Capítulo 1

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Marília é uma jovem de vinte e três anos, trabalha em um restaurante chamado Doce Menu. Perdeu os pais a uns anos atrás e em circunstâncias criminosas e que a fazem carregar em seu coração uma imensa dor e amargura. Era um dia chuvoso e ela caminhava apressada do ponto de ônibus para o seu local de trabalho, que ficava a quinze minutos de lá. Um carro passou rapidamente e acabou jogando toda a água de uma poça em cima dela.
– Mas que filho da mãe! – Ela registrou aquela placa mentalmente, sabia que a possibilidade de encontrar novamente aquela pessoa era quase nula.
Chegou atrasada por causa daquele contratempo e com as roupas encharcadas.
– De novo atrasada Marília? – O chefe resmungou, o velho nunca gostou do trabalho dela e sempre jogou um certo charme, mas como percebeu que ela jamais cederia as suas investidas amorosas preferiu persegui-la, tornando seu trabalho impossível sempre que tem a oportunidade.
– Me desculpe senhor Adalberto, como pode ver eu fui pega de surpresa por um carro e uma poça de lama!
– Talvez se andasse com um pouco mais de atenção não passaria por situações tão ridículas como essa. Vai de uma vez para o seu trabalho e faça alguma coisa de útil.
– Sim senhor.
Marília
Fui direto para o banheiro e vesti meu uniforme de garçonete, minhas amigas sempre me incentivam a buscar outro lugar para trabalhar e que aqui eu nunca vou ser valorizada como ser humano ou como profissional. Eu sou sozinha nesse mundo, não posso ficar sem trabalho! Me vesti rapidamente, peguei minha ficha de anotações e fui para o salão do restaurante atender uns clientes que já chegavam aos montes.
[...]
Vinícius chegava ao restaurante com sua filha Yasmin de sete anos, ele já havia reservado uma das mesas. A menina era uma garota teimosa e muito mimada, que sempre tinha tudo o que queria do pai. Vinícius dava para ela tudo o que o dinheiro podia comprar para suprir a ausência dele em muitos momentos importantes de sua vida.
Marília os viu aguardando atendimento, achou aquele homem muito bonito e elegante e se preparou para prestar a eles um bom atendimento como sempre fazia por todos os clientes.
– Boa noite, aqui estão os nossos preços. – Marília entregou a eles o cardápio, Vinícius a cumprimentou educadamente e Yasmin também.
– Papai eu vou querer macarronada, Trofie al Pesto e deixa eu ver...
– Você não acha que é muita coisa para uma garotinha tão delicada? – Marília apenas quis evitar um desperdício, claro que uma menina de sete anos não comeria tantas coisas assim.
– Eu quero isso e o meu pai pode pagar! – Yasmin respondeu afrontando-a e deixando a jovem constrangida.
– Traga de uma vez o que minha filha pediu, você não está aqui para fiscalizar os pedidos e apenas trazê-los para a mesa. – Ele pagou antecipadamente, Marília saiu daquela mesa se sentindo a pior das pessoas, não deveria ter dito nada para aquela garotinha.
Marília
Que homem mais arrogante, não é atoa que a menina é o reflexo da prepotência do pai. Se eu não estivesse com tantos problemas nesse trabalho, eu nem iria mais naquela mesa e passaria o atendimento para qualquer outro garçom. Continuei a atender as outras mesas tentando não pensar no que aconteceu, que dia terrível, primeiro aquele banho de lama e agora toda essa arrogância. Enquanto eu servia as mesas, percebi que o tal homem me olhava, apesar de ser um completo ignorante, eu tenho que admitir que ele é muito atraente e elegante.
– Marília, o pedido da mesa dois está pronto!
Eu tinha que encarar aquelas feras mais uma vez, peguei a bandeja e fui até lá.
– Com licença, aqui está! – Organizei tudo sobre aquela mesa o mais rápido que pude e eu só queria voltar ali para receber o valor da conta. – Precisam de mais alguma coisa? – Digam que não, pelo amor de Deus!
– Sim! Que quero que você se sente aqui.
Aquela garotinha só podia estar brincando, olhei bem nos olhos do pai dela.
– Filha, a moça está aqui trabalhando!
– Mas eu quero que ela se sente conosco, papai, pede para ela agora!
Essa menina queria apenas provar que o dinheiro do pai dela conseguia comprar tudo nesse mundo, companhia, amizades… que tipo de valores esse homem dá a ela?
[...]
Vinícius sabia que recusar o pedido de Yasmin seria muito mais trabalhoso do que tentar fazer a vontade dela.
– Sente-se conosco moça!
– Eu não posso, senhor, estou trabalhando agora.
– Me diz quanto você ganha por noite e eu pago.
– Não se trata de quanto eu ganho por noite, não posso ficar me sentando com os clientes.
– Meu pai pode pagar para você ficar aqui conosco. – A garotinha insistia, até que Vinícius chamou o gerente.
– O que está acontecendo? Já posso imaginar, Marília está causando problemas mais uma vez!
– Não é isso, senhor Adalberto... – Antes que Marília tentasse explicar, Vinícius se adiantou.
– Eu apenas quero saber, quanto o senhor paga a essa moça por noite para trabalhar aqui?
– Pouco mais de oitenta reais, por quê? – Adalberto questionou.
– Pagarei oito mil reais para que a libere essa noite, apenas quero que ela jante comigo e com a minha filha.
Marília olhou assustada para o patrão, nunca pensou que aquele homem conseguiria desembolsar tanto, apenas para satisfazer um capricho da filha malcriada. Achou tudo aquilo um completo absurdo e se sentia vendida em um leilão para dar a melhor oferta.
– Certo, sente-se com eles, Marília!
Marília
Por medo de perder meu emprego eu tive que me sentar com aquele homem estúpido e a pirralha dominadora, fiquei me sentindo completamente humilhada e jamais me imaginei em uma situação como essas. Eu não pude ocultar minha expressão de ódio ao olhar para aquele homem, ele parecia não dar a mínima bola para o que estava acontecendo e eu sequer toquei na comida. Era tudo muito fino e caro, jamais tive a oportunidade de provar nada do que estava naquele cardápio.
[...]
Eles comeram em silêncio, apenas Yasmin parecia interessada em saber um pouco mais sobre Marília, mesmo que a jovem não quisesse conversar nada sobre sua vida com aquelas pessoas.
– Quantos anos você tem?
– Vinte e três!
– Tem namorado?
– Filha, isso é pergunta que se faça? – Vinícius a repreendeu, mas ela não levou a bronca muito a sério.
Marília permaneceu em silêncio.
– Você não vai responder à pergunta que minha filha te fez?
– Estamos apenas jantando, senhor, não tenho por que falar da minha vida pessoal.
– Você é muito malcriada, te demos a oportunidade de comer conosco e ao invés de gastar sapatos atendendo de mesa em mesa e é assim que agradece?
– Eu preferia feito o meu trabalho do que ser usada como moeda de troca, para satisfazer um capricho de criança mimada!
– Papai, ela me chamou de mimada!
– Vamos embora Yasmin. – Ele retirou a carteira do bolso e deixou muito mais do que o valor da conta, como pagamento pela companhia de Marília.
Ela, no que lhe concerne, ficou recolhendo as coisas da mesa enquanto ele saia e falava com o gerente olhando para ela. Esperou que ele cruzasse a porta da frente, o seguiu de longe olhando ele e a menina entrarem no carro de luxo, ao ver a placa a raiva que havia dentro dela aumentou.
– É o condenado que me deu um banho mais cedo, só podia ser ele!
Vinícius e Yasmim chegaram a casa, ele a colocou na cama e deu um beijo de boa noite.
– Eu não sei por que Marília ficou tão zangada conosco!
– Decorou o nome dela?
– Ela é bonita, chamei para sentar conosco por que achei que o senhor ia gostar dela!
– É sério que fez isso para que eu e ela...
– Sim, o senhor precisa de uma namorada e ela é bem gatinha.
Vinícius sorriu e a cobriu apagando a luz do quarto que ficou iluminado apenas por um abajur. Ele foi para o próprio quarto e pensou no que a filha havia dito, realmente Marília era uma moça muito bonita, ele nunca foi de se envolver com qualquer mulher por mais de uma noite, sua vida não permitia estabelecer vínculos e com ela não seria diferente.
– O que tem de valente tem de bonita, quem sabe Yasmin não tenha um pouquinho de razão?
Em casa Marília também pensava nele, aquele dia havia sido uma grande mistura de acontecimentos e encontros gratos e outros nem tanto, temia o que Adalberto poderia fazer com ela no dia seguinte.
Marília
Olhei minhas mensagens no WhatsApp, apenas uns recados da minha amiga e confidente Rafaela. Toda a falta que me faz ter uma mãe, irmã ou amiga, ela compensa com seus conselhos e a preocupação que sempre tem comigo.
“E aí, garota, como estão as coisas?”
“Tenho uma porção de coisas para te contar, mas só amanhã quando você vier aqui!”
“Assim não vale Marília.”
“Tive um dia cheio e vou me deitar agora, te espero amanhã… beijos e tenha boa noite.”
“Boa noite!”

Papai mafioso e a Doce babá Onde histórias criam vida. Descubra agora