Be With You - YunGi

Família, corais e música.

POV: Narração em 3° pessoa na visão de Yunho.

Ilha de Jeju, Coreia do Sul
14/11/2004

Yunho caminhava lentamente pelas ruas frias, com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, até chegar em sua casa. Ao se aproximar, avistou um carro preto estacionado perto do portão, o que lhe causou um arrepio. Ele parou no portão por um momento, respirou fundo e entrou, caminhando até a porta e deixando os sapatos na entrada. Assim que entrou, ouviu alguns barulhos vindos de seu quarto.

A casa de Yunho era relativamente pequena e apresentava um leve cheiro de mofo, pois ficava fechada na maior parte do tempo. Yunho passava a maior parte do tempo na casa dos avós de Mingi, e sua mãe estava sempre viajando de um lugar para outro com seus diversos amantes. Ao entrar no quarto, ele viu sua mãe mexendo em algumas coisas no fundo do guarda-roupa. Ela estava com os cabelos, maquiagem e unhas impecáveis, vestindo roupas elegantes e exibindo uma boa aparência.

"Onde está?" Ela perguntou, olhando para o filho com desprezo.

"Onde está o quê?" Yunho franziu a testa, confuso.

"Os documentos do seu pai! Onde você os colocou?!" Ela quase gritou, revelando sua irritação.

Yunho arregalou os olhos e deu um pequeno passo para trás. "Você já esqueceu? Você queimou todos os documentos dele." Sua voz era carregada de ressentimento e mágoa. Ele se lembrava claramente daquele episódio doloroso, quando sua mãe, em um acesso de raiva, destruiu todos os documentos relacionados ao seu pai, apagando qualquer vestígio de sua existência.

A mulher permaneceu em completo silêncio por um instante e revirou os olhos. "Porra, agora vai ser impossível pegar aquele dinheiro... Por que não me impediu de queimar?!" Ela gritou, voltando-se para Yunho.

Yunho sentiu a raiva borbulhando dentro de si. Estar perto daquela mulher sugava toda a sua sanidade mental, fazendo-o desejar gritar até ficar sem voz. "Que dinheiro você está falando?", ele perguntou, sua voz carregada de frustração.

"Não te interessa!" Ela se levantou abruptamente, fechou o guarda-roupa desordenado e pegou uma bolsa que estava em cima do colchão no chão. Em seguida, saiu do quarto, esbarrando no braço de Yunho e o deixando sozinho.

Yunho sentiu o coração afundar até o estômago, enquanto uma mistura de nojo e repulsa se apoderava de seu ser. A lembrança dos documentos e tudo relacionado a seu pai sendo queimado era insuportável. Agora, as únicas lembranças que ele tinha de seu pai eram momentos felizes, como os mergulhos nos corais de Jeju e as lições de história compartilhadas por ele. Os livros eram tudo o que restava, e, por sorte, Yunho os havia guardado na casa dos avós de Mingi, um local onde sua mãe não ousava se aproximar, pois a avó de Mingi a repelia e a mandava embora aos gritos.

Sentado no quarto vazio, Yunho lutava contra as lágrimas que ameaçavam escapar. Ele se sentia abandonado, traído e marcado pelas feridas emocionais causadas por sua mãe. Antes que aquela mulher partisse completamente, ela voltou ao quarto e parou na porta. "Me empreste dinheiro", exigiu ela.

Yunho congelou. Como ela ousa...? Ele se levantou rapidamente e a encarou, sem saber ao certo como reagir.

"Vamos lá! Você vai negar dinheiro para sua própria mãe quando ela mais precisa, Yunho? Eu te criei a vida toda e você vai me negar alguns centavos?" Ela começou a gritar, recorrendo à chantagem emocional habitual. "Que tipo de filho nega dinheiro à própria mãe, hein?"

Yunho, trêmulo e lutando para não desabar ou explodir naquele momento, pegou sua carteira do bolso e entregou o pouco que tinha para ela. Não era muito, é claro. Ele se odiava por ceder, mas sentia que não tinha escolha. Caso contrário, sua mãe o perturbaria por dias, lançaria insultos em sua direção ou, pior ainda, poderia até mesmo agredi-lo.