A felicidade combina com você.

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Notas do autor: Essa história não é para todo mundo, não há hot nela, e é diferente do que costumo escrever. Diferenciei até mesmo no meu tipo de escrita, para quem entrar de cabeça aqui, não conseguir comparar com as demais, pois ela está dentro de uma bolha a parte, fazendo junção a uma coleção particular e muito íntima. Há romance, mas pode te deixar de coração partido. Também não corrigi, não revisei, apenas escrevi ao longo das semanas, e não voltei para reler e ajustar. É uma experiência que cabe em uma leitura só. Eu que não costumo atualizar tarde da noite, farei isso com essa.

Então ignorem os erros, ignorem o que possa não fazer sentido, e foquem no resto.

Quem estiver se arriscando, alegre-se por ser apenas um capítulo, enquanto me alegro por ter você aqui.

Boa leitura!

...

— Acabem com ela!

Como animais, eles gritam em direção a um ser pequeno, que não dou atenção, até estarem todos em cima dela. Ela, pronome exposto assim que a fileira de caras flagrou a suposta garota entrando no refeitório, sozinha como sempre.

Não sei quem é, e sendo sincero, não tenho o menor interesse em descobrir. A verdade é que toda semana essa escola tem uma vítima, todos os dias alguém é espancado e todas as manhãs um ritual de bullying se inicia. A roda da vez está com ela, a garota desconhecida.

Posso apostar que se trata de uma novata quando ninguém diz seu nome ou correm atrás para impedir. Esse é o erro dos novatos, vir para o colégio Maylen no meio do semestre, quando todas as tribos já foram armadas. E talvez seja uma lição para ela, para que nunca mais desvie o olhar dos seus próprios cadarços quando estiver caminhando pelo corredor bagunçado dessa escola.

Desvio o olhar à medida que o motim começa a crescer para cima da garota. Não quero sentir pena, nem me meter. Com três ameaças de expulsão sempre que meto pé nos problemas alheios, é certo que chegar a impedir um linchamento vai me dar problemas. Problemas a qual não me importo, mas meus pais fazem questão de não me intrometer.

Seguro a mochila firme no meu ombro direito; estamos no beco do colégio. Quando começaram os gritos, pensei comigo mesmo em não parar aqui, seguir adiante, mas a curiosidade gritou mais alto quando atravessei a rua, então voltei e parei para observar. Na verdade, talvez só esteja ouvindo agora.

— Sua vadia! Vai aprender a não me olhar com cara de deboche, porra! — Kiba grita enquanto sons de socos chegam até mim.

Se fosse uma garota metendo o tapa em outra garota, talvez o espetáculo não tivesse tantas pessoas para assistir. Não vejo muitos torcendo, somente a trupe dele que provavelmente e covardemente estão segurando ela. A galera grita, ninguém ajuda. Essa menina vai desejar nunca ter vindo estudar aqui.

Desvio o olhar e vejo ao longe que a polícia não vai demorar a separar. Ela vai estar numa boa, talvez com alguns ossos quebrados. Eles vão sair correndo, mas é certo que terá algum atendimento imediato.

Com as mãos no bolso, estou prestes a colocar os fones de ouvido e dar um passo para longe deste lugar de merda, quando a voz dela ressurge no meio do sangue e toda a desordem e gritos ao redor dela.

— Seu pai me bateu mais forte quando estávamos mandando ver no quarto dele ontem a noite!

Paro em meu caminho e desvio o olhar para a direita, o beco acalorado quando os gritos voltam a soar altos à distância. Pensei que estivesse aterrorizada e destruída, mas ao que vejo ela ainda tem tempo para mais. Arrancou um sorriso meu, talvez seja daquelas garotas rebeldes que dão tudo por um momento de atenção. Talvez goste de apanhar e Kiba, sendo quem é, não a divertiu o suficiente.

O lado bom da vida: você.Onde histórias criam vida. Descubra agora