UNHOLY

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Até onde você iria por suas crenças? Quais desejos você esconderia? Provavelmente muitos.

Pete, era a definição mais clara de puritano. Não era preciso um grande esforço para saber que sua vaga no céu estaria garantida.

Sempre lendo versículos diante da grande multidão de devotos ou apresentando os mais belos e divinos cânticos a Deus no coral.

Mais puro do que a água. O inimigo - como é chamado entre os devotos- nunca iria o corromper, Pete estava disposto a não deixar isso acontecer.

Ele amaria e serviria a seu deus diante de qualquer coisa.

Ou talvez, quase qualquer coisa.

Pov's Pete

O som alto do sino da igreja adentrou os meus ouvidos me fazendo despertar do sono um tanto profundo que eu me encontrava.

Abri meus olhos tentando me acostumar com a claridade do local, sentindo meu corpo pesado, como se as horas dormidos não fossem nada.

Ajeitei meu corpo sobre a pequena cama que se encontrava no recanto do quarto de pedra bruta que eu chamava de meu, me recordando do sonho que vinha atormentando todas as minhas noites nos últimos meses.

A figura alta e de olhos tão vermelhos como o sangue se fez presente mais uma vez em minha mente, me trazendo uma onda de arrepios que provavelmente não eram providos do frio matinal.

Aquele homem cheirava a pecado, mesmo no sonho, e isso era o suficiente para que eu me colocasse de joelhos no colchão e fizessem mais uma de minhas orações.

Me levantei da cama, indo em direção ao banheiro.
Nada demorado, não poderia me atrasar para a oração do pai nosso que era realizada todas as manhãs antes do café ser servido. Um escovar de dentes e uma troca rápida de roupas e eu já estava a caminhar pelos corredores frios da enorme igreja - e minha casa-

- sua benção, padre. - falei após encontrar com o já velho padre que comandava os fiéis, eu o conheço desde muito cedo. -

Sua benção me foi concebida e com isso me direcionei a enorme mesa que ia de um lado a outro da salão.

Como todas as manhãs, rezamos e comemos.
Após a refeição, cada um tomou rumo aos seus afazeres, uns indo se confessar, outros atender os fiéis que iam frequentemente a igreja.

O dia se passou como todos os outros, a não ser pela presença estranha que me rondava, como se a todo lugar que eu fosse um par de olhos me observasse, mesmo quando eu estava de joelhos diante da grande imagem divina que ficava acima do altar.

como se todas aquelas palavras de adoração não passassem de contradições vazias que logo logo seriam desmentidas, jogadas por terra. Era assim que aquela presença me fazia sentir.

"Você é meu, eu te escolhi"
A voz se fez presente em minha cabeça me fazendo abrir os olhos e parar com a oração que estava fazendo. Eu definitivamente precisava conversar com o pai.

Já era noite, mas me adiantei em avisar aos outros que não participaria do jantar, não quando eu estava rodeado de malícias do diabo.

Eu entraria na meu quarto, me ajoelharia e pediria a orientação divina.

E foi exatamente isso que eu fiz. Já me encontrava de joelhos ao pé da cama após tomar um banho e colocar roupas confortáveis.
Eu nunca permitiria que a presença desse ser mundano me colosse em uma onda de tormentos. Nunca.

- você fica lindo de joelhos, querido.

Me levantei assustado procurando de onde saiu a voz grave e rouca que se fez presente no quarto.

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