Reflections

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Eu tentei botar pra fora pra você notar
Poderia, deveria, mas você nunca notou
Queria que você quisesse um pouco
Mais, mas para você, dar é um desafio

- Reflections, The Neighbourhood.

A luz do luar refletia na pele branca de Daemon, seus cabelos longos e prateados estavam soltos e molhados. Suas mãos passavam por seu abdômen definido, ele parecia estar desatento e afinal estávamos nos arredores do palácio, não havia o que temer.

"O que estou fazendo?" Pensei comigo mesma enquanto estava entre árvores e arbustos, observando como uma maluca o meu próprio tio banhar-se. Pelos sete! Isso é tão errado, mas eu estava em uma espécie de transe. Aquela cena tinha me hipnotizado de uma forma que eu não conseguia mover um músculo sequer.

Mas ao lembrar-me que aquele homem totalmente despido além de ser meu tio, era o marido de minha prima mais próxima me fez despertar daquele transe rapidamente.

Um barulho inesperado denunciou a presença de outra pessoa fez com que Daemon olhasse para a direção em que me escondia, rapidamente me escondi atrás de uma árvore, deparando-me com Criston Cole.

– Princesa, seu pai ordenou que eu a encontrasse e a trouxesse de volta ao palácio.- Ele disse preocupado, certamente aquele local não era apropriado para uma princesa estar desacompanhada.

– Mas a minha irmã....- Tentei me pronunciar ainda presa em meus pensamentos.

– A princesa Rhaenyra já retornou ao palácio. Venha comigo, por favor. São ordens do rei.- Criston disse estendendo sua mão para que eu a segurasse. Obviamente a segurei e ele me guiou até o seu cavalo, onde me ajudou a subir no mesmo.

Criston segurou as rédeas e guiou o cavalo até o palácio. O percurso foi totalmente silencioso, não me atrevi a dizer nenhuma palavra sequer já que Criston e eu não éramos próximos.

Eu me sentia constrangida por me aproveitar de uma situação vulnerável de meu tio para observá-lo. Não sabia como conseguiria estar no mesmo ambiente que meu tio sem me lembrar do que vi naquela noite! E a Laena?! Pelos Deuses! Se ela descobrisse...ficaria decepcionada comigo e se sentiria traída.

– Chegamos, princesa.- Criston disse ao passarmos pela entrada do Palácio, ele me ajudou a descer e fez uma breve reverência se afastando.

Assim que adentrei o palácio encontrei meu pai sentado ao lado de Alicent que estava em pé. Seu olhar como sempre era de decepção e obviamente viria um sermão em seguida.

– Visenya, você e sua irmã querem me matar?!Quase infartei de tanta preocupação.- Ele disse com sua mão na cabeça, me olhando de relance enquanto sua esposa segurava sua mão.

– Me perdoe, pai. Não irá acontecer novamente, sei que errei.- Respondi abaixando minha cabeça.

– Tudo bem. Vá para seu quarto.- Ele disse suspirando.– Essas meninas vão me matar algum dia de tanta preocupação! Ainda bem que minha rainha me dará um filho.

Alicent sorriu envergonhada e logo abaixou sua cabeça. Certamente quando essa notícia chegasse aos ouvidos de Rhaenyra, ela surtaria de vez.

Segui meu caminho até meus aposentos tentando tirar a imagem do meu tio da minha cabeça de uma vez. Oh céus, por que eu não paro de pensar nele?

Ao abrir a porta pesada de meu quarto deparei-me com minha irmã sentada em minha cama um pouco cabisbaixa. Ao perceber minha presença desatou-se em lágrimas.

– Rhaenyra.- Foi a única coisa que consegui dizer antes que a mesma me envolvesse em um abraço apertado, molhando o tecido de meu vestido com suas lágrimas. Desfiz aquele abraço, secando suas lágrimas com os polegares.– É o nosso pai, né?

Ela assentiu com a cabeça e sentou-se novamente na cama, fiz o mesmo sentando-me ao seu lado. Segurei as mãos macias de minha irmã em forma de consolo.

– O que há de tão mal com sor Laenor? Ele é um bom cavaleiro, com certeza vai ser um bom marido.- Disse tentando consolar minha irmã que só em ouvir na palavra "marido" voltou a desatar-se em lágrimas.

– Eu não desgosto de nosso primo.- Ela respondeu com um pouco de dificuldade por conta de suas lágrimas.– O problema é que eu amo outra pessoa.

– Oh... irmã, eu não sei o que dizer.- Estava surpresa com a confissão de Rhaenyra, nunca havia visto ela com algum cavaleiro ou lorde. Certamente fiquei curiosa para saber quem era o responsável pelo sofrimento de minha irmã.– Quem é esta pessoa?

– Não posso dizer, me perdoe. Essa pessoa é casada.- Ela disse apoiando sua cabeça nas próprias mãos.– E agora estou sendo obrigada a me casar com o primo Laenor. Argh! Queria fugir daqui.

– Sinto muito, Nyra. Não se sinta assim, as vezes a pessoa errada entra em nossa vida para nos preparar até a certa chegar. Sei que foi um péssimo conselho, eu não tenho muita experiência em relacionamentos, mas talvez esse homem não seja a pessoa certa para você, se ele trai a própria esposa com você com certeza iria te trair com outra pessoa.- Tentei a convencer a largar esse cafajeste, traidor que estava iludindo minha irmã.

– Você tem razão, Nya. Eu precisava escutar isso.- Ela disse abraçando-me de lado.– Você é uma ótima irmã, se eu nunca disse isso estou dizendo agora.

Ela abriu um sorriso e levantou-se da cama, retirando-se do cômodo. Após passar longos minutos refletindo sobre o que minha irmã havia me contado, decidi chamar minhas criadas para apagar as velas do quarto para que eu pudesse dormir.

Enquanto vestia minha camisola a imagem do meu tio não saía de minha mente, eu me sentia mal por isso. Havia cruzado os limites e desconsiderado minha prima tão querida, isso me entristecia. E foi em meio ao remorso que adormeci.

No dia seguinte levantei-me bem cedo e com a ajuda de minhas criadas escolhi um belo vestido para passar a tarde, assim que me vesti decidi ir para o jardim, o dia estava lindo e com certeza iria me distrair de meus pensamentos intrusivos.

O jardim era lindíssimo, havia uma fonte no meio e muitas flores de várias espécies e cores. Atrevi a pegar uma rosa mas acabei me furando com os espinhos, uma pequena gota de sangue escorreu entre meu dedo.

– Tome cuidado, sobrinha.- A voz grave de Daemon soou entre meus ouvidos assustando-me um pouco.– Perdoe-me por ter lhe assustado. Está doendo? Deixe-me ver.

Neguei com a cabeça e Daemon pegou minha mão direita passando seu dedo no local ferido, manchando-se um pouco com meu sangue. Aquele toque me fez arrepiar.

– Tem que tomar mais cuidado, você parece ser bem curiosa.- Ele disse soltando delicadamente a minha mão. – Aqui é tão bonito, mas nada se compara com o que você viu ontem.

– O que?! Me perdoe tio! Não foi minha intenção.- Disse desesperada com medo de que ele contasse para meu pai. Tio Daemon apenas riu e passou a olhar-me sugestivamente.

– Não se preocupe, Visenya. Estava brincando com você, não irei contar a ninguém.- Ele disse com um sorriso nos lábios.– Me procure ao anoitecer em meu quarto.

Foi a última coisa que ele disse antes de virar as costas e partir...

Notas da autora

Votem e comentem se puderem, eu agradeço muito e perdoe os erros pois não revisei

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⏰ Última atualização: Sep 01, 2023 ⏰

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