Prólogo

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Diário
Safira Cesarini

FIRST PASSION

Aos oito anos tive minha primeira paixão de verdade, estava sentada em minha carteira e era aula de gramática quando a professora abriu a porta para um novato, ele era loiro e tinha os olhos verdes, ela mandou que ele se sentasse na cadeira vazia a minha frente. Eu podia vê-lo de perto durante todo aquele dia.
Para mim, ele era como um garoto perfeito das séries adolescentes de TV que assistia com minha irmã. Assim que a aula terminou algumas colegas voaram pra cima dele para perguntar sobre sua vida, com certeza não era só eu que via beleza ali.
Essa paixonite durou quase até o oitavo, era como um vai e volta, estava sempre ali mas as vezes eu tentava esquecer. Crianças são todas idiotas e você não deve compartilhar segredos com elas, eu não sabia fechar a boca, mas imagina eu com 9 anos contando sobre minha paixonite para outra criança da mesma idade, que no caso era amigo do alvo amoroso, NÃO FAZIA ALGUM SENTIDO!
Lembro-me que fui muito idiota, achei que poderia confiar, mas assim que a professora saiu de sala para buscar alguma coisa, Gael, até então meu "amigo" que deveria guardar segredos, subiu em uma cadeira e gritou que "Safira Cesarini gosta de Augusto" e eu quis enterrar minha cara em algum lugar, eu saí correndo da sala, mas esse plano que deveria ser infalível como nos filmes não funcionou, a professora me encontrou no corredor e me carregou de volta para a sala.
Depois disso Augusto parou de ser meu amigo -talvez pelo constrangimento- e Gael também - mas por escolha minha-. Isso durou até meus 11, o mais engraçado era que ele era um ano mais novo que eu, mas isso não me importava. Nós estávamos voltando a nos falar na metade de sexto ano, nós falávamos de tudo que se pudesse imaginar e não me orgulho em dizer que nós também tínhamos conversas de adolescentes na puberdade, mas essa parte da história eu sempre ignoro porquê o constrangimento é maior. Mas então eu decidi me declarar e de novo foi uma péssima ideia, ele não reagiu bem e eu preferi não falar mais com ele, estava com raiva o que mais eu faria tenho 12 anos? Depois ele pediu desculpas e fez uma declaração meia boca mas é claro que eu aceitei, aliás, eu gostava demais dele, só que as coisas pareciam tão forçadas a ser como antes que no final de tudo realmente não estavam como antes! Então paramos de nos falar de novo e depois de um tempo voltamos -estava com 13 anos-, só que apenas como amigos porquê "BOOM!" Ele me solta uma bomba de que está prestes a namorar! - e aqui eu já tava com os 14-. Eu fiquei apavorada mas eu fingi felicidade e o apoiei mesmo chorando enquanto digitava as palavras "espero que deem certo e que a faça feliz". Hoje em dia nem nos falamos mais, mas tenho quase certeza que ainda o beijaria, ah... um beijinho não mataria ninguém, não é?
Mas essa história não é sobre Augusto.

CONNECTION
second passion

Você acha que essa foi a última vez que me decepcionei? Vamos lá, conheci Ismael através de um cara que dava uns amassos com uma colega, acabamos nos encontrando e ele ficou com minha amiga, mas eles não rolaram, ele deu em cima de mim e o amigo dele mandou meu contato e o cara me encheu de mensagens até eu ficar com ele, conversei com minha amiga ela disse que não rolou mesmo com ele e que era para eu dar uma checada no cara também.
Mas como eu ia adivinhar que iria virar o que virou? De início eu nem queria ele, não passaria de uma ficada de um dia, eu estava bem na minha época de adolescente louca que vive em festa e que não quer saber de namorar, mas ele insistia em me mandar mensagem, ele insistia em mim e eu comecei a pensar diferente, apesar de tudo ele era um cara mediano, engraçado, bom rapaz e de família boa, e meus pais ainda conheciam então o que daria errado? Eu me joguei nessa relação aos poucos, pensei: "e se eu deixar rolar?" Bom, foi o que fiz.
Sei que talvez tenha errado em alguns pontos, talvez eu não tenha demonstrado o quanto queria realmente ter mostrado mas eu o amei de verdade o tempo que pude, ficamos sério por uns oito meses e uma semana antes de tudo acabar ele disse que me amava, me encheu de carinho e promessas se declarou e falou que queria algo sério, fui sincera, eu não queria apressar as coisas, eu nunca havia namorado, me dava um enorme embrulho só de pensar em apresentá-lo para os meus pais, então eu disse que esperava mais algumas poucas semanas para que eu fosse indo preparar meus pais, nos resolvemos e ele concordou, estava tudo perfeito.
Ou pelo menos era só o que parecia, bem que eu deveria ter desconfiado de todo esse chamego bem antes dele sumir por uma semana inteira. Se não me engano, eu mandei umas duas mensagens e apaguei porque tive a certeza de que ele não me responderia, comecei a surtar, chorar e me culpar por algo que não fazia a menor ideia, porque ele me daria ghost depois de se declarar? O que fiz? O magoei? Fiquei simplesmente paranoica durante uma semana inteira, mas mesmo assim não mandei mensagem porque já que ele não falava então eu não falaria.
Mas então numa sexta-feira ás 22:00 horas da noite em um bar depois de já ter tomado uma caipirinha eu criei coragem e mandei uma mensagem perguntando se ele podia me encontrar, era como um teste, se ele dissesse SIM eu o chamaria pra conversar e resolver as coisas, mas se ele dissesse NAO então eu saberia que as coisas estavam realmente ruins entre nós.
Ele disse que seus amigos estavam na sua casa e que iriam ficar lá e que ELE preferia ficar com os amigos dele, então eu pensei "QUE SE FODA" mas o que eu disse foi "ok" e desliguei o celular com um nó na garganta, pra mim aquela já era uma confirmação, mas meu telefone toca em uma notificação e quando olho recebo um texto enorme de término.
Eu meio animadinha ou "depriminha" melhor dizendo, acabei chorando na frente de todos os meus amigos, e pedi mais duas caipirinhas, bebi e chorei mais do que já tinha chorado na minha vida toda - pelo menos por dentro - por fora eu segurei o choro e no máximo lacrimejei com as mãos muito trêmulas por sinal. Ele tinha estragado tudo, mas eu não deixaria estragar o resto da noite.
Liguei para minha mãe choramingando para que ela viesse me buscar, eu não queria voltar de carona, e para mim já bastava de ficar ali e quando cheguei em casa chorei horrores, dessa vez as lágrimas caíram de verdade, limpei minha maquiagem e fui para o quarto da minha irmã desabafar, mas quando me dei conta, eu não conseguia nem falar.
Minha mãe me encontrou chorando e eu não consegui inventar nenhum tipo de mentira, ela meio que sabia e meio que não sabia dele, eu falava por alto pra começar inserir a ideia de namoro na cabeça dela, mas de repente tudo tinha dado errado e ela nem tinha o conhecido, mas no fim da noite eu estava deitada nos peitos das minha mãe como uma criança que tinha acabado de cair e ralar o joelho, parecia um bebê de conchinha, ou qualquer coisa não madura nesse mundo.
Contei tudo pra minha mãe e a única coisa que ela disse foi: "e ele terminou por celular? Ainda bem que deu errado, ele é um covarde!" Então eu ri e tudo ficou bem.
Ficou bem até eu descobrir duas semanas depois que ele havia assumido outra, e para a contar fechar ele precisaria estar conversando comigo e com ela ao mesmo tempo, e é claro que tinha ocorrido isto ELE É HOMEM. O bloqueei e tirei de tudo que pudesse e de repente, ele nem existia mais para mim.
Mas essa história também não é sobre ele.

DISGUISED IDIOT

Esse eu preferia nem falar, mas ele foi só um ficante que também conheci através de uma ex colega. Era uma coisa legal, e ele era o tipo de cara fechadão e pelo o que eu entendi, consegui feitos que poucas ficantes dele já haviam conseguido, então tecnicamente isso era uma esperança, certo? Mas não! Analisando isso depois de já ter acabadado percebo que estava sofrendo por migalhas e isso é ridículo, mas acho que toda essa ilusão idiota que sofri por um cara como ele, na verdade não era uma ilusão DELE mas sim de mim comigo mesma, eu projetei nele aquilo que queria que tivesse dado certo no relacionamento passado, eu ainda estava bem machucada e queria encontrar alguém e ele apareceu e a personalidade de Ravi era igual a do Ismael, essa parada de ser engraçado quando estava comigo e tímido ao mesmo tempo. Ele foi como algo que eu podia usar para me encostar e não me sinto mal por dizer todas essas coisas, ele era um babaca.
Um babaca gostoso, mas ainda sim um babaca e é por isso que de modo algum essa história também não é sobre ele.

Rompendo o cicloOnde histórias criam vida. Descubra agora