My Miracle - Jenlisa

A Ponte

Rosé dirigia concentrada na estrada e segurava o volante com tanta força que seus dedos ficavam brancos, enquanto Jisoo falava coisas desconexas e em como queria torturar e matar o cliente que me assediou, já eu só sabia chorar em silêncio com a cabeça encostada no vidro observando observando as pequenas gotas de chuva que começava a cair sobre o carro.

Assim que chegamos, Rosé ajudou a Jisoo a sair do carro enquanto eu abria a porta da casa retirando meus sapatos na entrada.

- Eu não quero incomodar, mas também fico preocupada de ir embora e deixar vocês nessa situação, o que eu faço? - Rosé falou parada na porta com um semblante preocupado.

- Você já fez muito por nós nos trazendo em casa, mas também acho que está tarde pra você ir embora sozinha, então entra e se sinta em casa. - Falei com um sorriso amigável sem mostrar os dentes.

- Por favor, fica! Eu não quero que você vai embora. - Jisoo falando puxando Rosé pelo braço nos fazendo rir.

- Posso fazer uma sopa enquanto vocês tomam banho, acho que vai fazer bem pra vocês. - Rosé sugeriu.

- Tudo bem, mas acho que vamos ter que ajudar a Jisoo, ela mal está conseguindo ficar em pé sozinha. - Falei.

- Eiii! Eu não sou criança, eu dou conta de tomar banho sozinha. - Jisoo falou cambaleando enquanto tentava se manter em pé.

- Cala a boca que ninguém te perguntou nada. - Falei arrastando ela pro banheiro. Com a ajuda de Rosé tiramos a roupa dela a deixando somente de calcinha e sutiã, então colocamos ela embaixo da água mas como ela não ficava quieta, acabou nos molhando completamente.

Assim que terminamos, ajudei sozinha minha amiga a colocar roupa e deixei ela debaixo da coberta, enquanto Rosé tomava um banho já que estava completamente molhada, deixei uma roupa pra ela na cama da Jisoo e fui pro meu banheiro tomar banho.

Enquanto eu tomava banho, deixei todas as minhas lágrimas saírem enquanto eu me esfregava com força e raiva, eu estava sentindo nojo de toda aquela situação, eu só queria limpar aquela sensação de mim. Depois de muito tempo no banho, sai do quarto a procura de Rosé que estava sentada na ponta da cama da Jisoo mexendo no celular.

- Ela acabou dormindo. - Rosé falou baixou pra não acordar ela.

- Vamos deixar ela descansar, vem comigo até a cozinha, vou fazer um chá.

Enquanto comíamos alguns biscoitos com chá sentadas na cozinha dava pra escutar uma chuva forte e com trovões caindo do lado de fora da casa.

- Ainda bem que você ficou aqui, ia ser perigoso ir pra casa tão tarde com essa chuva. - Falei sorrindo.

- Eu não podia deixar vocês sozinhas depois de tudo, inclusive eu queria falar que eu sinto muito pelo o que aconteceu. - Ela pegou na minha mão tentando me passar conforto.

- Obrigada por estar fazendo tanto, e não precisa se preocupar sobre o que aconteceu, eu vou ficar bem.

- Não precisa se fazer de forte pra mim, eu posso ser sua amiga se você quiser.

- Tudo bem, só vamos tentar esquecer o que aconteceu por enquanto. Eu só preciso dormir agora porque daqui a pouco preciso estar naquela droga de novo. - Falei me levantando. - Você pode dormir na cama extra que tem no quarto da Jisoo, fique a vontade.

No dia seguinte acordei cedo ao ponto de todos ainda estarem dormindo, não liguei para o fato de não tomar café da manhã e fui simplesmente direto para o meu trabalho, foi um dia exaustivo e longo onde tive que aguentar abusos do meu chefe e clientes pra ganhar um salário de merda. O meu sonho era dançar como já fiz um dia mas acho que eu nunca mais poderei calçar minhas sapatilhas de balé, eu perdi tudo o que eu amava fazer e agora estou aqui tentando sobreviver.

- Jennie, eu pensei e poderíamos nos encontrar no parque da cidade e depois procurar alguma coisa pra comer, o que acha? - Hyunji me perguntou enquanto fechávamos a porta do restaurante encerrando o dia de trabalho.

- É uma boa ideia, que tal às 16h? Quero dormir até mais tarde, estou precisando disso tem tempo.

- Combinado então Jen, te vejo amanhã. - Ela falou me dando um abraço apertado e um beijo na bochecha.

Quebra de tempo

Caminhava até o parque enquanto escutava minha playlist preferida, como sai 30 minutos antes consegui chegar na hora exata no parque, andei em direção ao ponto que combinamos que era um banco debaixo de uma grande árvore que ficava em frente para uma fonte de água grande e linda com anjos esculpidos jorrando água pra cima. Olhei para o céu e percebi que ele estava nublado anunciando que em breve cairia uma provável tempestade, eu estava preocupada com isso e já tinha 1h que Hyunji estava atrasada então decidi ligar mas caiu na caixa postal 3 vezes.
Olhei para o céu e pássaros voavam em conjunto para a direção norte, então o céu escuro desabou sobre mim em uma chuva densa. Me senti sozinha e inútil naquele banco, a chuva não importava mais, nada importava mais, então eu chorei junto com o céu tentando aliviar a dor que eu sentia no meu peito mas minha angústia só aumentava ao ponto de me deixar sem ar. Levantei e caminhei em passos lentos, meu corpo formigava e meu ouvido zumbia, eu decidi que acabaria com aquele sofrimento.

Pov Lisa

Estava quase anoitecendo então fui até a ponte da cidade como todos os dias assistir o dia ir embora e entrar a noite, eu sempre achei mágico esse horário do dia, na minha opinião todos deviam parar nesse momento pra fazer isso, como uma hora santa.
Com os braços debruçados sobre a cerca da ponte olhando o céu se encontrando com o mar vejo que a 2 metros de distância uma menina fazia o mesmo, ela estava triste e não parava de chorar, talvez não tivesse alguém pra confortar ela naquele momento. Viro o rosto voltando a olhar o horizonte, eu não podia me intrometer na vida dos humanos, eu já estava encrencada o suficiente por muitas vezes fazer isso. Mas volto a olhar e ela estava tirando seus sapatos e pertences colocando ao chão, não é possível que ela vai fazer o que eu estou pensando, por favor não faça isso, eu não posso me intrometer então não me deixe presenciar isso.
Ela ia fazer o que eu estava pensando, ela começou a tentar subir a cerca de pedra e meus batimentos cardíacos se elevaram, eu não consegui pensar racionalmente e pulei atrás me jogando de encontro ao mar e a ela.