Caminhos de destinos ocultos

Capítulo 1

— Ravi!– uma mulher gorda de cabelos escuros trançados e de pele negra, ela grita enquanto
sai de uma casa simples descendo os degraus da pequena escada a frente da porta de entrada, a
luz alaranjada das janelas ilumina o grande centro de treinamento ao lado – Esse garoto não para
em casa – resmunga impaciente, com uma das mãos na cintura, pela agitação estampada em seu
rosto já havia gritado esse nome mais de 5 vezes.

— Aira, procuramos por Ravi por toda a tribo Makuai, nem sinal dele, os rapazes continuam na
busca. – diz uma garota de pele amarela com cabelos lisos e pretos se aproximando – de forma
acelerada— pelo caminho de terra entre as seis casas.

— Ele age como uma criança hiperativa, não sei o porquê dele querer sair a todo momento,
ainda mais em um evento que ocorrerá daqui pouquíssimas horas. – diz, ajeitando a postura,
preparando-se para dar ordens para a moça de olhos violetas, Cora. – De Zranta ele provavelmente
saiu, vou ter que ir atrás dele naquele mundo sem graça e sem vida novamente.

— O Ravi é um garoto muito aventureiro, ele não consegue ficar parado nem quando está aqui
conosco. Sempre dizem aqui na tribo o quanto era praticamente impossível de controlá—lo quando criança – Cora dá um leve sorriso e se distrai pensando em Ravi por um breve momento

— Eu tenho certeza que ele volta, se não for pelo evento será por você – continua e logo
pigarreia, envergonhada.

— Ele sempre foi assim, me indigno com o quão teimoso é – diz com um sorriso fraco.

— Eu até que acho fofo a teimosia dele... — Cora percebe o que fala e antes que possa mudar
de assunto Aira a interrompe com um sorriso malicioso.

— Cora, avise aos outros que irei atrás dele e pretendo voltar logo. Caso o encontrem por aí
mande o sinal que voltarei em um instante e o trago para casa, caso ele volte por vontade própria não o deixe escapar... acredito que não será uma tarefa que a incomode.– Aira pisca para ela.

Cora assente envergonhada . O som das conversas e risadas dos outros aumentam por um momento em que a porta se abre ao entrar em casa. Aira suspira indo em direção a floresta, os pés quase afundaram na terra, estava de fato irritada.

O país reconhecido pela guacamole, tortillas, burritos e principalmente tacos, é onde Ravi
deveria estar. O restaurante é simples, as mesas ficam apenas do lado de fora e os pedidos são
feitos em um balcão que fica em uma janela cinza. Acima do restaurante "Panela Paella", há um
prédio com janelas grandes e com rosas brancas e flores de lavanda em uma floreira. No balcão
há um um garoto de pele negra com dreads escuros na altura de seu queixo, é Ravi, quase precisando se abaixar para não bater a cabeça no topo da janela.

— Como assim não tem tacos? – questiona, o atendente de cabelos ruivos, está paralisado o
olhando com um camarão na mão enquanto uma paella está sendo preparada bem abaixo de
seus olhos castanhos escuros – Moço? – ele solta seu skate no chão e começa a gesticular –
Taquito?! – Ravi aperta os olhos esperando uma resposta, achava que sua pronúncia no espanhol estava ruim o suficiente para o garoto não o entender.

— Moço, licença mas aqui infelizmente não vende taco, estamos na Espanha não no México. –
Uma garota de cabelos cacheados escuros diz enquanto tira seu fone de ouvido se preparando
pra fazer seu pedido— Juan, eu quero o de sempre, por favor. – Juan não a responde e continua
segurando o camarão ainda indignado por Ravi ter feito um pedido tão fora de sua especialidade
– Juan? – ela bate suavemente em sua mão, começando um diálogo em português.

— Maitê, ainda não acredito no que ele estava me pedindo para fazer... acho que ele não está
muito bem sabe? Acho que ele está meio desestabilizado, você não viu como ele reagiu quando eu disse que não vendia taco... parecia que eu tinha beijado a mãe dele ou algo pior, estou até
me sentindo mal por não vender tacos, será que eu devo adicionar ao meu cardá— Ela o corta
abruptamente.