08- Kauã

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Kauã

- Mãe cheguei - grito assim que entro em casa e percebo a minha mãe limpando as lágrimas. - mãe...- falo apreensivo e ando até ela.

- Eu tô bem filho! - ela sorri pra mim.

- Não está mãe - digo e jogo a minha mochila no sofá.

Tem sempre sido assim, toda vez que chego do trabalho ela está em um canto chorando, ela tanta dá uma de superada, mas comigo não rola.

Puxo ela pro sofá e faço um carinho em seu cabelo.

- Eu não quero que pense que eu não te considero um filho, saiba que eu te amo Kauã - ele diz chorando.

- Nunca que eu ia ser egoísta a esse ponto! Pô mãe sei que pra você sou um filho e te entendo a sua dor. - digo e ela limpa o rosto.

- Eu te amo Kauã! - ela me abraça.

Luanda anda meio emotiva e trsite por toda a situação, então sempre tenho que ta falando coisas positivas pra ela ficar bem.

- Agora vem comigo, vou te levar pra tu tomar um banho - digo e estendo a mão.

Levo minha mãe até o banheiro e pego uma de suas roupas no guarda roupa dela.

Quando tô quase chegando meu pai aparece em casa.

- Ela tá mal né? - ele pergunta com o semblante triste - Eu não sei mais o que fazer.

- Ela vai melhorar! A gente vai ajudar ela - sorrio tentando tranquiliza ló.

Meu pai sorrir pra mim e pega as roupas na minha mão, deixo que ele entregue a minha mãe e vou pro meu quarto.

O clima aqui em casa tá uma merda, por isso tenho preferido ficar na casa da Aylla.

Meu pai não é o mesmo brincalhão de sempre, minha mãe anda triste pelo quarto.

Levanto da cama e verifico se a porta está trancada.

Levanto o meu colchão e pego o baseado que deixei ali mais cedo.

Eu não queria dá esse desgosto prós meus pais, mas no momento isso tá diminuindo o meu estresse.

Ando até a parte da varandinha do meu quarto e acendo o baseado entre os dedos.

Trago o mesmo e fico olhando a movimentação do morro.

[ .... ]

- Bora apostar, quem perder no futebol tem pagar 200 conto ao time rival - Daniel diz.

- Tu vai perder 200 conto de graça - falo fazendo ele ri.

A aula hoje acabou mais cedo e acabei parando pra trocar ideia com os cara.

Mano Daniel perde toda vez pra mim no futebol e quer continuar insistindo, esse cara é um comédia.

- Tu tá se achando muito Kauã, teu reinado vai acabar - ele diz e solto uma risada debochada.

- Tu disse isso dá outra vez e perdeu de 3x0 pra mim - falo convencido e todo mundo ri.

Continuo o papo com eles por mais um tempo e depois saio dali indo na direção de casa.

No caminho cumprimento algumas pessoas, ainda tenho tempo dá pra mim andar com calma até em casa.

- Kauã? - escuto uma mulher me chamar e me viro.

Arqueo a sombrancelha, ela não me é estranha.

Ela anda até mim e continuo encarando.

- Sou sua mãe - minha mente trava na mesma hora. - Meu filho você tá um rapaz enorme - ela diz e tenta encostar no meu rosto mas desvio.

- Não é não, eu só tenho uma mãe e se chama Luanda - digo firme. - Não sei quem é você, e nem quero saber! - digo firme.

Já teve uma fase da minha vida que eu quis saber sobre a minha mãe biológica, mas fui crescendo e aprendendo.

Depois de um tempo, percebi que eu não precisava correr atrás de alguém que nunca quis saber de mim.

Ela não mediu esforços pra me largar com o meu pai, ela nem mesmo pensou duas vezes e agora do nada aparece.


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