Só um pouquinho.

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As pessoas me olhavam estranho quando eu passava por elas correndo, era tarde da noite e eu sequer sabia para onde estava indo. Não queria voltar para casa, ver minha avó ou minha mãe, porém, também não queria ir para loja e me trancar no depósito e refletir.

Eu beijei Min Yoongi.

E eu gostei de beijá-lo.

Eu não sabia o que estava sentindo, era a primeira vez que eu havia feito aquilo. Não sou bobo, li sobre beijos e assisti em romances clichês. Sabia muito bem como funcionava, mesmo que nunca tivesse feito. Não esperava que fosse daquele jeito, eu havia beijado um homem e eu gostei. Minha testa suava, sentia o suor descendo pelo pescoço, minha respiração estava falha, as lojas aos poucos iam sumindo do meu campo de visão, dando lugar a pequenas residências com distâncias consideráveis uma das outras.

De longe, eu poderia ver a casa da doutora Yang, lembro de ter sido convidado algumas vezes para visitá-la ou até para um momento em que eu precisasse de um ombro amigo. Eu sabia o endereço, já havia visitado o local sem que ela soubesse, mas não conseguia tocar a campainha, sempre havia uma ponte que me separava dali, sempre recusei os convites. Todavia, agora… parecia a única pessoa com quem eu poderia falar. Toquei a campainha algumas vezes, até ouvir os sons de passos, tentei contar até dez para controlar a respiração e não parecer desesperado.

O que eu sei que não conseguiria.

Doutora Yang abre a porta surpresa ao me ver, suas roupas não pareciam diferentes das que ela usava no consultório, acho que isso me confortava, saber que aquele não era apenas sua forma profissional, mas humana.

— Jimin? Que surpresa vê-lo…

Eu a interrompi, fazendo os sinais de maneira apressada e provavelmente a confundindo.

"Talvez eu goste de homens"

Sua expressão foi de surpresa e tranquila em segundos, mas sequer dei tempo para ela falar alguma coisa.

— Oh…

"E talvez eu esteja me apaixonando por um amigo"

— Jimin…

Mesmo que ela me chamasse, eu não parava de gesticular. Eu arfava pelo cansaço de ter corrido, mas não conseguia controlar a respiração por causa do ocorrido. Ela parecia confusa e tentava me acalmar, colocando suas mãos sobre as minhas.

"E talvez eu não saiba como lidar com isso"

Sinto suas mãos pequenas tocando em meu ombro e me arrastando para sua casa. Ela era assim, delicada nas falas e nas atitudes, e isso me deixava nervoso, pois acreditava — talvez uma parte paranoica da minha mente ainda acredite — que toda aquela personalidade gentil era apenas sua máscara profissional.

— Calma, vamos com calma. Entre.

Sua casa era pequena, mas era aconchegante e também assustadora. Em sua sala, vários quadros e esculturas de corujas pelos cantos — tenho quase certeza que tem algo psicológico por trás disso —, ela me deixou sentado em um sofá colorido e peludo, indo para cozinha que era dividida com a sala e me trouxe um chá, mesmo que eu não gostasse, e sentou ao lado oposto.

—  Então? Sua visita foi bem inesperada. Vamos começar do início?

Sua expressão era acolhedora, não mudava da que eu via no consultório, mas por eu estar em um local diferente do de costume parecia mais… Aconchegante? Como se eu estivesse apenas visitando um amigo e não um psiquiatra. Talvez, eu me sentisse menos pressionado naquele ambiente.

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⏰ Última atualização: Aug 01, 2023 ⏰

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