Sorria e Acene

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Olá, domingo é dia de postagem e eu quero fazer direitinhoBoa leitura


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Pelo menos ¼ dos guardanapos da mesa foram rabiscados com leis que serviriam em casos hipotéticos, os potes de katchup e mostarda viraram um casal, a maionese um filho e o molho de pimenta um amante.

A expressão "sorria e acene" nunca foi tão verídica porque por mais de 20 minutos foi o que eu fiz enquanto ouvia tudo que eu já aprendi de forma tão simplificada que meu professor da faculdade que amava explicações completas como a página de um livro olharia Albert Oliver como um pirralho do jardim de infância que a mãe pintava como o próximo Einstein só porque sabia quanto é 4+9.

Eu vi a pena nos olhos do garoto que trouxe os nossos pratos quando olhou para mim. Me deu até um bombom por conta da casa.

– Você sempre tem que ter em mente que um casal pode querer voltar atrás nos últimos minutos do campeonato – Albert explicava com afinco, qualquer coisa que acontecia ao redor no estabelecimento não conseguia atrair sua atenção e parar suas palavras facilmente – Já teve um cliente que me contratou para fazer o seu divorcio três vezes, nas duas primeiras ele desistiu.

– Na terceira ele foi até o final finalmente?

– Não... Ele morreu faltando um mês pra audiência. Eu até fui no enterro – deu de ombros.

Eu não sei se deveria, ou poderia, mas isso me fez rir enquanto brincava com o canudo do refrigerando. A expressão tranquila dele pelo menos confirmou posteriormente que eu não levaria uma bronca de rir de um defunto.

A explicação seguiu até o som do celular tocando fez Albert pedir desculpas, se levantar e sair de perto a passos apressados até estar do lado de fora para atender a ligação. Maneei a cabeça pescando meu próprio celular enviando uma linha completa com sinais de interrogações para Sam.

Meus olhos revezavam-se entre olhar o aparelho e o advogado que agora parecia preso em um dialogo que o fazia franzir as sobrancelhas e balançar a cabeça em acordo com o que quer que a pessoa do outro lado estivesse lhe dizendo.

Quando a ligação foi encerrada ele retornou para dentro com o aparelho no bolso e olhos de arrependimento novamente. Seria Freddie que o ligou sentindo sua falta?

– Acho que teremos de terminar nossa aula por aqui. Preciso voltar agora. Desculpe.

– Não se sinta culpado, quem tomou seu tempo em primeiro lugar fui eu, então se alguém deve pedir desculpas aqui não é você – sorri complacente.

– Se precisar de ajuda com alguma coisa no futuro não se contenha e venha até mim.

Isso não vai acontecer.

– É claro, professor Oliver.

Quando a imagem de Oliver já não podia ser vista me ergui com minha bolsa indo para dentro do banheiro, entrando em uma das pequenas cabines, substituindo o maldito vestido por outro que pelo menos tem um lugarzinho no meu guarda-roupas e saltos de verdade, que merecem meu respeito e adoração por serem bonitos.

Meu celular vibrou no bolso da bolsa quando já estava do lado de fora e eu o peguei atendendo.

– Ele acabou de ir embora – soltei enquanto bagunçava os fios castanhos e substituía o batom – Segurei o máximo que pude.

– Quer tentar fazer isso de novo?

– Não.

– Freddie me deu um cano.

Pelo Que Você Luta?Onde histórias criam vida. Descubra agora