Conto 2

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GUILHERME SANTISTA (TITO)

Casa cheia. Comida na mesa e segurança máxima para todos na minha residência. A cada ano que passava eu fiquei mais exigente com a segurança da casa, aqui dentro estamos todos vulneráveis e eu sei bem quanto dos meus conhecidos já caíram em um momento de vulnerabilidade com a família. A parada é que o domingo em família é sagrado, estipulei isso muito antes das crianças nascerem e crescerem, quero participar da vida dos meus filhos até os meus últimos anos de vida porquê eu sei que no final, quando eu estiver seja no inferno ou no céu eu vou lembrar todos os dias de todos os momentos que tive ao lado das pessoas que amei.

Ser pai é gratificante, ao mesmo tempo que eu me arrependo de não ter tido um filho antes eu agradeço, agradeço porquê não teria sido com a Aline e me arrependo por não ter tido a ideia de sequestrar essa mulher antes, ela querendo ou não seria a mãe dos meus filhos, queira ela ou não.

Tem meus filhos, meus três filhos que hoje são pais e mães, menos a Gabi porque ela não tem idade pra isso ainda mas não duvido muito que não vá demorar. As vezes me pego pensando que gerei uma vida tão pequeno, que todos eles já foram do tamanho da palma da minha mão e hoje estão tomando suas próprias decisões e criando outras famílias, o ciclo da vida é muito graficamente e se eu cheguei até aqui já está ótimo, viver isso que vivo todos os dias já é uma felicidade eterna para mim.

— Guilherme! Tira essas bolas daqui. — Ouço a encrenca bradar da sala, viro a cabeça na direção e a vejo caminhando com uma tigela de batata frita em direção a área externa

Quando ela retorna, não perco a oportunidade de comer um pouco o seu juízo

— Onde você quer que eu coloque minhas bolas, amor? – Me levanto devagar da poltrona porque a coluna não é mais a mesma de vinte anos atrás, a conta tá alta e os ossos fracos.

Ela me olha sob as pestanas escuras e o cenho franzido, as íris me fuzilam ao caminhar até a cozinha e eu seguro o riso indo atrás.

— Não me testa não, já falei pra você deixar os brinquedo das crianças lá fora e não jogado pela casa.

— Os cara tava tirando a proteção na piscina, mas me fala aí onde você quer minhas bolas..— deslizo as mãos pelo seu quadril e me inclino para beijar seu pescoço — Você quer atrás ou na frente?

— Guilherme..Guilherme..— o tom de aviso me faz dar risada e me afastar erguendo as mãos, algumas coisas não mudam e só quem é fora de si ignora um aviso como esse — Não me testa que eu tô cheia de coisa pra fazer, ajudar você não ajuda né?

— O que tu quer meu amor? Fala pra mim? Tentei te fazer uma massagem pra te deixar mais calma mas você não quis e.. — ela me interrompe antes que eu possa termina, se vira pra mim e ergue a palma da mão para contar as coisas que queria que eu fizesse.

— Eu quero que você; jogue o lixo fora, esvazie a piscina e encha novamente que eu tô pedindo a dias pra você fazer isso, coloque o carvão na churrasqueira, leve todos esses engradados de cervejas para o estoque de cervejas lá na área externa, encha a boia das crianças, coloque toalhas limpas lá fora, abra os guarda-sol e quando você terminar tudo isso você me chama que eu passo mais tarefas pra você. — dito isso ela sai andando com uma nova tigela em mãos.

Antonia, a doméstica da casa, a ajuda com as tigelas e eu permaneço calado. Não é todo dia assim, Aline gosta de tudo perfeito do jeitinho dela então se a atrapalham ela age assim mesmo, mandona pra caralho.

Noite em família: Um conto de Destino Traçado Onde histórias criam vida. Descubra agora