Capítulo 2

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Rafaela foi até a casa de Marília no dia seguinte, estava se consumindo de vontade de saber as novidades. Elas não moram relativamente próximas, mas sempre que podia ela estava ali para baterem um bom papo.
– E aí, me conta o que aconteceu? Ontem sua voz parecia diferente e achei até um pouco tensa.
– Foram tantas coisas, meu chefe como sempre tornando minha vida um inferno naquele restaurante. Acho que nunca tive um patrão pior do que ele!
– Se eu fosse você já teria pedido demissão desse lugar, Marília, aquele homem não aceita que você não o quer!
– Não posso ficar desempregada. Rafa eu moro de aluguel. E mais, quando eu estava indo para o trabalho, um imbecil me deu um banho com o esbarrão do carro em uma poça de lama. Cheguei feito um periquito molhado, levei uma bronca do mala sem alça e logo chegaram uns clientes.
– E?
– Tinha um cara e uma menina de uns oito anos em uma mesa, eu fui ser gentil e acabei sendo forçada a me sentar com eles para agradar à menina! O homem era um pastel de tão manipulável.
– Pelo menos era gato?
Marília sorriu.
– Sim, era muito e para piorar eu vi a placa do carro dele… era justamente o tonto que me sujou mais cedo.
– Isso parece roteiro de filme!
– Mas não é, ele está bem longe de ser um príncipe. Não tem personalidade e é muito bobo.
– Sei! – As duas sorriram. – Vamos sair para beber alguma coisa á noite, depois do seu trabalho.
– Não sei se é boa ideia, Rafaela.
– É boa ideia sim Marília, vamos deixa de ser careta.
– Está bem, passe aqui as 22:00.
Marília trabalhou normalmente, Adalberto não disse nada sobre o que havia acontecido no dia anterior e ela agradeceu a Deus por isso. Saiu a tempo de chegar em casa, tomar um banho e se arrumar para sair com Rafaela, no horário combinado ela passou para que a levasse. Chegaram a um barzinho no centro da cidade, tudo o que Marília queria era relaxar um pouco e se esquecer do que havia acontecido nos últimos dias.
Ela nunca foi de curtir farras e baladas, mas ocasionalmente precisava descarregar a rotina.
– Não fica pensativa desse jeito amiga, você tem que sorrir, Marília.
– É difícil sorrir quando não temos muitos motivos para isso.
Ela olhou ao seu redor, alguns casais em mesas mais afastadas e alguns rapazes que olhavam para elas insistentemente, até que eles se atreveram a conversar com elas.
– Olá, podemos nos sentar com vocês? – Um deles perguntou enquanto os outros dois esperavam sentados na mesa deles, pela resposta das garotas.
– Claro! – Apenas Rafael respondeu, Marília não concordaria em dividir a mesa com desconhecidos, mas já que a amiga queria, ela teve que acatar.
Eles se sentaram com elas, começaram a perguntar sobre a vida das duas. Rafaela contava tudo sobre si mesma, mas Marília não… ela sempre tinha mais cuidado e precaução.
– Você parece meio desanimada. – Um dos homens perguntou para Marília percebendo a inquietação dela.
– Me desculpe por eu não ser uma boa companhia essa noite.
– Qual é o seu nome?
– Marília.
– Lindo nome. – Ele percebeu que ela estava tomando uma cerveja, tinha intenção de curtir a noite com ela.
Rafaela estava interessada em um deles, acabou indo dançar e foi para casa com ele.
Marília
Eu não posso acreditar que Rafaela me deixou aqui com esses caras, vou pedir um Uber e ir para casa agora mesmo. Eu ia me levantar e pagar a parte da minha conta, mas um deles me segurou impedindo que eu me levantasse. Fiquei assustada, mas tentei manter a calma...
– Onde você pensa que vai princesa?
– Eu quero ir embora agora. – Olhei furiosa para os olhos dele, sem demonstrar o medo que eu sentia naquele momento.
– Você vai ficar e beber conosco. – O outro disse levando um copo de cerveja até mim, empurrei com tudo derramando na roupa dele.
Senti algo frio me tocar a lateral da barriga, era um estilete que estava em poder do outro.
– Bebe essa cerveja e quantas mais nós pedirmos!
Eu fiquei desesperada, o bar não estava cheio e ninguém passaria perto o bastante para perceber o meu medo. Eles me obrigaram a beber muito, eu estava ficando tonta e meus reflexos estavam comprometidos, o medo começou a diminuir e isso é um mau sinal.
– Cuidado gatinha, assim vai acabar caindo da cadeira. Vamos te acompanhar até um lugar bem legal!
[...]
Vinícius estava voltando para casa em seu carro, pensando nos problemas quando viu dois homens acompanharem de maneira suspeita uma jovem e tentavam colocá-la dentro de um carro. Assim que percebeu que ela não parecia bem e reconheceu os dois homens, ele resolveu intervir.
– São o coiote e o lobo, dois dos nossos mais sanguinários integrantes do cartel!
Ele parou o carro rapidamente.
– Soltem essa mulher!
Eles olharam para Vinícius e assim que o reconheceram a coisa ficou ainda pior.
– Você não é mais o nosso capo, não se meta Leão, ou melhor… agora é Hades!
A jovem tentava sair dos braços de um deles, logo Vinícius a reconheceu e não poderia deixá-la nas mãos daqueles dois.
Partiu para cima de um deles que mostrou uma faca, Vinícius o desarmou com um chute na mão fazendo a faca cair, deu vários socos em seu rosto... Marília foi solta pelo outro que entrou na briga, apanhando de Vinícius assim como o primeiro.
Feridos, eles correram para dentro do carro e saíram acelerando de lá.
Marília não conseguia ficar de pé e acabou quase caindo, Vinícius a pegou nos braços e levou para dentro de seu carro, olhando para os lados para ter certeza de que ninguém os teria visto.
Marília agarrava o braço de Vinícius e estava fora de si, mas tinha muito medo do que poderia ter acontecido com ela.
– Não precisa ter medo, Marília, você está segura agora!
– Vai me levar para casa? – Ela perguntou assustada.
– Vou te levar comigo e amanhã quando estiver sóbria eu te levo em casa.
– Eu quero ir para casa! – Ela insistiu, mas ele seguiu seu caminho até chegarem à casa dele.
Marília tropeçava nas pernas e ele a levou para um dos quartos do andar de cima de sua mansão, Yasmin já estava dormindo e não o viu chegar com aquela moça. Isso havia sido providencial, certamente a menina perguntaria milhares de coisas e o pai não poderia responder mais da metade delas.
Até que Marília teve um lapso de sobriedade.
– Me solta, eu quero ir para casa. Você é um boboca e me deu um banho de lama!
– Você está delirando garota.
Ele a colocou na cama e a cobriu com um lençol.
– Fica aqui então, estou com medo.
– Está bem, apenas durma então.
Vinícius sentou-se em uma cadeira e velou o sono dela por toda a noite, admirando a beleza daquela moça indefesa e que por pouco cairia nas mãos de homens cruéis, perversos como ele era no passado… ou nem tão passado assim.
Amanheceu
Marília se mexia na cama, Vinícius chegou mais perto e acabou levando um baita soco no rosto e afastou-se. Ela o olhou assustada...
– Que cruzado de direita você tem! – Ele disse passando a mão no local da pancada.
– Desculpe-me, eu sonhei estarem me sequestrando, você me sequestrou?
– Pelo jeito a bebedeira deixou sequelas, não se lembra de nada mesmo?
– Espera, eu saí com minha amiga e uns idiotas pediram para se sentarem conosco. Ela foi embora e me deixou, o de azul me mostrou uma faca e me forçou a beber...
– Eles iam te levar á força, se lembra de mais coisas? – Ele queria se certificar de que ela não se recordava da conversa entre eles e de sua real identidade no mundo do crime.
– São apenas flashs de coisas que vem á minha mente, te vi bater neles e acabei aqui na sua casa… é sua casa?
Ela olhava curiosamente para o quarto de luxo.
– Sim, está com fome? – Ele perguntou atencioso.
– Sim, posso tomar um banho? Estou cheirando a álcool.
– Pode, é claro, vou pedir que façam algo para comermos… vou te esperar lá embaixo.
Ele ia sair do quarto, mas ela tinha algumas perguntas e queria agradecer.
– Ei...
Ele voltou e a olhou novamente.
– Me chamo Vinícius!
– Vinícius, muito obrigada pelo que fez por mim.
– Não tem que me agradecer, te espero lá embaixo.
Ela sorriu discretamente, ele desceu as escadas para avisar haver mais uma visitante na casa. Queria surpreendê-la com um café da manhã especial e sabia que Yasmin gostaria de saber que aquela moça estava ali. Marília achou aquela casa lindíssima e não se lembrava como tudo era no andar debaixo, pensou no que poderia ter acontecido com ela se não fosse a ajuda desse homem que ela tanto odiou ao conhecer no restaurante.
Marília
Ele não é tão imbecil quanto eu pensava e me sinto injusta nesse momento, quem sabe seja um cara legal? Minha cabeça ainda doía pelo efeito da bebida que fui forçada a provar, nunca mais quero passar por algo parecido!

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