•'Relembrando o passado'•

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A loira era jogada no chão do banheiro, enquanto o homem que dizia amá-la gritava e a xingava de todas as formas possíveis, ela apenas escutava as ofensas contra ela mesma, escutava o homem jogar a culpa toda em cima dela. Não era culpa dela estar grávida, não estava nos planos, não era o que seu marido querida.

Mas e o que ela queria...?

Soraya sonhava em ser mãe desde sempre, ter uma mine cópia de si, ter alguém para cuidar, proteger e abraçar.  Ver seu marido tão enfurecido por tal notícia a deixa extremamente triste, sentia-se a pessoa mais horrível do mundo por desejar algo que ele não queria.

Ela juntou as pernas contra o corpo, se encostando na parede quando César saiu, seus soluços eram pesados, suas lágrimas poderiam ser capazes de afoga-lá. Passou horas sentada na mesma posição, se perguntando o por que de tudo aquilo. Lembrava-se de como estava feliz ao saber da notícia da gravidez, se lembrava de como César havia ficado horrorizado ao ser notificado. Se lembrava dos seus gritos.

Seus pedacinhos eram quebrados sobre o chão gelado. O desespero batia em sua porta, seu marido saiu para buscar o que seria capaz de matar uma parte dela. Sentiu um enorme enjoo em seu estômago ao perceber o que ele iria fazer, ajoelhavasse em frente ao vaso sanitário e colocava todo o seu jantar para fora.

Em meio às lágrimas ela se sentava embaixo do chuveiro gelado, as águas corriam por seu corpo a molhando completamente, mesmo que ele já estivesse totalmente submersso as águas salgadas que de seu coração escorriam.

Seu mundo se apagou quando ele chegou, a obrigando a engolir os compridos enormes, sem nem ao menos se importar com as súplicas da mulher que se sentia angústia. " Vai ser melhor assim" ele dizia enquanto acariciava as costas dela, ela nem ao menos o escutava, agora mais do que nunca ela havia perdido o sentido de tudo.

Os dias se passavam rápidos, tanto que ela nem mesmo percebia. Sempre era a mesma coisa, ela vivia em casa deitada em sua cama, esperando o seu querido marido retornar para sua casa, e dar o mínimo de amor para ela, o que ele visava ser o suficiente. Que apesar do tempo, ainda sentia mesma dor que ela sentiu naquela noite perturbada de julho.

Os dias de Soraya seguiam sempre na mesma monotonia, sempre iguais, ela mesma não fazia nada mudar isso, não tinha mais forças dentro da mesma. Não haviam mais forças para lutar contra o mundo. Aquela soraya de anos atrás morreu. A loira feliz, que animava a todos com seus sorrisos luminosos, que tinha vontade de fazer a diferença havia morrido.

Naquela manhã, não seria diferente dos outros dias, Soraya se levantou da cama esfregando os olhos, ainda se sentia cansada e sonolenta. Esperava encontrar o marido na cozinha, como era domingo, mas não o encontrou. Ela não o viu sair, não sabia onde ele estava, suspirou percebendo que passaria mais um dia sozinha.

Sorrindo irônica ao perceber que ele mal se importava com ela, e nunca estava ali quando a mesma precisava. Soraya estava mais do que acostumada a fazer seu casamento sobreviver a base de migalhas de amor.

Nenhum dinheiro seria capaz de comprar sua felicidade, ela o tinha de sobra, mas mesmo assim nunca tinha encontrado uma loja que a vendesse em potinhos. Se perguntava por que tudo era sempre tão injusto com ela, desde que se lembrava.

- Bom dia senhora. - Marina a senhora que trabalhava para o casal a cumprimentou com um sorriso.

- Bom dia Mari! - Soraya sorriu pela primeira vez no dia, aos domingos a mulher sempre estava com a loira, que amava a companhia dela.

- Menina, venha aqui venha, preparei seu café. - Ela convidava soraya para vir a fazer companhia na cozinha, a mesma se sentou na mesinha pegando um pedaço de bolo em seguida uma xícara de café amargo.

- Está muito bom Mari, obrigada pelo cuidado.

- Não precisa agradecer a mim! Agradeça a seu marido, ele preza por seu conforto sempre. - Ah se ela soubesse... sorri fraco concordando com um aceno da cabeça. - Ah So, esqueci de te avisar, tem uma mulher na sala que quer falar contigo.

Soraya arqueou uma das sobrancelhas, quem estaria ali nessa hora da manhã? E porra ela estava toda desarrumada e desalinhada.

- Mari, quem é? - perguntou um pouco receiosa.

- Não sei pequena... Não perguntei o nome dela, mas é uma moça muito linda. - Ela voltou a mexer em seus afazeres, soraya encarou o corredor que a levaria para a sala e para a mulher misteriosa que a esperava. Se levantou e passou os dedos pelos fios loiros que estavam longos, já batiam em suas costas, ela deveria cortar logo.

Pensou em subir para o quarto e mudar de roupa, para ficar pelo menos mais apresentável, mas acabou desistindo. Estava confortável com a calça moletom e sua camiseta. Em passos lentos seguiu até a entrada da sala, tendo a visão dos cabelos da mulher que estava sentada de costas para a entrada, escuros e curtos.

- Bom dia... - Disse ao se aproximar, a mulher virou o rosto para a loira que no ato se surpreendeu com a surpresa, deixando transparecer em seu rosto.

- Bom dia Soraya, como você está? - A mulher deu um singelo sorriso em seus lábios carnudos e rosados.

- Bem Simone, e você? Quanto tempo... - Ela abriu os braços para receber o abraço reconfortante de Simone, seus olhos marejaram.

- Verdade... Você continua linda como sempre. - Soraya ficou vermelha, e Simone envergonhada por ter pensado alto.

- O-obrigada Simone... Você também. - Sorriu verdadeiramente e se sentou no sofá, convidando a morena a se sentar novamente ao seu lado.

Um silêncio confortável tomou conta do ambiente da sala, Soraya analisava a mulher ao seu lado, fazia anos que não a via , e não conseguia esconder a tamanha saudades que sentia.

Simone Tebet foi o primeiro amor de Soraya.

A mesma nunca foi capaz de abandonar o sentimento, na época um romance entre mulheres era muito difícil de se acontecer, e ambas tinham a plena noção disso. Os pais de Soraya decidiu mandá-la para estudar em outro estado, a garota se ajoelhou e implorou para não ir, mas eles não voltaram atras na decisão.

A noticia destruiu as mulheres, que se amavam tão intensamente... Na ultima noite delas juntas, elas juraram em baixo das estrelas e da lua cheia, que mesmo que demorasse uma vida inteira, elas voltariam uma para a outra. Anos depois soraya se casou com César para tentar suprir o vazio de seu coração, o vazio de seu corpo.

E agora, como prometido a anos, elas estavam frente a frente novamente.

Nenhuma das duas tinha esquecido.

O sentimento ainda persistia em seus corações.

Continua...

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Eu me odeio. Aaaaaaaaaaaaahhh, prometo que não vamos ter muita depressão.... o reencontro delas vai mudar tudo.

A Oceano  é Testemunha Onde histórias criam vida. Descubra agora