Alan estava atrasado para sua primeira entrevista de trabalho. Precisava correr, mas não antes de regar seu pé de tomate na varanda do apartamento e trocar a água de sua gata Ametista.
Com as mãos na cintura, olhou em volta, para ter certeza que tudo estava em ordem e, soltando o ar dos pulmões, deu as costas e fechou a porta.
Pegou sua bicicleta e com ela nos ombros, foi descendo os degraus rapidamente, praguejando por ter demorado tanto.
Quando alcançou o último lance de escada, colocou a bicicleta de lado, para recuperar o fôlego.
— Bom dia, moço Alan! Vai sair tão cedinho!
Era a senhora Arieta, que morava um andar abaixo do seu e sempre que podia, levava pãezinhos de leite ou alguma fruta.
Ele adorava receber estes mimos e não saberia dizer não a ela. Mesmo que seu melhor amigo Jhony dissesse que era muito estranho uma velhinha, surgisse, oferecendo frutas, legumes ou bolos, do nada. Mas para Alan era uma gentileza, já que ela morava sozinha e possivelmente o adotara.
— Sim, realmente é cedo! — Sorriu. — Estou indo para uma entrevista de emprego e já estou em cima da hora!
— Leve o guarda-chuva, menino.
Ele enrugou a testa, sem nada dizer. O sol estava de fritar ovo e era impossível que viesse uma chuva do nada.
— Você não acredita, não é mesmo? Mas eu sei, porque sempre que sinto dores no meu joelho, é porque vai chover.
— Está bem, dona Arieta. A senhora me desculpa, preciso mesmo ir, agora. E coloque aquela pomada nos joelhos.
— Você é um anjo, Alan. — Falou, entrando no elevador.
Ele, sem perder mais um minuto, saiu do prédio, ajeitou sua mochila e montou em sua bike, indo em direção à avenida movimentada.
Seus pensamentos estavam todos voltados ao que diria na entrevista. Precisava muito daquele emprego na editora. Depois que se formou, fez alguns cursos para se aperfeiçoar em publicidade e agora que surgiu aquela vaga, não poderia perder a chance que tanto sonhara.
O trânsito naquele horário não chegava a ser preocupante. Contudo, Alan achou melhor não facilitar e diminuiu a marcha. Isto só iria atrasá-lo ainda mais, porém, chegaria vivo!
Assim que chegou no prédio, guardou sua bicicleta no estacionamento e passou a mão nos cabelos ruivos, respirando fundo para recuperar o fôlego. Entrou, indo direto no balcão de informações, onde uma moça de cabelos presos e uniforme da empresa atendia ao telefone.
— Bom dia! Eu sou Alan Mendes. Tenho hora marcada para uma entrevista como auxiliar de edição.
— Bom dia, Alan — Disse, sorrindo. — Você pode subir até o 9° andar, por gentileza. Já estão esperando por você. Fale com Miranda, a secretária que irá levá-lo ao responsável.
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ALMAS GÊMEAS : Quando a Chuva Nos Uniu
ContoAlan é um jovem solitário que precisa chegar à tempo para sua entrevista de emprego, mas não conta com o belo imprevisto de que o entrevistador seria alguém tão especial para ele, despertando algo tão profundo e puro em seu ser. ㅤ Uma sucessão de im...