P r ó l o g o

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“Será que é possível apagar alguém da sua vida de uma hora para a outra?”

Cecília tentou sair de perto dele, já não aguentava mais aquilo. Seu coração estava literalmente quebrado, em milhões de pedacinhos irreparáveis.

Naquele momento, os dois estavam na casa do rapaz.

Tarso sabia o quão errado era aquela situação e, todo dor seria inevitável. Seus olhos percorreram todo o corpo da noiva, decorando mentalmente cada detalhe.

— Sabe Cecília, a vida nunca anuncia uma mudança de planos. — disse pausadamente. — Você chegou e assim como eu se entregou. Me preencheu com seu amor.  — concluiu com um sorriso fraco, sua voz não passava de um sussurro. — As coisas não são exatamente como você está pensando.

Veja bem, Cecília havia descoberto partes inconclusivas do contexto. No entanto, a realidade do rapaz, envolvia muito mais do que peças soltas.

A dor de Tarso era antiga. Tudo o que ele buscava era justiça.

A vida nunca anuncia uma mudança de planos. Por isso, no dia em que os dois se conheceram, tudo o que Tarso havia planejado desmoronou.

Tarso se aproxima lentamente, fazendo-os ficar extremamente próximos.

— Você não acredita que eu amo você? — ele sussurra baixinho, totalmente desolado.

— O amor é construção. E, construir sozinho é cansativo. Além disso, ele não deveria machucar tanto assim, Tarso.

Cecília chorava de forma profunda e feroz. Ela já não parecia estar no controle de si mesma e, suas lágrimas deslizavam impiedosas por seu rosto. Ele por sua vez, enxugou-as com as costas de suas mãos.

— Às vezes, são as escolhas erradas que, nos encaminham para o rumo certo. — garante, tentando amenizar o próprio desespero.

Suas testas estavam coladas e ambos permaneciam de olhos fechados.

— Deveríamos ter nos conhecido de verdade. Nós deveríamos ter uma vida, um futuro. Mas tudo não passou de uma possibilidade. — o corpo de Cecília estremecia, enquanto notava que, suas palavras pareciam desestruturar o noivo.

Ela teve medo que o universo inteiro, escutasse como se partia por dentro.

Tarso segurou seu queixo e levantou seu rosto, fazendo-a olhar em seus olhos.

Ela queria discutir.

Mas ele, respirou o cheiro da sua garota e rodeou seu corpo, abraçando-a sem pensar.

— Não existe felicidade, sem fim. Mas, aprendi a ser feliz em recomeços. Você me deu todos os motivos para ir embora... — depois de segundos inteiros, Cecília acorda do pequeno transe e, se afasta atordoada, conseguindo desviar do seu olhar penetrante. — ....E é exatamente isso que estou fazendo.

— Sabe me dizer, quantas vezes erramos, na esperança de acertar? — o rapaz perguntou desolado e prosseguiu. — Eu me apaixonei por você! Mas, acima de tudo, te conhecer me fez descobrir o que realmente significa o amor.

À sua volta tudo parecia meio turvo.

Dizem que, nunca esquecemos um verdadeiro amor.

Cecília não mudaria seu passado. Mas, gostaria de esquecê-lo.

— Eu achei que tudo isso fosse real, sabe? Mas hoje, eu só queria poder te desconhecer. — a jovem conclui amargamente. — Chega! Eu vou embora.

As palavras de Cecília atingem em cheio o seu coração. E uma contradição de sentimentos se faz presente. Naquele momento, ele se sentia completamente perdido.

O mundo estava caindo em uma típica chuva de inverno, rápida e devastadora.

Na intenção de sufocar toda sua dor, a moça sai do local desesperadamente. Mas ao passar dos portões, ela percebe que a chuva forte ainda não havia amenizado.

Enquanto isso, Tarso permanece alguns minutos paralisado em sua sala, tentando digerir tudo. Mas logo conclui que, deveria seguir sua garota e contar a ela toda a verdade. Por mais assustador que fosse, estava decidido a enfrentar as consequências.

Ao notar que Tarso estava vindo ao seu encontro, Cecília corre até o seu carro que estava estacionado do outro lado da rua. Ela já não se importava com os pingos fortes da chuva que ensopavam seu rosto. 

Mas foi nesse intervalo de tempo que tudo mudou.

No exato instante em que a moça atravessa a rua, um carro preto desgovernado avança em sua direção, atropelando Cecília, que cai imediatamente no chão.

O carro tinha os vidros escuros e estava há algum tempo parado em frente ao condomínio propositalmente. O motorista acelera e vai embora, sem prestar qualquer tipo de socorro. Tudo parecia ser milimetricamente calculado.

Tarso estava há alguns metros de distância e paralisa quando percebe o que acaba de acontecer. Ele corre até o local e se ajoelha devagar, acariciando o rosto de sua noiva, que agora se encontra desacordada.

Seus olhos lacrimejam e pela primeira vez em anos, se permite chorar.

Um choro profundo, de soluçar e tremer.

Ele pega o celular em seu bolso apressadamente e liga para a emergência, torcendo para que o socorro chegue logo.

É, meu amigo. Antes de amar, por favor, leia as instruções presas ao rótulo. E, não se esqueça das reações adversas, trazendo-te consequências inevitáveis, é claro.

 E, não se esqueça das reações adversas, trazendo-te consequências inevitáveis, é claro

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Preparem-se, Mantenha-se Real vai te prender até a última linha!        

Mantenha-se Real, obra fictícia. Escrita por, Ákyla M. Direitos autorais resguardados pela LEI N° 9.610, DE 1998. Plágio é crime, Não caia nessa!

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