Capitulo único

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Finney se assustou.
Ele não conseguia ver mais do que um borão a sua frente por causa do spray que o Grabber atirou em seus olhos.
-Oi- disse a figura de forma gentil.
-Olá- responde o cumprimento.
Vendo o claro medo de Finney a figura se explicou.
-Calma, eu não vou te fazer mal. Também fui pego por ele.
-Ah- exclamou Finney.
Eles ficaram em um silencioso constrangedor e inquietante por muito tempo. O outro garoto decidiu quebra-lo.
-Que mal educado da minha parte. Sou O Bruce e você?
-Finn..Finney- gaguejou o garoto tímido.
-Nome diferente, Finney.
O outro garoto riu.
-Ahn... você está a muito tempo aqui, Bruce?- pergunta Finney ainda corado.
Bruce demorou a responder.
-Não sei ao certo quanto dias estou aqui, você perde a noção de tempo quando está preso, mas acredito que a semanas.
-Semanas- exclamou Finney em tristeza.
Ele colocou o rosto entre as pernas e sentiu o choro vir pela garganta. Ele a segurou.
-Calma, não fica assim, vamos dar um jeito de sair dessa...
-Como?- perguntou a voz abafada do garoto.
-Bem... somos dois certo. Podemos com um velho.
-Precisaríamos de uma arma para machucar ele.
-Vamos encontrar algo. Não fique assim Finney.
O cacheado levanta a cabeça. A visão de Finney começava a voltar ao normal, quase podia ver o garoto de cabelo muito negro na penumbra.
Finney estava inquieto com uma última coisa.
-Ele... você sabe...
-O quê- perguntou Bruce sem entender.
-Ele tentou...
-Ah! Não Não. Ele só fala com uma voz romântica nojenta as vezes, mas ele não me violou.
O cacheado suspirou de alívio.
-Acho que eu te conheco, você não estuda no colégio de North Denver? Joga baseball não é?
-Sim- respondeu Finney confuso- Mas como você sabe. Tenho certeza que não te conheço.
-Não? Olhe melhor.
Finney forçou a sua vista embaçada até identificar o garoto na meia luz.
-Bruce Yamada! A gente se enfrentou uma vez em um campeonato Mirim. Lembro como você era bom rebatendo.
-E eu lembro como você era bom pegando a bola.
Finney ri, de forma timida, pela primeira vez.
-Você fica melhor rindo do que com medo.
Ele corou.
-Ahn temos um problema...-
-Qual?- perguntou Finney.
-Temos só uma cama.
-Ah... você pode dormir.
-O que!- reage Bruce exasperado- Não, você está machucado, você quem vai usar.
-Não vou te deixar no chão frio, Bruce...- ele pensa- Vamos dormir juntos.
O outro garoto ficou sem palavras, por motivos que Finney desconhecia.
-Ok.
Ambos se deitaram com o máximo de espaçamento entre eles.
-Boa noite, Bruce.
-Boa noite, Finney.
Não demorou muito para Finney cair no sono.
Bruce encarava Finney enquanto dormia. Encaram seu peito inflando e esvaziando. Ficou hipnotizado pelo movimento. Por curiosidade brincou com o cabelo do outro.
Era extremamente macio, mesmo estando sujo. Ele brincou com o cabelo cacheado por um longo tempo até tentar algo mais ousado. Colocou o braço envolta do garoto e a cabeça logo atrás dele. Sentia o cheiro daquele garoto. Ele cheirava a sabor de uva artificial e óleo de motor. Não era o que esperava, mas amou o cheiro.
Bruce ficou triste.
-Por que de todos os lugares vou te reencontrar logo aqui? Seria desprezível falar que é sorte. Por que tudo não podia ser diferente?
Ele suspira.
-Vou sair daqui com você, Finn. Eu te amo.

Três meses haviam se passado desde que Finney escapou da cela do Grabber. Ele foi capa de jornal e todos na escola o olhavam diferente, um sentimento de respeito cresceu ao seu redor.
A vida, por fim, tinha voltado ao normal. Finney estava voltando da escola indo diretamente para seu quarto e se assustou com o garoto que esperava por ele.
-Deus, que susto, Bruce!- exclamou Finney.
-Desculpe, não quis te assustar- disse ele rindo.
Finney jogou sua bolsa na cama ao lado de Bruce.
-Dia puxado, não é?- perguntou Bruce.
-Sim.
-É hoje não é?
-Sim- responde Finney tristemente.
Ele se segurava para não derramar alguma lágrima.
-Calma não fique assim- tranquilizou Bruce.
-Eu não vou chorar, Bruce. Não se preocupe.
-Eu sei. Mudando de assunto, está pronto para o jogo de sexta?
-Sim, estou treinando muito. Felizmente ou infelizmente o treinador é bem rígido. Está me dando pesadelos.
Finney ri e Bruce corresponde.
O asiático se senta no chão.
-Vai querer fazer faculdade?
-Eu não sei. Queria focar no baseball por enquanto, tentar entra na Liga Big. Me aperfeiçoar e quem sabe, conseguir uma bolsa. E você?
-Também quero entrar na Liga Big- diz Bruce rindo- Acho que se fosse para fazer faculdade gostaria de fazer educação física ou... fotografia.
-Fotografia?!- exclama Finney em surpresa.
O cacheado cai no chão rindo.
-Tá, pode rir.
-Nada a ver com você.
Finney continuou a rir por muito tempo.
-Minha barriga tá doendo- disse Finney.
-Parece estranho, mas eu gosto da ideia. Fotografar algo. Deixar um momento especial ou alguém especial parado no tempo.
Finney olha para ele.
-Alguém, tipo quem?
-Vance Hopper.
-Ugh!- gruni Finney fazendo cara de nojo.
-Estou brincando, Finn. Não precisa ficar com ciúmes.
-Não estou, Bru.
Bruce sorri.
-Você mente tão mal. Mas se você ainda não entendeu minha pessoa especial é você.
Finney olha para Bruce com olhares ternos. Seu coração apertado, boca seca e respiração ofegante.
Bruce continua.
-Eu te amo, Finney. Já te amo a algum tempo.
-Desde de quando? Do nosso jogo de baseball?
-Não. Você não se lembra, mas já nos conhecíamos antes daquele jogo.
O rosto de Finney endaga o asiático.
-Eu já morei em North Denver antes. Fizemos o primário juntos até a quarta série. Tínhamos até o mesmo grupo de amigos, mas parece que você não se lembra de mim.
Finney ficou sem palavras.
-Quando te vi naquele campo eu pensei "Não é possível, anos depois nos encontramos de novo." Eu senti algo dentro de mim. Algo a muito adormecido. Eu lembrei, que desde criança eu sempre te encarava. Te achava um garoto esquisito por ser tímido e pouco comunicativo.
Finney não aguentou, lágrimas desciam seu rosto.
Bruce continuou.
-Pensei como eu era sortudo por te rever e quando eu vi... tínhamos sido pegos pelo Grabber. Era muita azar não ter mais tempo para falarmos antes e ao mesmo tempo, muita sorte, por que aquele foi o pior momento da minha vida e eu não imagino ninguém melhor que você para ter ficado comigo naquele momento.
A porta se abre, era Gwen, sua irmã.
-Oi- diz ela de forma carinhosa.
-Oi.
-Daqui a meia hora.
-Sim, eu vou me arrumar.
Ela fecha a porta.
-Você não precisa ir se não quiser- diz Bruce.
-Eu quero- diz Finney com convicção.
O cacheado transborda de lágrimas.
-Por que você não me disse isso antes?- perguntou ele com uma certa raiva na voz.
-Medo de não ser correspondido ou falta de tempo.
-O que me dá raiva é que eu devia ter percebido que gostava de você também, mas demorei tanto. Foi necessário que fossemos presos em um porão para eu perceber.
Os dois estavam sentados no chão rindo de suas próprias misérias.
-Eu queria passar o resto da vida com você- adimite Finney vestindo um terno.
-E vai. Um dia vai. Até lá eu te espero- diz Bruce rindo.
O asiático se levanta e encara seu cacheado. Olhando um no olho do outro.
-Somos almas gêmeas, mas o destino foi cruel conosco.
Eles se aproximaram e se beijaram. Uma energia indescritível foi sentida pelo cacheado.
Eles se separam.
-Tenho que ir, não posso mais ficar aqui. Já fiquei mais tempo do que me permitiram.
-Eu vou sentir sua falta- diz Finney em lágrimas.
-Isso não é um adeus. É um até mais.
O fantasma de Bruce some como uma névoa.
Gwen abre a porta de seu quarto de novo.
-Pronto?- perguntou ela.
-Sim.
Precisava ir para a missa em homenagem a sua alma gêmea.
-Até logo, Bruce.

Nota do autor:
Oi, Lord aqui. Eai, gostaram dessa one shot? Tem outros temas que queiram que eu escreva no universo TBP, deixe a sugestão nos comentários.

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⏰ Última atualização: Mar 10, 2023 ⏰

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