- II- _Ranunculus

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Na linguagem das flores, a flor dos ranúnculos é a flor da sedução e elogia a beleza de quem é presenteado. A flor dos ranúnculos é oferecida como um elogio, proclamando aos sete ventos «és um encanto». Os ranúnculos vermelhos representam um amor tímido. Amarelos, revelam uma atração entre duas pessoas. Os ranúnculos brancos simbolizam o poder da sedução

 Os ranúnculos brancos simbolizam o poder da sedução

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• Oli•

Senti o calor no meu rosto e o brilho entrando pela minha janela, e ali estava ele, o Roi des étoiles anunciando o começo de mais um dia deveras tedioso e completamente igual aos muitos que tive após a partida de minha mãe.

Realmente não queria abrir meus olhos naquele alvorecer; hoje era o dia em que me seriam apresentadas as minhas possíveis pretendentes.

Achava aquele antigo costume um tanto patético, maldoso e doloroso para as donzelas.

Seria feito como em uma feira de colheita , onde há uns competição de quem possui o melhor porco , o objetivo é mostrar que cada um é o melhor, e neste em particular, eu era o prêmio.

E o que penso sobre isso? Stupide! Mas minha mera opinião nunca é relevada, e sinceramente não me importo, pois sejamos francos, não me interessaria por dama alguma, não me interessaria romanticamente por nenhuma de qualquer forma .

Digamos que não é muito do meu feitio cortejar e admirar as moças. Prefiro muito mais um dia chuvoso em minha biblioteca particular enquanto acaricio o Ling. Não me levem a mal , não tenho nada contra as damas , inclusive as acho um símbolo de elegância, beleza , delicadeza e força , somente sejamos francos, não me interessaria romanticamente por uma moça sem se ela fosse a definição de perfeição .

Então me fiz de desentendido e me encolhi sob as grossas cobertas que me protegem do rigoroso inverno da França.

Entretanto, pude ouvir as portas dos meus aposentos serem abertas e não tardou para eu sentir uma bola de pelos se esfregando no meu rosto.

Fingi não sentir nada e logo senti uma bufetada de patinhas fofas. Abri os olhos indignado e me deparei com Ling sentado no meu peito, encarando-me com um olhar debochado.

Estreitei meus olhos e ele me encarou com determinação no olhar . Levantei as cobertas, joguei-o para cima e saí correndo, e ele logo tratou de correr atrás de mim.

Ficamos rodando o quarto por um tempo até que ele finalmente pegou minha canela. Caí no chão gargalhando e ali, no chão, parei para pensar na minha vida.

Vinte e três anos e posso afirmar que nunca vivi algo realmente empolgante ou emocionante. Quero dizer, minhas unhas aventuras são em palavras escritas em páginas de livros , aventuro-me nos sabores, temperos e aromas da cozinha, que para mim é uma incrível aventura, mas para o restante das pessoas nem tanto. Os raros momentos de alegria são poucos, já que não é de bom tom um príncipe ficar trancafiado na biblioteca real com a cabeça nas nuvens ou visitar a cozinha na calada da noite, o que para a maioria significaria uma paixão secreta. Bom, paixão é de fato, secreta também, mas não do jeito que as pessoas pensam. Posso dizer que sim, é uma paixão secreta, uma paixão que me proporciona os meus poucos momentos de alegria, e a única companhia é o Ling.

Meu único companheiro, ele era um dos furões de caça do meu pai, mas ele não atendia a todos os requisitos para ser perfeito, então viraria cachecol para esnobes.

De certa forma, eu me vi nele, considerado inadequado e destinado a ser transformado em um mero acessório. A diferença é que já virei esse acessório.

Suspirei desanimado até que escutei baterem à porta. Autorizei a entrada e logo as servas começaram a entrar, uma com uma bandeja de café da manhã, a outra foi em direção ao meu banheiro, e Mare veio na minha direção com a mesma cara de defunto de sempre.

- Bom dia, meu senhor - cumprimentou Mari, sem qualquer expressão e completamente seca. - Vosso café está pronto e o soberano não pode tomar o desjejum junto a ti, pois foi receber os nobres que vieram para o baile para a escolha da sua noiva.

Concordei desanimado e me sentei na cama, começando o meu desjejum. Mari me olhou por um tempo, depois se levantou, foi em direção ao meu closet e voltou com peças escolhidas todas na mesma paleta de cor.

Qualquer um que visse minha vida acharia deslumbrante e incrível a forma como sou tratado, mas aprendam uma coisa: nada é cem por cento bom, e às vezes as coisas não são o que parecem.

Kiki por exemplo vem de uma linhagem de conselheiros reais; ele estudou e estuda para saber como me aconselhar da melhor forma. E por incrível que pareça, ele gosta de estudar e descobrir as coisas, ele diz gostar de estudar minha vida e cuidar para que tudo saia perfeitamente como esperam , mais eu sei que no fundo , ele gostaria realmente era de descobrir e estudar o grandioso mundo fora das nossas fronteiras .

Vesti-me e fui para minha aula de arco e flecha, uma das poucas armas que tenho um mínimo interesse. Treino três vezes por semana com o nosso melhor arqueiro. Aliás, devo dizer que o arqueiro é um homem de quem gosto de admirar discretamente, que ninguém me escute.

Onde já se viu, seria um escândalo: um homem gostar de outro? Ainda mais um integrante da família real, pior, o herdeiro do trono. Mas especulações do tipo nunca aconteceram. Digamos que eu não tenha o perfil das pessoas que a sociedade costuma atacar por um mero estereótipo.

Isso, de certa forma, me ajudou. Tenho 1,89 de altura, músculos desenvolvidos, que por mais que eu odeie essa vida, faço questão de não descuidar da minha saúde. Minha aparência é sempre aceitável à monarquia e à burguesia. Os cabelos ruivos com cachos bem definidos são considerados um charme da minha aparência, apenas as sardas e um pequeno defeito na visão não agradam tanto. Mas quem liga? Bom, muita gente. Eu, não.

Logo após as aulas, tive um pequeno furo em minha rotina, e não desperdicei. Esgueirei-me sorrateiramente pelo castelo até chegar à cozinha, onde assim que entrei todos se aprumaram.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, vi entrando na cozinha minha fada madrinha, Carlotta, não como a fada que possuía uma varinha mágica brilhante, como li em Cinderela, mas com uma colher de pau, fazendo mágicas tão incríveis quanto, pelo menos para mim.

Esta mulher foi quem me salvou da loucura iminente, pois em meus momentos de angústia, seu avental sujo era meu refúgio. Os temperos variados e os aromas que dançavam uma melodia no ar eram o meu paraíso.

- Pararam por quê? - disse Carlotta. - Os convidados começam a chegar hoje , junto a eles a fome , o banquete deve está divino . Quero todos os pratos impecáveis, e não é porque vossa alteza teve a sensibilidade de provar com antecedência os pratos que serão servidos aos seus convidados que deveis parar o trabalho - ela falou séria, e de lado pude ver as cozinheiras sussurrando e sorrindo, e ouvi uma dizer: "Ele é perfeito."

Olhei para Carlotta com um olhar de agradecimento e sussurrei um obrigado. Ela sorriu e acenou com a cabeça em direção ao caldeirão, que de longe parecia tão sem graça e de perto sem qualquer aroma de sabor. Pedi permissão com o olhar e ela aceitou.

Ali comecei minha diversão e minha paixão. Lavei as mãos e comecei a salpicar diversos temperos como pó mágico , legumes picados, carne cozida e ali, bem ali, numa panela, alimentos e sabores deixaram expressar minha alegria.

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~Até o próximo capítulo~

Ohana kaiOnde histórias criam vida. Descubra agora