Prólogo - O Fim da Escuridão

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Ráth Cairn era uma construção antiga, erguida há muitos séculos atrás. As paredes de pedra, desgastadas pelo tempo, suportavam as pressões da água salgada que enchiam cada cômodo e sala. O teto abobadado, suportado por grandes vigas de madeira, estava em ruínas e vários pedaços já haviam desabado. As paredes e o chão estavam cobertos por musgo e algas, dando à fortaleza um aspecto sombrio e melancólico.

A água gélida era a grande protagonista do ambiente, espalhando-se por toda a fortaleza inundada, com correntes fortes e ondas que batiam contra as pedras como se estivessem gemendo de dor. A lua cheia, que se encontrava no auge da noite, iluminava toda a cena com um brilho prateado, destacando as pedras antigas que cercavam a arena de batalha.

A atmosfera era densa, repleta de tensão e medo. Os sons da água em movimento eram altos e constantes, as ondas se chocando contra as paredes da fortaleza inundada, criando um eco que ressoava por toda a construção. Os flocos de água flutuavam na superfície, como se tivessem vida própria, movendo-se ao sabor das correntes.

A escuridão era quebrada apenas pela luz da lua, que revelava detalhes escondidos nas sombras. Algumas áreas estavam em completa escuridão, mas ainda assim, era possível ouvir ruídos de movimento vindo desses cantos escuros. Era uma atmosfera tensa, onde o perigo espreitava a cada canto, mas a coragem era uma necessidade absoluta.

Eu lutava para manter a consciência, meu corpo cansado e ferido já não aguentava mais. Minha respiração pesada e ofegante se misturava com o som das ondas que batiam contra as pedras, como se as próprias paredes estivessem gemendo de dor. Sentia o poder da magia pulsando em minhas veias, como um rugido selvagem que não podia ser contido. Tinha consciência de que estava chegando ao meu limite, mas não podia desistir.

Lutei contra esse demônio por horas, com minha mente resistindo às suas habilidades de controle mental enquanto tentava encontrar uma abertura em sua defesa. Finalmente, lembrei daquela magia antiga, mas letal, em uma página destacada de livro que tinha visto anos atrás. Algumas daquelas figuras faziam mais sentido agora. Era a minha única chance de vitória.

Com minha vida em jogo, levantei a mão e estalei os dedos. Disse as palavras e o poder da magia explodiu do meu corpo, envolvendo tudo ao meu redor. Senti a energia se dissipar rapidamente, mas sabia que tinha feito o que precisava ser feito. Vi o inimigo à minha frente desaparecer em um borrão escuro, como se tivesse sido sugado pelo próprio vazio. Uma mistura de alívio e exaustão tomou conta de mim.

Caí de joelhos, sentindo meu coração pulsar com um ritmo irregular. Minha visão embaça enquanto luto para respirar. O poder da magia me consumiu, e sei que não tenho muito tempo. O ar é denso, como se a própria magia tivesse sugado todo o oxigênio do ambiente. Minhas mãos tremem e minhas pernas ameaçam ceder.

Enquanto a escuridão se fecha ao meu redor, sinto minha vida passar diante dos meus olhos. Uma sucessão de memórias que me levam desde minha infância até esse momento fatídico, onde me encontro em uma batalha épica pela minha própria vida. Vejo minha família, meus amigos, minha jornada, todos os momentos que me trouxeram até aqui.

E então, a escuridão me envolve completamente, e sei que estou morrendo. Mesmo assim, sinto um sorriso curvar meus lábios, sabendo que fiz o que precisava ser feito para proteger aqueles que amo. A sensação de realização me toma por completo, mesmo com a dor e a morte se aproximando. E então, tudo se apaga.

A Queda do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora