O convívio

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-Hm...

Lentamente abro os olhos, sinto meu peito apertar no segundo em que me deparo com o teto em madeira adornado acima de minha cabeça, me fazendo voltar a realidade.

Solto um longo suspiro triste.

Fico por algum tempo apenas encarando o teto e pensando sobre o nada, não havia o que pensar.

Não havia sonhos, pensamentos ou escolhas a se decidir, tudo era tão sem sentido que era como se eu estivesse vivendo as cegas, não sabendo o que esperar a frete, não podia morrer muito menos não tinha muitas chances de continuar vivendo.

Ergo uma mão para cima, em seguida, a fechando em punho, como se quisesse agarrar algo, me prender a qualquer esperança de vida que ainda tinha, porém não sentia nada além de um terrível vazio.

... tudo é tão...

De repente uma outra mão surge em meu campo de visão, uma enorme mão com suas garras afiadas e seu toque insensível envolve meu punho, me prendendo.

Viro meu rosto e me deparo com Douma deitado ao meu lado.

Seu jeito imponente e extravagante, emanando uma presença assassina e sanguinária, por mais que um sorriso estampasse seu rosto não era como se isso fosse o suficiente para acobertar o brilho mortal que era refletido em seus estranhos olhos coloridos e com inscrições.

De novo...

-Bom dia, minha pequena S/n...-Deseja em seu tom simpático e animado, tentando transmitir a gentileza que era impossível para si ter.

Quantos dias já haviam se passado desde o dia em que me encontrei com o mestre dos onis? Quanto tempo faz que o grito e súplicas por socorro das vítimas de Douma atormentavam meu sonho? Quantas vezes... já pensei em tirar minha vida mas com medo de condenar outra alma em meu lugar...?

Abro a minha boca na intenção de dizer algo, porém me contenho, não conseguindo pronunciar um som sequer.

-...

Não digo nada, e em silêncio, apenas fico observando a face sorridente e animada que se tinha ao meu lado.

Já havia pensando e imaginado mil e uma formas de acabar com a vida de Douma, mas tudo não passava apenas de pensamentos, me fazendo cogitar a possibilidade da insanidade de tantos os cenários que criava em minha cabeça, horas parecendo tão real, que era como se estivesse alucinando.

Eu... não sinto fome...

Encaro ao prato posto em minha frente. Era um verdadeiro banquete aquilo, nunca antes tinha visto tanta comida variada em um único lugar, e apenas para uma única pessoa, chegava a ser um desperdício aquilo tudo para mim.

Mordo o lábio, fechando os olhos com força e virando meu rosto ao contrário em direção a comida, só de ver aquilo me embrulhava o estômago.

-O que foi, S/n? A comida não está ao seu agrado?-Douma pergunta em falsa preocupação.-Você quer comer outra coisa?

Aperto a barra de meu kimono com força, tentando descontar um terço da raiva que sentia ali.

-... eu... não estou com fome...-Sussurro em um fio de voz, de cabeça baixa.

-Oh, entendo!-Soa de forma compreensiva.-Mas você não pode ficar sem se alimentar pequena S/n. Em breve, você irá sair para cumprir os desejos de Muzan-sama, não pode ficar sem comer nada... ainda mais que você é uma mulher humana, esse mundo é muito perigoso~...

Sua frase saia como se ele realmente estivesse preocupado com meu bem-estar, sua manipulação era tão boa que se não soubesse quem ele era de verdade corria o risco de acreditar nas palavras daquele demônio.

A Lua Do Meio Dia(Demon Slayer And You_ Imagines)Onde histórias criam vida. Descubra agora