Ghost of You | Osaki Shotaro | NCT

C.01: I Miss You

"Em um lugar desconhecido, fiquei parado e suportei
Haviam muitas vezes que eu quase cai
Estiquei minha mão sozinho, fiquei sozinho"
- Scars

Ao recolher o aparelho pendurado sob seu pescoço, Shotaro soltou um longo suspiro ao verificar a câmera fotográfica em suas mãos, sem conseguir enxergar direito a tela em meio a escuridão em que havia se escondido.

O rapaz olhou em volta, torcendo para que não houvesse uma segunda silhueta ali, a lhe observar em meio ao seu torpor. O Osaki soltou um palavrão baixo, amaldiçoando a si mesmo por ter se metido em mais uma confusão, o que, para ele, era praticamente inevitável.

No entanto, aquela era, de longe, a pior delas.

Luzes em cores vibrantes e letreiros luminosos quase o cegavam enquanto tentava, com destreza, sair do beco em que entrara, sem ser visto por aqueles que o perseguiam; uma tarefa complicada, visto que não era a primeira vez que despontava em Kabukicho.

O jovem fechou os olhos por poucos segundos, nervoso, encostando-se na parede de tijolos vermelhos e dando milimétricos passos na direção da rua terrivelmente iluminada, fitando cada um dos passeantes que caminhavam sob seu olhar; nenhum deles mostrava as fatídicas pinturas corporais tão conhecidas, nem olhares assassinos, ou mesmo o cheiro putrido de sangue que emanava das jaquetas de couro, um lembrete nada amigável e desnecessário sobre suas posições.

O fotógrafo retirou a jaqueta jeans que usava, como um artifício para evitar ser reconhecido, embora o instrumento de trabalho estivesse aparente para qualquer um.

A Canon escura a tiracolo era como uma corda pendurada em seu pescoço, que apontava com exatidão o seu objetivo ali, um propósito nada viável para seus perseguidores.

Mais um xingamento escapou de seus lábios, em uma auto repreensão por todas as suas falhas naquela fatídica noite, falhas estas que poderiam culminar em um resultado indesejável. E, parar mais uma vez no hospital estava fora de cogitação.

Ele desejou correr, no entanto, isso poderia lhe entregar direto para o buraco; restavam pouquíssimas opções para Shotaro, ao menos uma em que pudesse sair ileso.

A respiração descompassada entregava seu desespero, bem como as batidas altas de seu coração, que ele juraria poder ser ouvido por mais alguém. E, embora fosse um dia típico de inverno, suas mãos suavam como em um dia quente de verão.

O Osaki tentou raciocinar, sem sucesso, tomado pelo medo, um sentimento nada comum em meio ao que escolhera fazer, mas o principal que o dominava em meio a situação. De fato, não havia escolhido a coisa certa ao estar ali.

Em meio aos seus pensamentos descontrolados, o som alto de um motor o despertou, o trazendo de volta ao presente, um em que estava cheio de problemas e sem nenhuma solução. A luz brilhante de uma máquina se aproximava do jovem, que torcia para que agora seus perseguidores não estivessem motorizados, extinguindo assim qualquer chance de escapar.

-- Ah, merda. - Ditou ele, sem ainda ver o piloto que dirigia exatamente em sua direção. O fotógrafo calculava em sua mente o que precisaria para sair dali sem arranhões, no entanto, uma voz análoga a que esperava ouvir falou, o fazendo ponderar se não estava apenas imaginando coisas:
-- Anda, Osaki! Pega logo esse capacete e sobe! - A voz masculina e irada falou, agarrando o capacete atrás de si e o jogando ao outro, que sorriu com alívio:

-- Caramba, Jeno! Achei que iria me deixar morrer aqui!

-- Eu deveria, droga! Porque diabos contínua vindo aqui?! - Indagou o Lee ao passageiro que se ajustava ao assento da moto escura. O veículo rugia feito um monstro, pronto para desatar em qualquer ruela de Tóquio. Shotaro suspirou ao pôr o equipamento de segurança, encarando a enorme torre que se sobressaía pelos prédios e arranha-céus, imaginando se aquela luz poderia ajudá-lo a encontrar o caminho que o levaria a pessoa que procurava. E, dando uma última olhada no bairro em nada parecido com a metrópole, admitiu: