capítulo 1

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     Eu sinto estar caindo, mas sei que não irá me machucar quando cair, o local é fundo, não acho que vou chegar tão cedo no meu destino, sinto o vendo nos meus cabelos e meu vestido.
     - Alice.
     Escuto alguém me chamar cortando o meu transe e me trazendo para a realidade. É o meu psiquiatra, está na hora da minha sessão. Ele vem até o meu quarto e conversamos, geralmente falamos sobre meus sonhos e pensamentos. Meu quarto é um quarto de qualquer hospital, ele é branco e tem uma janela.
     - Oi doutor - Digo quando ele se senta em uma cadeira ao lado de minha cama.
     Ele está com uma prancheta, um suéter marrom com uma mancha que parece ser de café, uma calça cargo cor bege e seus óculos tem uma armação fina.
     - Teve algum sonho essa noite? - Ele olha para mim.
     - O mesmo de sempre.
     - E tem alguma diferença nele?
     - Não, é a mesma coisa de sempre, eu estou com a minha gatinha então eu vejo um coelho de paletó e relógio, eu começo segui-lo até cair na toca.
     - Ainda são os mesmo personagens?
     - Sim, o coelho, o chapeleiro, a lebre, o gato, a lagarta azul, a rainha, todos sempre estão lá.
     - Entendi - Ele anota algo na prancheta.
     Eu não entendo ele, sei que me acha louca, então qual o motivo dele vir aqui toda semana para me escutar falar dos meus sonhos?
     - Você sabe que eu sempre digo a mesma coisa.
     - Eu sei, mas preciso sempre saber se alguma coisa pode mudar.
     - Mas você não vai saber se eu mentir.
     - Como pode ter certeza?
     Eu olho confusa para o doutor, ele me dá um sorriso que era para ser reconfortante acredito, mas me deixou mais confusa ainda. Ele olha para o relógio do meu quarto e em seguida para mim.
     - Temos alguns minutos, tem certeza que não quer me contar nada?
     - Tenho, não teve nenhuma diferença.
     - Esta bem - Ele levanta e me olha - Vou lhe sugerir que comesse a desenhar ou a escrever o que acontece em seus sonhos e pensamentos Alice - Ele me entrega um caderno e um lápis.
     - Irei fazer isso, mas vão ser coisas repetitivas.
     - Mesmo que sejam coisas repetitivas Alice, é importante para o seu tratamento.
     - Pode me dar lápis de cor? Não quero meus desenhos cinza.
     - Claro - Ele vai até a porta e se vira para mim - Não esqueça dos seus remédios pequena Alice.
     Eu concordo com a cabeça e ele sai do quarto.

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