Lila
7 de abrilDa janela ela parece tão pequenininha, eu a vejo chegar no colégio, cumprimentar as mesmas pessoas de sempre e, assim como sempre, guardar suas coisas na sua sala e permanecer lá.
Tenho certeza que valeu a pena cada minuto que tive que economizar para chegar mais cedo, assim poderia todos os dias ver ela chegar. Minha Verônica é tão vaidosa, sempre chega bem cuidada, com seus cabelos ondulados, cor da meia noite, soltos ao longo dos ombros. Sem dúvida, acordaria todos os dias horas mais cedo se isso significa poder olhar tal beldade.
Suspiro, sozinha na sala. Me tenho sozinha com meus sentimentos, a quais sequer posso confiar, afinal, se dependesse dos mesmos eu poderia sair correndo a qualquer segundo aos braços dela. Se bem que não me parece uma ideia tão ruim, tenho a certeza de que Verônica abraça bem.
Eu a esperei por anos, guardando apenas pra mim cada sorriso exagerado e rubor do rosto. Não quero mais ninguém a não ser ela, sempre me pareceu tão linda fazendo coisas das mais simples, até quando estudava concentrada ou acordava atrasada, vinha com os cabelo arrepiados e olhos cansados. Principalmente, para mim, quando não tentava ser bela e vistosa.
Ainda me lembro do dia do qual nos conhecemos, no cinema da nossa cidade, com sua irmã mais nova; Rosa. Na época Rosa era uma criança pequena, deve fazer pouco mais de 3 anos.
As duas entraram juntas, eu mal as vi, estava comprando o ingresso para um dos filmes que mais tinha esperado, um dos mais apreciados da estação, simplismente todos meus amigos, familiares e até os fóruns da internet sabiam e queriam ele.
Eu acordei cedo, economizei dinheiro por meses desde que tinham liberado a data exata de quando o filme lançaria no cinema local. Me programei para não atrasar e conseguir lugares bons.
Havia terminado a compra e fui pegar meu balde de pipoca, quando ouço um choramingo, vindo de uma criança na fila, era Rosa.
— Vê!! Você me prometeu que eu conseguiria ver esse filme. — Ela diz em um tom em um misto de frustração com tristeza — Eu esperei por ele a semana inteira, até fiz minhas atividades! Fiquei com calo no dedo por 2 dias seguidos por causa dos deveres de matemática!! — Rosa exclama, mostrando exageradamente o dedo indicador esquerdo, certamente tentando mostrar o calo, que já não estava mais ali, e talvez nunca nem esteja estado.
— Olha, Rosa — Verônica ( ou Vê) se ajoelha na altura da irmã, coloca uma das suas mãos no ombro da mais nova e responde, amistosa — Não é culpa minha, nem do moço e muito menos sua— ela suspira, encarando a irmã, que prontamente havia parado de chorar para escuta-la — Essas coisas acontecem, é um filme concorrido, assim muitas pessoas querem ver e acaba não sobrando ingressos. Me desculpe, da próxima vez eu compro os ingressos pela internet. — Ela suspira, coloca a mão na nuca e olha para a irmã com súplica.
Não sou boa em disfarçar, admito, talvez seja por isso que Vê me olhou pela primeira vez, talvez ela mesma tenha se perguntado quem era a esquezitinha que olhava tanto ela.
Quando seu olhar encontrou o meu, me senti tão energizada derrepente, cada pequena partícula do meu corpo estremeceu sob seus olhos felinos cor de café. Meu peito pulou, e, se deus quiser, espero que ela não tenha percebido o caos que causou dentro de mim, porque tenho certeza meu coração mau conseguiu sair inteiro e eu morreria de vergonha de ela soubesse o quanto eu fiquei alegre só de vê-la.
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contos de romance
Romancecontos de romance curtinhos mas que foram feitos com amor ;)