia com Wen, mesmo que ele quisesse ter a proximidade de Kaipa ao seu lado naquela noite.

— Tudo bem? - Kaipa se aproxima de Alan, a toalha na mão e os cabelos pingando nos ombros.

Alan diminui a distância entre eles, pega a toalha de Kaipa e passa a secar seu cabelo com cuidado. Os movimentos suaves fazem Kaipa fechar os olhos, a sombra de um sorriso pairando em seus lábios.

— Tudo. Eu só... Não sei. - A voz de Alan é quase um sussurro. Kaipa ergue as mãos e as pousa sobre o peito de Alan. Ele consegue sentir o coração de Alan acelerado sob as palmas.

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