maldives, louis partridge.

philippa com ph

O clima do Rio de Janeiro era agradável. Quase como infernal, devido ao calor, mas ainda agradável. As estações pareciam ser sempre as mesmas, já que nunca foi visto um inverno frio e gélido como no Rio Grande do Sul, que tinha neve até nas praias.

As irmãs Iglesias sempre foram chegadas uma na outra, com pouca diferença de idade e muita coisa em comum, eram praticamente gêmeas. Irmãs por opção, e amigas por escolha.

Os tão esperados Vinte Anos de Bianca estavam chegando, sua mãe queria lhe presentear com um carro novo, e seu pai, com uma humilde ida na Pandora ou alguma loja chique que a irmã preferisse. Mas o desejo de Bia era ter sua família unida como recordação, já que iria mudar-se de país muito em breve, devido a suas escolaridades e uma faculdade de arquitetura dos sonhos, a mais velha das Iglesias pediu uma viagem. Uma viagem para as Maldivas, o paraíso na terra.

Nesse exato momento, a família de quatro pessoas ingressa no avião, estabelecendo-se nos lugares imediatamente. Philippa e Bianca ficaram juntas, e já puxaram os fones de ouvido das bolsas para verem algum filme. Se tinha algo que assustava mais a pequena, eram aviões, e Bia fazia de tudo para que ela não tivesse tanto medo em todas as viagens desde os sete anos. Pippa decidiu mexer no seu celular enquanto sua irmã dormia em seu ombro, cuidadosamente retirou o pequeno airpod do ouvido dela e guardou na caixinha, junto com o outro par de Bianca.

A viagem foi longa e insuportável para alguém que não conseguia dormir de jeito nenhum. Philipa sentiu o estômago revirar durante todo o tempo que passou naquele pássaro elétrico gigante. Era assim que ela chamava os aviões, deixava a palavra menos assustadora.

Foi a primeira a descer do avião, o desespero para rever o chão era enorme, sairia quase que correndo porta afora, se não fosse por sua mãe a puxando para si.

Um uber foi pedido e o caminho do aeroporto até o hotel em que ficariam foi completamente silencioso. Seus pais não faziam muita questão de conversar, e Bianca estava vidrada no celular, o que não deixou muita opção para Pip, que apenas colocou os fones e encostou a cabeça na janela do carro, observando a vista das praias ao som de You're On Your Own, Kid.

O hotel era perfeito. Enorme, em frente a praia, era um sonho. Os pais de Pippa estavam fazendo o check in, e assim que terminaram, receberam uma chave que abria o cadeado das bicicletas que ficavam para os hóspedes. Bia levantou-se do sofá que estava e pegou das mãos da mãe, puxando a irmã para o estacionamento onde guardavam as bikes. Bianca abriu o cadeado da sua e saiu pedalando pelo estacionamento.

Pip tentou abrir o cadeado, mas não conseguiu de primeira. Nem de segunda. Muito menos de terceira. Aquela chave era tão dura que parecia estar emperrada dentro do cadeado, quase impossível de virar.

— Bianca! Abre o cadeado pra mim! - Pippa gritava em português, apenas para sua irmã ouvir. A garota ficou tão focada em abrir o cadeado que nem percebeu sua irmã saindo. - Marina!!

— Ei, você quer ajuda? - uma voz masculina e aparentemente... brasileira, falava por trás da garota.

Pip se virou no mesmo instante, pensava que era a única brasileira no hotel, mas pelo visto se enganou.

— Quero sim, na verdade. Não consigo abrir o cadeado de jeito nenhum.

— Licença. - O garoto pede educadamente para a Iglesias e se aproxima da bicicleta, ele vira a chave como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

— Uau, muito obrigada...

— Louis. - ele responde com um sorrisinho no rosto.

— Louis! Eu sou a Philippa, com ph. Meus amigos me chamam de Pippa. Você é de onde?

— São Paulo, e você do Rio, né?

— Como você..

— O sotaque.

— Ah. Verdade.

— Bom, o que você faz em Maldivas, Pippa do Rio? - ele perguntava enquanto sacava uma chave do bolso e abria uma bicicleta para si.

— É aniversário da minha irmã e ela pediu a viagem de presente. E você?

— Férias da minha mãe.

— Entendi Louis de São Paulo. Acho melhor eu ir indo... tenho que ir atrás da minha irmã, saiu como se não houvesse amanhã. - Pip pega sua bicicleta e monta nela, virando-a para a direção da saída. - Obrigada, até logo! - a garota começa a pedalar na busca de sua irmã, pensando no garoto fofo que acabou de conhecer.