Alguém como eu?

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O recesso do meio do ano fez com quem Beomgyu voltasse para casa dos pais e, por algum motivo desconhecido, fez-lhe passar todo o período longe de Soobin. Mesmo que ambos fossem da mesma cidade natal, encontrar-se com o mais velho pareceu uma missão impossível. Bom, é claro que trocaram algumas mensagens e fizeram umas ligações, porém não se viram. Ah... Sobre a fofoca de Soobin ser gay: o assunto morreu assim que outro assunto surgiu na semana seguinte (vazaram um vídeo de uma líder de torcida do time de futebol transando com um professor) e, com a chegada do recesso, tudo não passou de um pequeno momento. Soobin contou por mensagem que seus pais aceitaram de forma tranquila, a mãe alegou que já suspeitava e o pai não falou algo ruim, apenas o fez prometer -de novo- que namoricos não iriam atrapalhar os estudos, desse modo, tudo estava normal.

Não obstante, Beomgyu pensou sobre isso durante todos os dias.



Foi somente na última semana de férias que esse cenário mudou. Soobin apareceu de surpresa em sua casa pela tarde. Os pais de Beomgyu ficaram extremamente felizes de verem o garoto e o convidaram para jantar. Por causa de toda hospitalidade de seus progenitores, os dois não tiveram um tempo sozinhos para conversarem até o final da noite.

Devia ser quase meia-noite quando ambos subiram para o quarto do mais novo após serem liberados pelos pais de Beomgyu. Soobin entrou cumprimentando Toto e recebendo uma tentativa de bicada. Beomgyu não conteve uma risadinha.

— Quer dizer que agora ele morde? — Reclamou Soobin fingindo uma cara de dor e segurando a mão atacada contra o peito.

— Já é um avanço ele não ter te chamado de idiota, para de reclamar. — Beomgyu se jogou na cama e esperou o mais velho fazer o mesmo.

— Até hoje não acredito que ensinou esse troço a me xingar. — O mais velho chegou perto da cama, mas não se deitou, apenas se sentou na beirada, ficando de costas para o menor. Um breve silêncio surgiu até que o maior o quebrou com um suspiro longo.

— Soobin... — Beomgyu o chamou e o mais velho se virou.

Ambos procuraram palavras não ditas como "senti sua falta" nessa troca de olhares. Um momento digno de filme, se não fosse Toto do outro lado do quarto gritando de sua gaiola ao ouvir o nome.

"Soobin, idiota!" O referido abriu a boca desacreditado, pronto para rir do momento quando o papagaio resolveu falar de novo, retirando o humor. "Soobin, saudade."

Sem entender o maior trocou o foco entre o pássaro e o menor deitado no mínimo umas quatro vezes. Um sorriso se formou em Soobin.

— Ele disse 'saudade'? — Apontou para a direção da gaiola ao focar sua visão em Beomgyu de novo. O menor sentiu suas bochechas ficarem quentes. Pássaro maldito! Pelo menos o sorriso de Soobin só crescia a medida em que observava o menor se afundar mais nos travesseiros.

— É claro que ele disse saudade, você sumiu! — O mais novo confessou sem encarar o amigo.

O sorriso de Soobin se desfez lentamente.

Beomgyu ficou sem olhar por um bom tempo até sentir o colchão afundando com o peso adicional de Soobin sobre si. O maior não o esmagou com seu peso, já que se deitou de uma forma meio de lado, abraçando metade do corpo do menor. Passou um braço em torno da cintura do outro e descansou o rosto no peitoral. Ironicamente, nessa posição Soobin parecia menor que Beomgyu.

— Sinto muito ter sumido. — Começou a falar depois que se arrumaram em uma posição confortável. — Meus pais ficaram bravos comigo devido às minhas notas baixas nesse último período. Eu quase reprovei em duas matérias e tive muitas faltas, eles ficaram enfurecidos. Como "castigo" meu pai me levou para trabalhar no escritório dele esse mês de recesso e não me deixava sair. Parecia que tinha 12 anos novamente e estava preso por quebrar o vaso favorito da minha mãe.

Question...?  •  SoogyuOnde histórias criam vida. Descubra agora