1. Poderia ser pior (...)

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C E C Í L I A

Tudo continua escuro. Realmente escuro. Escuto apenas a batida de alguma música ao fundo.

Deus! será que eu morri e cheguei ao céu?

De repente, estou em uma sala aconhegante, cheia de acessórios de balé.

Então, eu me movimento num ritmo lento e contagiante. Por um minuto perfeito, sinto que estou completamente viva!

Meu corpo parece ter criado vida própria, impedindo-me de parar.

Depois de longos minutos, a música acaba, deixando-me totalmente frustrada.

Só então, sinto a presença de mais alguém na sala vazia. E, um rapaz misterioso, caminha em minha direção.

Seus olhos são de um tom familiar. Tão familiar, que prendem a minha atenção por dois segundos.

Ele se aproxima lentamente, nos deixando extremamente colados.

— Cecília, isso foi... incrível. Viu só? Esse seu medo de seguir na profissão e se especializar em dança, talvez, seja o medo de ser livre. — ele me abraça forte e nesse meio tempo, absorvo seu conselho.

Envolvo meus braços em seu pescoço, enquanto suas mãos enlaçam minha cintura. Involuntariamente, perco-me na imensidão dos seus olhos.

Seu polegar acaricia minha bochecha, delicadamente. Tudo é tão bom, que me provoca arrepios.

Nossos lábios estão a um suspiro de distância. Fecho os olhos bem apertados e, tento acalmar meu coração.

Mas essa foi uma péssima ideia, pois ao abrir os olhos tudo muda.

Agora, estou de volta a escuridão, não há nada além de mim.

Estou suando frio e meu corpo treme. Após o que parece uma eternidade, uma porta ao fundo se abre. E um forte clarão atinge meus olhos.

É possível ouvir alguns passos e a minha pulsação acelerada. Meu coração dispara e minha respiração falha.

Sinto a calmaria me atingir.

O local se encontra levemente aquecido e meus olhos param de arder.

[...]

"Ela se mexeu!"

"Ela está acordando!"

Ouço aquela voz ao meu ouvido e consequentemente, sinto-me voltar à realidade, aos poucos.

Abri os olhos com dificuldade. Tudo em mim parecia fraco e, eu via as coisas meio turvas e embaçadas.

Pisquei os olhos, tentando enxergar onde estava.

Assusto-me ao perceber que, um par de olhos brilhantes se encontra à minha frente.

Um rapaz de aparência cansada, observa atento, aos meus movimentos.

Ele senta ao meu lado, hesitante. E avalia meu rosto, como se pedisse permissão.

A proximidade dos nossos corpos me permite ter, a visão perfeita, de cada um dos seus traços.

Seu pescoço é longo, maxilar bem desenhado, bochechas levemente rosadas, lábios cheios e cabelos acobreados.

Percebo que, ele evita olhar diretamente em meus olhos. Parece uma criança assustada, na verdade. Uma criança assustada com a realidade que bate em sua porta, descontroladamente.

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⏰ Última atualização: Mar 07, 2021 ⏰

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