Primeira Dama- Beauany

Capítulo 1

Any~

Alongo meu corpo, sentindo o sol sobre ele, de forma que meu corpo se aquece rapidamente. Puxando mais o meu corpo para que eu possa sentir uma leve sensação se ardência que tanto gosto.

— Any, você vai se atrasar!- minha mãe diz na porta

Seu olhar de preocupação parecia cada vez mais claro, talvez pela condição financeira ou mais provavelmente pelo hematoma em seu braço.

- Eu já vou!- digo meio hesitante

Me levanto vendo ela andar devagar, sumindo pelo pequeno corredor que leva a cozinha. Suspiro por um instante antes de pegar minha bolsa, e um par de tênis brancos um tanto surrados e sujos.

Passo pelo corredor dando uma leve olhada na sala, e para minha infelicidade lá está ele, com uma lata de cerveja na mão, esticado em sua poltrona reclinável assistindo jogo.

Respiro fundo antes de passar pela sala rapidamente, rápido o suficiente para alcançar a maçaneta antes de ouvir sua voz que ecoa pela minha cabeça.

- Não está esquecendo de nada?- ele questiona

Suspiro fechando os olhos, me viro para ele dando um sorriso falso que muito lhe agradou, pois ele retribui sem tirar os olhos da TV.

Me aproximo dele rapidamente imaginando que me distanciarei do mesmo modo. Me inclino em sua direção, sentindo o cheiro de suor e álcool que me faz chegar a quase vomitar.

Me aproximo de seu rosto sentindo a pele nojenta dele contra meus lábios, me afasto levemente sentido um alívio que dura pouco.

Pós ele me puxa para seu colo me fazendo sentar, arregalo meus olhos, cogitando por um momento gritar, mas lembro da apresentação. E por isso me forço a sorrir para que isso acabe mais rápido.

- Oh pequena Any, você cresceu tanto!- ele diz passando a mão pelo meu rosto e descendo para o meu peito

Viro o rosto para a televisão, vendo o horário, eu teria apenas quinze minutos para chegar no teatro, de qualquer modo isso não poderia demorar.

- Eu lembro quando você era pequena e andava pelada pela casa!- ele diz apertando meu seio- não tinha isso aqui!

Tento não fazer cara de nojo, mas apenas olho em seus olhos, com uma expressão neutra. Era o máximo que ele conseguiria ganhar de mim.

— Any!- ouço a voz da minha mãe exclamar- está atrasada!

- Esta?- Silvio questiona

— Estou, muito atrasada!- afirmo

- Não prenda a garota, minha mãe se aproxima, ela é uma estrela!- saio dos braços do homem que parece confuso com a situação, mas muito provavelmente o motivo de sua confusão eram as drogas e o álcool.

Corro porta afora, parando somente para reaver minha bolsa, fechando a porta com urgência, corro até o ponto de ônibus.

Fecho meus olhos e os abro rapidamente por ter em loop a cena de suas mãos me tocando, colada em minha mente.

Sinto um líquido percorrer por meu corpo e arder na minha garganta, ponho ele para fora sentido o gosto do pão e suco que tomei no café da manhã.

Ergo meu olhar limpando a boca com as costas da mão, me deparo com um carro preto parado do outro lado da rua. O que seria normal se não fosse luxuoso demais para esse bairro.

— Merda!- digo segurando firme minha bolsa me preparando para correr quando vejo o ônibus vindo

Faço sinal, apressada e o pego.