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HUGO | HG 🎭

Tava na jaula, pensamento distante pra caralho, não tinha um dia que eu não ficava pensativo. Fazia dois dias já que eu tinha trocado um papo no parlatório com a doutora, e ela deu o papo que eu ia sair ainda essa semana, tava ansiosão fumando igual uma caipora.

O bom de ter privilégio aqui dentro era que a cela não era tão lotada, era eu e mais dois manos aqui, Edinho e o Fortão, os cara são fechamento demais, papo reto... Vários papo maneiro, conselhos, mas nada mata a saudade do meu cria, Playboy. Esse é meu irmão de verdade, e tinha chego o salve aqui dentro que ele tinha caído pra dentro do sistema também, foda, mas quando eu saísse daqui ia no resgate do meu cria.

Nem sabia que horas era, sei que o sol ainda brilhava, o foda era que o celular só podia ser usado aqui dentro, quando a noite caísse, era a hora que os fanfarrão dos agente se passava de maluco, mas é claro que pra essa parada acontecer, tinha que dar a famosa meta.

Pelo céu, nesses três anos a gente sabia deduzir mais ou menos que horas o relógio marcava, papo reto, aqui dentro tu vira maluco. Escutei o barulho do ferro, das grades do pavilhão se abrindo, vinha recado por ai. Os companheiros de cela começavam a gritar "Alvará vai chamar, menor". Continuei deitado, até ouvir o barulho das chaves batendo na grade da minha cela.

XXX: — Bora vagabundo, seu dia de glória chegou, tu 'mermo' ai deitado, agiliza ai se não tu vai só amanhã.

Esse agente me odiava, e eu dei um sorriso debochado assim que ele falou comigo, filha da puta judiou pra caralho quando eu cai aqui, mas o mundão lá fora é grande, ele vai sentir o gostinho de muita coisa que me fez passar. Daqui eu não ia levar nada, mas fiz questão de enrolar só de neurose da cara dele mermo. Me despedi dos meus companheiros de cela ao longo dos três anos, dei o papo que ainda ia me bater com eles, e o papo tava dado.

[...] Atravessei a muralha, de longe eu vi minha advogada, doutora Sophia, mina maneira, cuidou legal no meu caso. Ela e minha coroa me deu maior abração mané, bagulho louco.

Tava radiando felicidade, sentindo o vento no rosto, sem aquele cheiro do mofo e a "liberdade" momentânea. Soltei às duas, abrindo os braços mostrando ao mundo e ao Rio de Janeiro que o HG tava na pista novamente.

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