Do outro lado tem...

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14 de junho, 2019

Um vento gélido de outono passou por Baekhyun, fazendo-o se encolher no moletom que usava, escondendo do narizinho para baixo no tecido quentinho da roupa. O Sol ainda cumpria seu trabalho, dando o ar da graça e deixando um climinha morno, totalmente diferente do verão, porém, vez ou outra, uma corrente de ar fazia-se presente. Organizava suas ferramentas de jardinagem quando pôde ouvir o barulho de motor que reconhecia com maestria.

Desistindo de continuar a arrumação, olhou rapidamente para suas flores, certificando-se de que todas estavam regadas e bem cuidadas. Além de Kyungsoo, Baekhyun carecia de amigos. Possuía alguns colegas aqui e ali, porém faltava a intimidade que caracterizava uma amizade verdadeira. Deu de ombros, balançando a cabeça e espantando os pensamentos melancólicos.

Com suas perninhas curtas, deu uma corridinha até o muro que separava o seu jardim do de Park Chanyeol, seu vizinho. Sabia seu nome graças às vizinhas — fofoqueiras — que moravam por ali, estas que praticamente tinham-o adotado — elas amavam garotinhos fofos. Um sorrisinho travesso enfeitava seu rosto, o que fazia-o parecer uma criança prestes a aprontar. Em partes, era quase isso. Pegou o banquinho de madeira que, propositalmente, deixava próximo ao muro, colocando-o rente à parede, subindo. E então, na pontinha dos pés, esperou o Park aparecer.

Para aqueles que vissem do lado oposto, a cena chegava a ser fofa. Cômica e fofa. Só podia ser avistado um tufo bagunçado de fios rosados — culpa do vento —, olhinhos puxadinhos e pequenos, estes que brilhavam como duas turquesas.

Suas intenções estavam longe de serem maldosas,  não queria aparentar ser um stalker ou coisa pior, céus, jamais! No entanto, acompanhar o vizinho — mesmo de longe — passou a ser como um ritual para si. Enxergar o outro lado muro era como alcançar seu nirvana diário. Nem ao menos saberia dizer quando tal hábito havia começado, mas talvez, agora, só quisesse uma explicação plausível do porquê seu coração bater um tantinho acelerado pelo outro, a ponto de fazer todo um esforço para vê-lo. Porque sim, era um esforço e tanto.

Desde criança, Baekhyun possuía uma característica única que aparentemente o acompanharia para o resto da vida, a sua altura. Ou melhor, a falta dela. Atualmente tinha 165 cm. Sempre foi menorzinho se comparado com as outras crianças da sua idade — e até mesmo algumas mais novas —, o que de certa forma virou um motivo para ser caçoado por um tempo na escola. Só tendo paz quando mudaram seu alvo para um garotinho que tinha a língua presa. No íntimo, tinha dó dele.

Foi esse sentimento de pena que despertou o lado justiceiro do pequeno caçula dos Byun, levando-o a defender Doh Kyungsoo. No entanto, nada iria mudar o fato de que estavam em menor número, além de serem apenas dois meninos fracos e injustiçados. Bom, pelo menos Baekhyun havia tentado, mesmo que isso tivesse lhe resultado em alguns socos. Crianças podiam ser maldosas quando queriam.

Ironicamente, havia se tornado um professor de Educação Infantil. Provavelmente por querer guiar esses seres em fase de desenvolvimento e evitar comportamentos como os que tinha sofrido.

Desse acontecimento — não tão legal, convenhamos —, nasceu a amizade Baeksoo, como os próprios denominaram. Dois meninos antissociais contra o mundo. Kyungsoo com sua carranca e Baekhyun com seu jeitinho gentil e às vezes inocente demais. Consequentemente desabrochando um lado protetor no Doh, porém é história para outro dia.

Voltando, finalmente pôde visualizar a imagem de Chanyeol. Ele andava em passos longos, espaçosos, chutava que só conseguia tal proeza por causa da sua altura, que por sinal era enorme! Arriscava 190 cm. Na verdade, Chanyeol tinha uma beleza estonteante, daquelas que você parava e se perguntava se era real.

Detinha um rosto másculo, com feições marcadas e delineadas, barba em dia. Os olhos eram naturalmente arregalados e grandes, por sinal, o Park era todo grande. A começar pelas orbes escuras como ébano, depois as orelhas avantajadas. Os lábios eram grossos e ressecados, Baekhyun deduzia isso por diversas vezes ter visto seu vizinho puxando as famosas “pelinhas”. Seu principal charme era o cabelo vermelho, este que possuía um tom fortíssimo e chamativo. Na ponta, eram cacheados, enquanto que nas laterais, o tamanho diminuía um pouquinho, dando destaque para os cachos. Tinha um costas largas e braços firmes, consequentemente apertando as camisas sociais que usava. Baekhyun definiria Chanyeol como: a baby face with a daddy body.

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