Prólogo: Casey Becker

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PRÓLOGO.
"CASEY BECKER"

Era tarde quando o telefone começou a tocar. Não demorou para que Casey o atendesse.
— Alô? — Chamou a garota.
— Alô. — Repetiu a outra pessoa.
— Pois não?
— Quem está falando? — Perguntou a voz grave.
— Com quem você quer falar? — Rebateu Casey.
— Que número é esse? — A voz retornou a questionar. A loira sorriu.
— Para que número você ligou? — A garota perguntou, começando a se cansar da conversa formada por perguntas.
— Eu não sei... — Respondeu, pela primeira vez, sem uma pergunta de volta.
— Acho que você ligou para o número errado. — Ela sorriu de canto.
— Liguei, é? — Uma pergunta foi feita.
— Isso acontece, fica frio. — Ela o tranquilizou, colocando o telefone de volta à base.
A garota se virou de costas para o objeto, começando a caminhar para longe.
O telefone tocou novamente, Casey se virou.
— Alô? — Ela repetiu sua primeira fala.
— Desculpa, acho que liguei para o número errado.
— Então por que ligou de novo?
— Para me desculpar.
— Você já está desculpado, então tchau. — Ela se preparou para desligar.
— Espera, espera, não desliga.
— Por quê? — Indagou Becker, sorrindo sem graça.
— Eu quero falar com você um pouquinho
Havia algo naquela voz que fazia o estômago de Casey revirar. Ela não sabia o que era, apenas sabia que aquilo causava nela um sorriso, e nele, havia uma mistura de sentimentos.
Ela já havia recebido ligações de estranhos antes. Aqueles tipos de ligações onde a pessoa liga para o número errado ou quando o desconhecido no outro lado da linha tentava comunicar um de seus pais. Porém, aquela ligação era um tanto quanto diferente. Era possível ouvir a malícia sussurrar em seu ouvido enquanto aquela voz grave falava.
— Tem outros números apropriados para isso, tchau. — Ela rebateu rapidamente e então desligou de novo.
Casey resmungou, se afastando do telefone.
O céu já havia se tornado completamente negro, sendo pintado por algumas estrelas.
Uma brisa fria fazia o balanço da árvore em frente à sua casa ir para frente e para trás, fazendo as cordas se esticarem, causando sons baixos e angustiantes.
A garota caminhou até sua cozinha e ligou uma das bocas do fogão, colocando sobre ele uma pipoca de frigideira e depois tirando a embalagem de cima do alumínio da frigideira.
O telefone tocou de novo, dessa vez, o telefone sem fio.
— Alô. — Ela disse, começando a ficar incomodada.
— Por que você não quer falar comigo? — A voz retornou.
— Quem está falando? — Ela perguntou.
— Fala o seu nome que eu falo o meu. — A pessoa rebateu. Casey riu baixo.
— Eu não vou dizer não. — A loira segurou a frigideira por seu cabo e a chacoalhou.
— Que barulho é esse? — A voz questionou.
— É pipoca. — Respondeu, simples.
— Você está fazendo pipoca?
— Uhum.
— Eu só como pipoca no cinema. — Comentou.
— Eu estou me preparando para ver um filme. — Casey justificou, mesmo não precisando.
— Sério, qual? — A voz parecia curiosa.
— Ah, um desses filmes de terror. — Casey se apoiou sobre o balcão.
— Você gosta de filmes de terror? — A voz se arrastou no fim da frase, era possível saber que a pessoa do outro lado sorria sem sequer vê-la.
— Aham. — A garota afirmou, sorridente.
— Qual o seu filme de terror preferido? — A voz questionou.
— Hm... — Ela resmungou. — Não sei.
— Tem que ter um filme preferido. De qual você se lembra?
— Halloween! — Ela retornou a sorrir. Seus dedos seguiram até o porta facas e agarrou uma delas. — Aquele do cara que usa máscara branca e ainda por aí matando babás. — Ela colocou a faca de volta em seu lugar.
O alumínio no topo da frigideira começava a aumentar, indicando que as pipocas estavam ficando prontas.
— Sei...
— E qual é o seu? — Ela retornou a pergunta.
— Adivinha.
— Ah... — Ela se afastou do balcão, alcançando o DVD do filme que iria assistir. — A Hora do Pesadelo!
— Aquele do cara com facas ao invés de dedos?
— É! O Freddy Krueger.
— Freddy! Isso mesmo. Gostei desse filme. — Ele confirma. — Assustador.
— É. O primeiro era, mas os outros são uma porcaria. — Casey critica.
— E você tem namorado? — A pergunta surgiu de repente.
— Por quê? Vai me chamar para sair? — A loira brincou.
— Quem sabe? Você tem namorado?
— Hm... — Ela hesitou. — Não. — Então respondeu.
— Você ainda não me disse seu nome. — A voz insistiu.
— Por que você quer saber meu nome? — Ela sorriu.
— Porque eu quero saber para quem eu estou olhando. — Sua voz se tornou mais ríspida.
Casey pôde sentir sua espinha arrepiar. A garota engoliu em seco. Seu sorriso se desmanchou rapidamente.
— O que você falou?
Latidos de cachorro puderam ser ouvidos ao longe, como o único barulho presente no meio do nada, onde Casey morava.
— Eu quero saber com quem eu estou falando. — A pessoa corrigiu.
— Não foi isso que você falou.
— E o que você acha que eu disse?
Becker se afastou de sua televisão e colocou sua mão na porta de vidro da sala, tentando enxergar se havia alguém na mata.
— O quê? Alô? — A voz chamou, notando que Casey se encontrava em silêncio absoluto.
— Olha, eu tenho que desligar agora.
— Espera aí... Achei que fôssemos sair juntos.
— É... Eu acho que a gente não vai não. — A loira caminhou até sua porta e a trancou.
— Não desliga na minha cara! — A voz disse, cerca de um segundo antes de Casey desligar.
Enquanto a garota andava de volta para a cozinha, nervosa, o telefone tocou.
— Droga. — Ela resmungou antes de atender. — Alô? — Chamou, impaciente.
— Eu falei para não desligar na minha cara!
— O que você quer?
— Conversar. — A voz respondeu, manhosa, porém levemente cruel.
— Então liga para outra pessoa, sei lá. — A garota desligou de novo.
Aquilo que havia se tornado uma das conversas mais insistentes que Casey já ouviu. A cada toque daquele telefone suas pernas começavam a tremer mais.
A garota voltou a andar até a cozinha. Sua respiração começava a ficar mais acelerada e Casey tentava controlá-la.
Ela apressou seus passos e esticou sua mão para segurar o cabo da frigideira. Porém, aquele som insistente e incômodo apareceu de novo.
Ela bufou, sem paciência, e atendeu o telefone.
— Escuta aqui, seu idiota...
— Não! Me escuta você, cretina! Se desligar de novo eu vou estripar você como um peixe! — Aquela voz, antes divertida, havia se tornado rude. Seu tom aumentou e fez o coração da garota acelerar. — É...
— Você está brincando comigo? — Perguntou, a voz carregada de nervosismo.
— Mais um jogo, na verdade.
Casey começou a andar para trás.
— Você vai encarar...
Seus olhos seguiam de um lado para o outro, sendo dominados pela aflição da garota.
Seu cabelo acima de seu ombro já era capaz de assustá-la ao tocar sua nuca.
— Loirinha?
Casey Becker correu o mais rápido que pode para trancar as portas de sua casa, o que não era muito eficiente, já que quase todas eram de vidro.
Ela se colocou na ponta dos pés, espiando pelo vidro que havia na porta principal.
— Consegue me ver? — A voz perguntou. Era possível ouvir o sadismo através dela.
— Escuta aqui, se você não parar com isso agora, eu vou ligar para a polícia.
— Eles não chegariam a tempo. Estamos no meio do nada. — A pessoa argumentou.
Aquilo era verdade.
Casey morava longe da escola, por exemplo. Sempre demorava cerca de 12 minutos para chegar até lá.
A garota precisaria se abaixar e usar o telefone da sala, mas era muito arriscado. A mesma era cercada de portas e janelas de vidro. Mesmo assim, ela não poderia desligar, porque aquilo o enfureceria. Precisaria usar os dois telefones ao mesmo tempo, e se preocupar se a pessoa do outro lado não a estava ouvindo conversar com a polícia.
— O que você quer? — Ela questionou, o rosto já molhado por lágrimas.
— Ver como você é por dentro. — Respondeu.
A garota se afastou da porta, sentindo o medo sufocá-la. Chorar não ajudaria naquele momento.
Ela desligou o telefone, sem sequer saber se aquilo era uma brincadeira de um gigante mau gosto, ou se era realmente algo pelo qual ela deveria temer por sua vida.
Casey começou a andar devagar para sua sala, as costas encurvadas pelo medo.
A campainha tocou, ela se virou rapidamente, um grito causado pelo susto escapando de suas cordas vocais.
— Quem está aí? — Questionou, impulsiva. — Quem está aí? — Gritou. — Eu vou chamar a polícia! — Ela correu até o telefone, o agarrando. Ele tocou, então ela gritou de susto novamente.
Quando ela atendeu, a primeira coisa que a voz disse do outro lado foi:
— Nunca se deve perguntar "quem está aí?". Você não vê filmes de terror? — Indagou, ríspido. — É uma sentença de morte! Você deveria sair para investigar algum barulho estranho, sei lá.
— Olha aqui... — O pânico era perceptível em sua voz. — Você já teve a sua diversão. Agora é melhor você ir embora, senão...
— "Senão" o quê?!
— Senão o meu namorado vai chegar! Ele tá vindo, ele vai ficar uma fera quando descobrir... — Sua voz tremeu.
— Você disse que não tem namorado...
— Eu menti! — A garota assume. — Eu tenho namorado! E ele vai chegar a qualquer minuto e é melhor você se mandar! — Ameaça.
— Claro...
— Eu juro! Ele é grande e joga futebol e vai deixar você em pedacinhos!
— Aí, eu tô ficando com medo. — Ironizou. — Tô tremendo de medo.
— Então por que não vai embora? — Ela chorou.
— Por acaso o nome dele não é Steve... É?
O queixo de Casey caiu enquanto ela tentava descobrir como aquela pessoa sabia o nome de seu namorado.
— Como é que você sabe o nome dele?
— Acende as luzes do pátio. — Ordenou.
— Ah, não! — Sua voz falhou, dominada pelas lágrimas e o nó em sua garganta.
— De novo.
Lentamente, Casey se virou de volta para o interruptor em sua estante.
A luz do pátio foi acesa, então ela hesitou em olhar para fora. Quando finalmente conseguiu fazê-lo, sentiu seu coração despencar.
Steve estava em uma cadeira à sua frente, as mãos e pés estavam presos por fita tape. A boca também coberta pelo plástico.
— Ah, meu Deus! – Ela gritou e destrancou a porta, pronta para salvá-lo.
— Eu não faria isso se fosse você! – A voz ameaçou.
— Onde é que você está? Onde é que você está? – Ela repetiu, a visão turva.
— Adivinha...
Steve olhou para os lados, desesperado.
— Por favor, não machuca ele.
— Isso depende de você. – A pessoa provocou.
— Por que depende de mim?
— Eu quero jogar um jogo. – Revelou, por sua voz, era possível saber que não seria um jogo divertido, ao menos não para Casey.
— Não...
— Ou então ele morre agora! – Seu tom aumentou, fazendo o coração de Casey disparar.
— Não! Não... – Suas mãos tremiam.
— O que vai ser? Hm? O que vai ser? – Insistiu.
— O que vai ser? – Repetiu as falas do estranho. – Que tipo de jogo?
— Apaga a luz, você vai ver que tipo de jogo.
— Steve... – Ela murmurou o nome do garoto, se direcionando ao interruptor.
— Não faça isso! Não! – Sua voz soou completamente abafada por causa da fita. Seus olhos exalavam seu desespero enquanto ele tentava se soltar.
Casey apagou as luzes e se agachou ao lado da estante, com medo de que aquela pessoa pudesse vê-la.
— O jogo é assim: eu te faço uma pergunta...
A garota se apoia na televisão, tirando a lâmpada da tomada, afim de se camuflar mais no escuro.
— Se você acertar, ele vive.
— Por favor, não faz isso... — Implorou a loira.
— Vamos, vai ser divertido. É uma categoria fácil. – Contestou o desconhecido enquanto a garota continuava a implorar. – Perguntas de filmes. Vou fazer uma pergunta só para aquecer.
— Não faz isso comigo...
— Nome do assassino em Halloween?
— Não...
— Vai... É o seu filme de terror preferido, lembra? Ele usava uma máscara branca e perseguia as babás.
— Eu não sei.
— Vai... Você sabe.
— Não, por favor!
— Qual o nome dele?
— Eu não consigo pensar.
— Steve está contando com você. — A voz grave e nada humana provocou.
Casey engoliu em seco, depois respondeu:
— Michel... Michael Myers.
— Isso! Muito bom... Agora, a pergunta de verdade.
— Não! – Esbravejou Casey.
— Você está indo muito bem. Não podemos parar agora.
— Por favor, para. Deixa a gente em paz!
— Então responda a pergunta. Mesma categoria.
— Por favor... para. — Gaguejou.
— Nome do assassino de Sexta-Feira Tre...
— Jason! — Ela gritou. — Jason! É o Jason! — A garota se levantou, desesperada.
— Desculpa, a resposta está errada...
— Não, não está! Não está! Era o Jason!
— Sinto muito, não, não mesmo.
— Escuta aqui, é o Jason. Eu vi esse filme umas 20 vezes. Droga! — Xingou Casey.
— Então deveria saber que a mãe do Jason, a senhora Voorhees, era a assassina de verdade! O Jason só apareceu no outro filme! Lamento, mas sua resposta está errada.
— Você me enganou. — A loira disse, a voz trêmula.
— Sorte sua que tem uma rodada de bônus, mas o coitado do Steve está fora dela. — A voz ameaçadora deu lugar a um silêncio.
Casey abriu seus olhos e pode ver uma silhueta negra passar rapidamente à sua frente.
Aquele barulho fez seu corpo inteiro se arrepiar. O som agonizante apareceu depois dos olhos arregalados de Steve.
A garota gritou, se virando de costas para seu namorado. Não conseguia olhar para aquilo. Para seus órgãos que caiam até o chão.
Aquele era o barulho: eles caindo junto ao sangue, enquanto Steve não conseguia gritar, pois já estava sem forças.
Ele revirou seus olhos e jogou sua cabeça para trás, sentindo a vida sair de seu corpo.
Casey se agachou novamente e se escondeu atrás da TV.
Era possível ouvir a risada daquela pessoa louca do outro lado do telefone.
— Ei. A gente ainda não terminou. — A voz disse, Casey aproximou o telefone de seu ouvido novamente.
Seu corpo inteiro tremia e ela ainda tentava respirar. As lágrimas continuavam a rolar por seu rosto, juntas ao medo.
— Última pergunta. Tá preparada?
— Por favor, por favor, me deixa em paz. — Implorou novamente.
— Se responder a pergunta, eu deixo você em paz. — Um silêncio se instalou por um momento. — Em que porta eu estou?
— O quê? — Sua voz falhou.
— Tem duas entradas principais para a casa, a porta da frente e a do pátio. — Explicou.
Casey se levantou um pouco, conseguindo pegar uma tesoura fina de cima da TV.
— Se responder corretamente, você vive. É muito simples.
— Não faz isso. Não dá. Eu não consigo!
— Você escolhe. — Foi a última frase dita pelo desconhecido antes de uma cadeira atingir a porta, quebrando completamente o vidro do qual ela era feita.
A loira se levantou e correu até a cozinha.
A pipoca em cima do fogão já estava pegando fogo e espalhava fumaça pelo cômodo.
Casey dobrou seus joelhos, tentando se esconder atrás do balcão. A garota observava os lugares em volta dela, procurando por algum invasor.
Ela se estica sobre o balcão e pega uma faca, a mesma que havia pegado há pouco tempo, quando ainda estava em ligação com aquela pessoa.
Enquanto suas mãos e pernas tremem, Casey se obriga a começar a caminhar para longe do balcão, para fora de sua casa.
Seus olhos permanecem grudados no outro lado da casa. O silêncio é agoniante e parece ser o barulho mais alto que ela já ouviu.
Sua alma parece deixar seu corpo quando ela vê um vulto preto correr de um lado para o outro, a mão para cima, parecendo segurar algo.
Casey se vira para trás para ver se há alguém lá, então abre a porta e rapidamente a atravessa, depois a fechando com o maior cuidado possível.
Quando a porta fecha e estala, a garota consegue ouvir passos. Ela se esconde atrás da parede, depois se abaixando para que a pessoa não a visse passando por baixo da janela.
Ao longe, ela consegue observar o carro de seus pais adentrar a propriedade.
Ela respira fundo. Precisaria se levantar para correr, e quando o faz, nota uma figura alta do outro lado da janela.
A figura se vira para ela. O desconhecido usava uma máscara branca, os olhos estreitos e a boca aberta, como se estivesse levando um susto.
Casey grita, sentindo seu coração sair pela boca.
O ignoto quebra o vidro usando sua mão, e depois agarra o pulso da garota, querendo que ela soltasse sua faca.
Quando ele tenta atravessar a janela, Casey o atinge no rosto com o telefone. A pessoa cai para trás com um ruído de dor.
Sem esperar pelo que poderia acontecer em seguida, ela começa a correr. Seu ritmo diminui quando ela passa em frente à Steve, mas ela continua se afastando da casa.
O alívio aparece quando ela vê o carro de seus pais chegando na garagem, a menos de 15 metros de distância dela.
A loira olha para o lado, e antes que possa reagir, o estranho pula em cima dela, a derrubando.
Ela se levanta, voltando a correr, mas o desconhecido a segue.
Quando ele chega perto o suficiente, a agarra e cobre sua boca.
Sem conseguir gritar alto o suficiente para poder ser ouvida por seus pais, Casey é esfaqueada em seu peito.
A pessoa a joga no chão. Seu sangue começa a escorrer até o pescoço dela, sua respiração acelera e ruídos de dor escapam de sua garganta.
Ofegante, a pessoa se prepara para atingi-la novamente.
Casey consegue acertar seu pulso, o que faz a pessoa jogar a faca para longe, mas em compensação, agarra a garota pelo pescoço, a enforcando.
Ela junta suas forças e dá uma joelhada na área entre as pernas do desconhecido. Ele geme de dor, caindo na grama.
Becker olha para cima, observando seus pais ao longe.
Ela se levanta, caminhando com dificuldade até a entrada de sua casa.
Enquanto seus pais entram em casa, despreocupados, Casey tenta alcançá-los, com a mão no pescoço dolorido.
Seu pai sugere que eles entrem, depois percebendo que a porta de sua casa já está aberta.
— Mãe... — Casey tenta chamar, a voz mais fraca do que nunca.
O agressor observa Casey por trás.
O sangue da garota não faz diferença em sua roupa, que é um tecido preto que o cobre da cabeça até os pés.
— Meu Deus! — O Sr. Becker se choca ao entrar em sua casa e notar a bagunça dentro dela.
— O que foi? — A mãe de Casey diz.
O atacador joga a garota no chão da varanda e se coloca sobre ela.
Casey estica sua mão até a máscara e a tira. O ar foge de seus pulmões quando ela finalmente pode ver seu rosto.
Seu coração acelera.
A pessoa levanta a faca ao ar e a atinge de novo.
— Casey? — Seu pai chamou, chegando na sala e vendo a cadeira caída no chão, cercada de vidro.
A mãe de Casey se assusta quando nota a fumaça na cozinha, então corre para lá.
Quando percebe a pipoca pegando fogo, ela usa um pano para segurar o cabo da frigideira e a coloca na pia, depois ligando a água.
— Casey! Casey! — Gritou, nervosa.
Ela correu até seu marido.
— Onde ela está? — Berrou, em desespero por não saber o paradeiro de sua filha. Ela sabia que Casey não faria uma brincadeira como aquela, então o desespero apareceu imediatamente.
Seu marido segurou seus braços e disse:
— Chame a polícia!
Ela correu até o telefone e discou o número da polícia, mas a única coisa que ela conseguia ouvir do outro lado do telefone era alguém agonizando.
Uma facada atingindo a carne, e então, grunhidos de dor.
— Ah, meu Deus... — Murmurou a Sra. Becker. — Casey, é você minha querida?
— Onde ela está? — Casey pode ouvir a pergunta vindo do telefone que sua mãe segurava dentro de casa.
Seu corpo foi arrastado pela grama.
— Ela está aqui! Meu Deus, eu posso ouvi-la! — Exclamou a mãe. — Onde ela está? Meu Deus. — Ela repetia. — Eu escuto ela!
O pai de Casey tirou o telefone da mão de sua esposa e o colocou no meu ouvido.
— Chega! — Ele pode ouvir, vindo do outro lado da linha, seguido do fim da ligação.
O barulho repetitivo do telefone começou a ecoar em seu ouvido, então ele o afastou.
— Querida, pegue o carro. — Ele tentou ser racional, tentou deixar o desespero de lado. — E vá até a casa dos Mackenzie.
— Não, não... — Ela recuou, segurando a chave que seu marido a entregou. — A minha filha.
— Vai logo. — A voz dele começava a estremecer.
— Não... A minha filha. A minha filha. — Ela repetia, aflita.
— Vá depressa e chame a polícia! — Ele a fez sair da casa, enquanto o homem se virava de volta para o interior do imóvel.
Sua esposa saiu de casa, com as pernas trêmulas.
Seus olhos encaravam o chão, até serem levados ao longe.
O coração da mulher despencou, então seu joelhos cederam enquanto ela gritava.
Seu marido foi atrás dela, curioso e amedrontado.
Quando ela se juntou ao chão, outro grito saiu de suas cordas vocais.
Os olhos do pai de Casey se arregalaram, ele engoliu em seco, pois ao longe, eles puderam ver o corpo de sua filha.
Seu pai começou a correr até ela.
Havia uma corda em seu pescoço, a suspendendo na árvore em frente a casa.
Sua roupa estava ensanguentada, com furos de facada.
Os órgãos dela tocavam o chão, se separando de seu corpo.
Sua face, desacordada, já contava com um tom esbranquiçado demais para ser vívido.
Sangue escorria de seu nariz.
Os olhos estavam abertos. Ela encarava o chão.
A Senhora Becker não parava de gritar. Não podia descrever o que estava sentindo. Medo, desespero, aflição, pavor, melancolia.
— Minha filha... Minha filha. — Foi a única coisa que ela conseguiu dizer antes de sentir seu coração se partir no meio.

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⏰ Última atualização: May 12, 2023 ⏰

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