6- Terapia

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Aziraphale
Crowley e eu estavamos deitados mais tarde em nosso quarto sobre a livraria.
Eu não conseguia parar de pensar nessa missão. Eu sabia que não seria reprendido caso falhasse mas eu também sabia que não poderia conviver comigo mesmo sabendo que eu estaria falhando com Deus e com os outros arcanjos, mesmo eles sendo do jeito que são.
"Posso ouvir as endrenagens girando dentro dessa sua cabecinha linda e inteligente, meu anjo. Você sabe que pode me contar qualquer coisa, certo?"
Senti meu coração palpitar de amor. Era uma das coisas que eu mais amava em Crowley: eu sempre poderia contar com ele, mesmo quando brigaos ao longos desses milênios, ele sempre estava ali para mim e essa era a minha missão pessoal agora, estar lá para ele sempre.
Me afastei um pouco de seus baços apenas para lhe dar um selinho "Obrigado, querido. Eu sei disso e espero que você saiba que o mesmo é válido. Eu só estava pensando nessa missão. Eu temo que não consiga ajudar meus irmãos. Eu não sou apto pra essa missão. Eu sou muito mole pra isso"
Senti os braços de Crowley me apertarem contra si com força "Aqueles emplumados falaram alguma coisa pra você? Porque se eles fizeram você começar a duvidar de você mesmo eu vou..."
Pus meu dedo sobre seus lábios "Não querido, não foi algo que eles tenham dito. É só que...eu não sei como ajuda-los. Eu sempre fui tão diferente deles, eu sempre fui curioso e sempre só tentei ajudar a todos, é como se eu fosse feito de uma matéria-prima diferente deles."
Croley pegou em minha mão e a levou aos lábios para beija-la "Disso eu não tenho dúvida. Você é sem dúvida o que os humanos imaginam que sejam os anjos. Você tem suas particularidades mas elas te fazem ser perfeito. Eu amo você e..não acredito que vou dizer isso...eu tenho fé em você, Aziraphale."
"Oh Crowley, que idiota eu fui com você todo esse tempo. Me perdoe, meu querido. Eu nunca vou poder pedir o seu perdão o suficiente".
"Anjo, são águas passadas. Essas coisas foram perdoadas a muito tempo e nunca vou deixar de te amar mesmo que você me magoe."
"Não diga isso, Crowley."
"Não digo isso pra te chatear, eu só estou sendo sincero com você. Eu queria que você soubesse disso."
De repente foi como se uma lampada se acendesse na minha mente.
Dei um pulo da cama e quase derrubei meu pobre Crowley "É isso! Eureca, porque não pensei nisso antes? Meu querido Crowley, você é um gênio, eu te amo" exclamei enquanto beijava extasiado os lábios de Crowley.
Crowley apenas me olhou com um olhar meio abobado e com o rosto corado "Eu também te amo anjo e não que eu não goste de ser chamado de gênio mas oque foi que eu falei demais?"
"Vou fazer com que meus irmãos se abram. Talvez se eles falarem sobre como se sentem, vamos tentar adaptar isso para algo util. Oque você acha, querido?"
Crowley me olhou confuso "Talvez funcione mas o problema vai ser fazer eles falarem. Acho que nem um terapeuta pode dar jeito nesses caras".
"Curioso você dizer isso, meu querido, eu me lembro de ter passado por algumas conversas muito interessantes com um tal de Sigmus."
"Sigmund".
"Sim, isso, acho que é isso mesmo".
"Espero que você saiba oque esta fazendo, meu anjo".
"Vai dar tudo certo, meu querido Crowley".
***********
"Então, ja estão todos aqui?" perguntei olhando ao redor da sala do apartamento de Crowley.
"Você sabe que somos só nós, seu..." um pigarro interrompeu a fala malcriada de Gabriel.
Olhei agradecido para Crowley.
"Muito bem então. Por favor, vamos formar um circulo com suas cadeiras, sim?" comecei miraculando meus óculos e prancheta e algumas cadeiras ao redor da sala.
"Porque temos que fazer isso?"  Uriel bufou.
"Porque antes de vocês conviverem com os humanos, precisamos saber como interagir com eles sem causar problemas. Por exemplo , você Uriel. Você não pode chegar para uma pessoa e dizer que ela precisa perder peso pois esta gorda" disse lançando um olhar sujo para a mesma enquanto discretamente ajeitava meu colete."
"Mas eu tentei ser gentil. Afinal, amigos não dão conselhos para ajudar outros amigos?"
"E é aí , minha cara aonde eu quero chegar com vocês. Mesmo entre amigos ou parentes(coisas que vocês não são dos humanos) ha certos tópicos sensiveis para se ter uma conversa. Humanos ficaram muito sensíveis ao longo do tempo. E você Gabriel, você sabe aonde você errou?"
Gabriel resmungou de braços cruzados "Eu não deveria ter ido ajudar aquela bruxa velha".
"Duas vezes errado, Gabriel. Você não pode chamar as pessoas de bruxa velha"
"Porque não, ela realmente parecia uma bruxa e era velha?"
"Porque não é uma coisa educada a se falar e bruxa é um sinônimo de algo ofensivo. Bem, seu erro além disso foi tentar tomar a bolsa a força da pobre senhora. Você deveria ter se aproximado dela e educadamente perguntado se ela queria ajuda com a bolsa, Talvez ela pudesse ter dito não mas ela perceberia que você estava apenas tentanod ajuda-la ao invés de pensar que você era um assaltante bem vestido".
Ouvi a risada nada discreta de Crowley.
"Muito bem, vamos todos conversar. Passos pequenos e tudo mais. Crowley, você também."
"Oque?! Eu não preciso disso."
"Querido, por favor" tentei fazer meu melhor olhar de inocente.
"Droga, anjo, o olhar não vale. Isso é jogo sujo" resmungou se sentando na cadeira de frente para mim "Pronto, feliz?"
Sorri "Muito. Obrigado".
"Vocês dois são insuportaveis de tão doces" Gabriel reclamou.
Crowley deu um sorrisomaldoso em sua direção "Você e Beez podiam tentar também. Felicidade faz maravilhas para a pele, só Ela sabe com aquela lá precisa."
"Ora seu..."
"Meninos, meninos, vamos parando com isso. Crowley, eu preciso que você me ajude e não me boicote. Gabriel, se acalme por favor. Ótimo, todos mais calmos? maravilha. Vamos começar com algo simples. Escolham uma dupla e quero que vocês se sentem de frente um para o outro e falem das coisas que vocês gostam no anjo a sua frente."
"Sério mesmo? Ótimo, Gabriel, eu gosto do seu terno." Michael começou.
Fiz algumas anotações e sorri para Michael. "Muito bom, um ótimo começo. Agora quero que você pense em algo que não gosta em Gabriel e diga a ele."
"Impossível."
"Bem, nem todos são perfeitos, como bem sabemos. Por favor, faça um esforço"
"Por que você não tenta com seu...amante?"
"Bem, muito justo. Crowley. Eu acho seus olhos adoráveis e incriveis. Mas eu não gosto de como você dirige seu carro tão rápido, você poderia se machucar ou a alguém. Querido, você quer tentar?"
"Bem, eu sei que você não gosta de ir muito rápido. Ok eu quero fazer isso. Eu amo que você gosta de ajudar a todos. Uma coisa que não gosto? talvez quando você é muito teimoso".
Sorri, realmente as vezes eu sou teimoso. Por sorte, Crowley é ainda mais "Ótimo. Gabriel, você poderia tentar com Michael agora?"
"Esta bem. Michael, eu gosto de como você é focada no trabalho. Não gosto da cor do seu cabelo."
Michael ofegou e tocou no cabelo "Oque ha de erradio com a cor do meu cabelo"
"É muito...chamativa"
"Ok. Vamos dar uma pequena pausa. Michael, como você se sente com oque Gabriel falou?"
"Acho que um pouco ofendida, eu amo a cor do meu cabelo."
"Acredite, não tem nada errado com a cor do seu cabelo, é uma cor muito bonita, eu amo cabelos ruivos. Gabriel você entende que oque você falou pode ter sido simples mas que teve o poder de magoar Michael?" decidi ignorar o olhar amoroso de Crowley direcionado a mim.
"Sim." respondeu mau humorado.
"E agora, oque você precisa fazer?"
Gabriel olhou para Michael "Sinto muito. Eu não fiz o comentário para te machucar".
"Tudo bem" Michael disse parecendo se sentir um pouco melhor.
"Sandalfon, sua vez".
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"E então, oque você achou?"
"Bem, eu disse que tinha fé em você, anjo. Acho que depois de hoje, talvez esses cérebros de passarinho ainda tenham chance de fazer melhor.
Dei um beijo agradecido em Crowley.
"Acho que as coisas estão indo bem, querido"
"Claro que sim, você é o guardião do portão do Eden. 
 

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