— Ravi, pare! – ela grita – Não venha com seu drama no dia do evento, você sabe que não há drama que me convença de mudar de ideia— continua, irritada – Eu te preparei todos esses anos para isso, você sabe quantas pessoas querem uma oportunidade como essa? Tenho certeza que muitos dessa tribo queriam estar no seu lugar. Dê orgulho ao seu povo, pare de fugir de suas responsabilidades. – ela se aproxima com uma expressão séria o suficiente para Ravi não desobedecê—la. Qualquer um teria medo de enfrentar Aira, qualquer um menos Ravi.— Eu nunca pedi por isso, nunca quis parecer superior aos outros só porque fui escolhido como o líder da tribo Dei Gatti, você nunca sequer perguntou se era o que eu queria, eu só queria que você me entendesse, mãe... digo Dona Aira. – A voz trêmula, como se nunca tivesse tido coragem de contrariara-la antes – mas sempre a contrariou, desde de que se lembra, a relação sempre foi desse jeito— ele suspira a olhando – Mas eu vou lhe obedecer, logo eu desço.
— O que você realmente quer não importa a tribo, precisamos de você no palácio na ilha de Zemantis e não passeando por aí. Agora vá se preparar e sem resmungar – Aira sempre tem um tom de voz ácido mas não com todos, com alguns poderia ser amável e com outros um monstro. Pelo menos para Ravi era assim.
— Eu já entendi, Dona Aira. – sua voz é séria, sua expressão está neutra —não era como se nunca tivessem discutido.— Aira sai do quarto suspirando indo em direção aos outros dormitórios – Como sempre eu sacrificando as minhas vontades para o "bem" da tribo. Qualquer um poderia fazer isso, mas não...tem que ser o único que não quer. Isso que recebo por ser filho de uma das donas de toda essa tribo – continua ele, sibilando.
— Calma Ravi, talvez nem seja tão ruim assim – Kayin diz tentando anima-ló e Benjamin concorda.
— Vou ter que ficar agindo que nem idiota, eu nem devo ter classe o suficiente para isso— comenta, terminando de arrumar sua cama – Vocês estão confiando demais em mim, isso me preocupa.
— Você vai conseguir, fica tranquilo. Você vai ficar lindo com aquelas roupas chiques.
— Faço das palavras de Kayin as minhas, agora vamos. Suas roupas lhe esperam lá no palácio.
Ravi suspira.
Todos os membros da tribo devem estar presentes na iniciação das provas para futuros príncipes e princesas, Ravi mesmo tendo grandes chances de passar nas fases outros membros também se candidataram para participar contra ele. O caminho é de terra, cada casa é composta por membros da mesma espécie, no total há seis casas praticamente iguais ao da tribo dei gatti. Há garotos ruivos que se empurram ao saírem pela porta, eles são da tribo Delle Volpi, as raposas. Todos saem agrupados e irritando uns aos outros. O último que sai da casa olha para Ravi abrindo um sorriso.
— Boa sorte Ravi! – um garoto de cabelos longos ondulados e ruivos sibila fazendo um gesto de empolgação.
— Obrigado, Kiran – Ravi diz sem emitir som com um sorriso forçado – Eu não posso decepciona-los mas não sei se sou o que eles precisam... manter o sorriso no rosto é a única coisa que sei que consigo fazer nesse momento. – sua voz está baixa, o suficiente para apenas ele mesmo ouvir.
— Disse algo, Ravi? – Bomani pergunta se aproximando se agarrando em seu braço.
— Não, só pensei alto. – responde, semicerrando os olhos para enxergar quem está fazendo movimentos exagerados para chamar a atenção de Bomani. – Acho que a Adela está te chamando.
— Está mesmo, fique tranquilo, está bem? – pergunta, se afastando e ele assente.
Mais à frente há membros da tribo Dei Lupi, os lobos, raramente são vistos durante o dia, alguns têm arranhões pelo corpo, principalmente os mais velhos por treinarem os mais jovens que ainda não sabem lidar com a força que têm. Um homem de cabelos longos e avermelhados sai de sua casa chamando os integrantes da tribo Di Serpenti, as cobras, todos tem escamas suaves pela pele e os olhos variam entre as cores amarelo e verde, um deles olha para Ravi de cima a baixo e sorri com mais sarcasmo que Ravi na maioria do tempo, a pupila vertical intimida mais ainda, o olhar é travesso demais, até para ele. Todos moram perto o suficiente para serem próximos, mas desde que Ravi se lembra a tribo nunca foi unida como o esperado. Uma pequena parcela formou vínculos mas os líderes não se agradavam com isso. Muitos não queriam se "misturar" com outras espécies por se acharem superiores á elas. Os Dei Gatti por serem gatos e pequenos eram os mais subestimados por todos. O ódio de alguns moradores da tribo por Ravi se deu quando desde cedo foi a escolha principal para ser uns dos futuros príncipes antes mesmo de pisar pela primeira vez em um campo de treinamento. A injustiça não é um ato comum em Makuai mas quando há ela é eterna, não há nada que possa reverter a situação – Não que Ravi já tenha tentado reverter a situação— Não era como se fosse óbvio, a tribo Dei Gatti sempre foi levemente afastada, as vezes questionavam se eram os banidos. Isso só não aconteceu porquê Aira é praticamente a representante geral.
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Caminhos de destinos ocultos
RomanceDestinado a uma vida perfeita, na percepção de sua mãe, Ravi, dono do sorriso mais convencido de sua tribo, com sua rebeldia nada repentina, decide tomar um rumo diferente antes que seu futuro como príncipe do castelo o impeça de fato da sonhada lib...