Capítulo 2

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Aline chegou ao local indicado por JP quase 1 hora atrasada. Não tinha como mandar uma mensagem avisando do atraso e não sabia exatamente onde iria encontrar ele. Embora estivesse sempre armada, sentiu um pouco de arrependimento quando parou em frente ao que parecia uma casa muito mal-cuidada, onde vários jovens se aglomeravam. Olhou para uma fila enorme na porta. Teria de dar uma carteirada se quisesse entrar.

- Oi. – disse parando ao lado dos dois seguranças que controlava a entrada e saída do lugar. – Me chamo Aline e vim encontrar um amigo, conhece ele?

- Conheço muita gente moça, precisa ser mais específica. Qual o nome do cara?

- JP. – disse Aline com um sorriso amarelo.

- Ah. – disse o homem enorme. – Ele disse que uma Aline procuraria por ele. Pode entrar, vai encontrar ele no último piso.

- Obrigada! – disse Aline passando pela porta enquanto ouvia gritos de reprovação atrás dela.

Aline viu um lugar completamente diferente dentro do prédio. Era bem-organizado, com bartenders atras dos balcões e mulheres bem-produzidas rindo em mesas espalhadas pelos cantos. O DJ tocava música do momento e era possível ver o rito de paquera rolando pela pista de dança. Viu as escadas na lateral. Subiu o primeiro lance. Entrou numa espécie de buraco negro, um ambiente completamente diferente. Havia pufes espalhados, espelhos por todos os lados e grupos conversando e rindo, era possível ver alguns casais se pegando e outros procurando cantos escuros, a luz era baixa e era um local bem propicio para uma pegação mais forte. Continuou subindo as escadas. O próximo piso era aberto, parecia uma área de fumantes, havia mesas espalhadas, céu aberto e um bar mais simples com um bartender também girando garrafas, aqui a risada era mais alta, estridente e as pessoas ouviam o funk padrão do rio de janeiro. Aline buscava em meio ao caos encontrar JP. Que por algum motivo não estava ali, mesmo o segurança apontando exatamente onde ele estava. Aline se lembrava exatamente como era o rosto dele, e mesmo passeando pelo meio das pessoas, ela não o encontrou. Foi então que sentiu um puxão no braço, algo leve, mas que a fez olhar. Era ele. Com aqueles olhos sedutores e o cabelo brilhando na luz que piscava.

- Vem comigo. – disse ele sussurrando no ouvido dela. E ela o seguiu escadas acima.

- Então aqui você se esconde. O dono do lugar sabe que você vem aqui em cima? – Aline debochava.

- É claro que sabe. Porque eu sou o dono.

- Mentira. – disse Aline virando para olhar para ele. A expressão havia mudado, ele estava sério e era possível sentir até um pouco de raiva em seu olhar. – Sério? Você é o dono desse lugar?

- Sim. Não acredita em mim? – o olhar dele mudou de novo, agora parecia estar caçando.

- Por que está me olhando assim? – Aline se sentia indefesa, mesmo tendo sua arma ao alcance.

- Porque você tem algo que eu quero. – JP desencostou do parapeito e começou a caminhar em direção a ela. Um arrepio correu o corpo de Aline fazendo a pele eriçar.

- E seria? – disse Aline engolindo um segundo arrepio.

- Não é obvio. – JP estava com as mãos nas barras atras de Aline, segurando firmemente. Aproximou-se dela, não a ponto de colar seu corpo, mas o bastante para sentir o cheiro do perfume e o calor que exalava do corpo dela. – Você. – Aline sentiu o hálito de whisky vindo dele, misturado com o cheiro do perfume amadeirado que a pele lançava no ar. Sentiu o corpo ceder alguns centímetros. – Desde que a vi naquele supermercado, não consigo tirar você da minha mente. Desculpe por ter sido tão abrupto hoje. Não queria que pensasse que sou um maluco. Quem iria adivinhar que os cães da K9 iriam se importar com o cheiro do pretinho. Mas queria ver você, e não me deu seu contato. Tive que investigar por conta própria.

Amor escrito com sangueWhere stories live. Discover now