Eles estavam caindo, e caindo. Não havia mais nada que pudesse ser feito além de desejar. Desejar a vida.
Algumas palavras vagaram pelo ar antes do barulho do baque contra a água.
— Nós iremos viver, Liam.
E então tudo escureceu.
As pessoas que assistiam aquela cena se chocaram, todos que estavam ali viram. Ele pulou, Sherlock havia pulado junto ao conhecido como Lorde do Crime.
— Por favor acorde, Sherlock!
Deitado em uma cama, o corpo do homem se movimentou um pouco, e então ele abriu os olhos.
— Onde ele está? — Sua voz saiu fraca, quase como um sussurro. Ninguém o respondeu.
O homem de cabelos azulados olhou ao seu redor, mas não havia ninguém em seu quarto além de Watson e senhorita Hudson. Sherlock tentou se levantar, mas percebeu que seu corpo inteiro agonizava em dor.
— Eu sinto muito Sherlock. — Watson deixou uma frase tão vaga no ar que faz com que o de cabelos azuis arregalasse os olhos.
— Você não pode....Não pode me dizer isto! — O moreno gritou. — Você está me dizendo que eu falhei?! Pela primeira vez, eu falhei?! Falhei a única vez em que....em que eu não poderia falhar?! — Seus gritos eram altos, atormentados e mergulhados em dor.
— Há quanto tempo estou desacordado? — O moreno perguntou enquanto voltava a se deitar.
— Dois dias. Achamos que você não fosse mais acordar, seu idiota! — Senhorita Hudson se aproximou da cama onde o homem estava. — Nunca mais faça isso, está ouvindo? — Ela perguntou em meio a uma voz de choro.
Não houve resposta.
— Não acharam...o corpo. — John começou a falar e então Sherlock virou toda sua atenção para o amigo, como se sua vida dependesse disso. — Vasculharam tudo, mas não o acharam. No mesmo dia ele foi dado como morto. Sinto muito por sua perda, Sherlock.
A sala permaneceu em completo silêncio. Sherlock não estava mais prestando atenção em ninguém, mas sim vagando entre seus próprios pensamentos.
O moreno estava devastado, mesmo que não fosse tão evidente. Watson percebendo a situação pediu para que Miss Hudson o acompanhasse para fora, para que Sherlock tivesse um tempo para pensar. E então ele estava sozinho em seu quarto, mas sentia que agora também estava sozinho no mundo.
Pela primeira vez, Sherlock desejou morrer. Desejou ter morrido junto ao outro. Desejou com todo seu coração e alma. Em sua cabeça não existia um mundo sem ele, sem seu maior rival, sem seu amigo querido, sem seu maior amor.
O tempo passou, Sherlock havia se recuperado bem. Seus ferimentos quase todos haviam sumido, porém um único deles ainda estava lá, aquele que havia sido feito por uma lâmina. Aquela ferida foi feita segundos antes de caírem, e ainda estava lá, como um sinal de que aquilo de fato havia acontecido, e de que também pela primeira vez, ele havia falhado em uma missão.
— Você fez o que pode, Sherlock. Não se culpe por isso. — Disse Louis uma vez em que foi visitar o homem que ainda estava acamado na época. — Obrigado, mesmo assim. — Ele ia saindo, mas então se virou para trás. — Deveria prestar suas homenagens assim que puder, não gostaria de admitir, mas meu irmão iria ficar muito feliz. Sabe, em vida ele costumava falar bastante de você, ele parecia ter muito carinho por você. — Então o garoto apenas colocou seu casaco e se retirou, deixando para trás apenas um papel com um endereço.
E então ele estava lá, na porta do cemitério. Ele não deu um passo para adentrar o lugar, ao invés disso ficou na porta por muito tempo, e pensou seriamente em em desistir, mas não o fez. Ele deu seu primeiro passo, e então sentiu que iria começar a chorar, mas se conteve.
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Aqueles olhos carmesim
FanficE se o rumo de suas vidas fossem diferentes? E se no final tudo acabasse sendo em vão?