O pedágio

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Dando passos desequilibrados, a criança — aprendendo a andar — inclinou-se para olhar dentro da dispensa, que estava com a porta entreaberta.

Agachou-se e entrou agilmente, gatinhando. Iniciou sua missão, primeiro abrindo a porta dos armários, depois retirando as embalagens, espalhando-as pelo chão.

Sentando-se orgulhosa de seu feito, pegou o saco de farinha e na tentativa de abrir o plástico denso com toda sua força, acabou caindo de costas.

Sentiu uma massa frigida, que se estendia do topo da cabeça até a nuca, onde teve um arrepio. No mesmo instante, capturou com os olhos uma criatura alta — que encurvava a cabeça por não caber no pequeno cômodo — de cabelos finos e uma vestimenta preta tão comprida quanto a mesma.

Encarava com seus olhos negros profundos, a criança que, instantaneamente, pôs-se a se levantar agoniada.

Tirando a cabeça dos pés da criatura, começa a gritar e corre para a porta, que é fechada bruscamente pela mão monstruosa da coisa.

Virando-se aterrorizada, chora ainda mais alto, na esperança de ser ouvida por alguém.

A criatura inclina-se mais para encarar a criança de perto. O ar do ambiente, cada vez mais sombrio, tornava tudo cinzento, desvanecendo a vitalidade dali. Nesse momento, a pequena ficou paralisada e de olhos arregalados.

— Ainda não. — Disse a coisa de voz tremula e arranhada.

Virando-se, a criatura caminhou de forma grotesca até a parede no fim da dispensa, onde, contorcendo-se, se enfiou entre o armário e a parede, sumindo e deixando um caos silencioso no ambiente.

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⏰ Última atualização: Mar 26, 2023 ⏰

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