Capítulo 02.

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Uma batida na porta de seu beliche faz Leo pular tanto que quase arremessa seu pequeno projeto pela sala. Ele envolve as mãos em concha, abalado pelo impulso, e se vira. — Uhum, sim? E aí?

A porta se abre e Jason enfia a cabeça para dentro, seu estúpido olhar de cachorrinho em pleno vigor. Leo se vira - ele já sabe o que Jason vai dizer e não quer nem ouvir. Ele está muito cansado para cobrir isso com humor, caramba, ele fodeu, ele fodeu muito, e- e não há como escapar disso. Ele está se escondendo das consequências. 

— Leo-

— Eu não deveria ter feito isso, porra.

— Não foi você, você sabe disso, certo?

— Sim, e daí. - Ele desenrola os dedos em torno das asas delicadas, as engrenagens expostas que estalam um pouco quando ele tenta ligar o botão. É tão difícil colocar as mãos para trabalhar direito quando ele está fervendo assim, mas é- ele é apenas- ele está com tanta raiva- 

— Leo. Eles vão entender quando voltarmos para casa e tudo isso estiver feito... 

— Casa. - ele cospe e ri. Ele não pode evitar - o lar de Jason nunca foi o Acampamento Meio-Sangue, e agora nunca será para Leo também. Não sem ele lá. Porra. — Certo. Casa, sim. 

— Leo, por favor. - Jason implora. A porta se fecha atrás dele. Leo se fecha ainda mais, empurrando mais para a beira da cama. — Eu prometo a você, ninguém vai usar isso contra você. Você estava possuído. Não é como se você realmente quisesse atirar, nós sabemos disso. Aqueles de nós que importam sabem disso. 

— Aquela era a sua casa. - Leo morde, acidentalmente dobrando a asa de sua criação fora do lugar. Ele zumbe freneticamente. Lágrimas frustradas brotam nos cantos de seus olhos. — E agora eles- eles acham que você está trabalhando com traidores, que-

— Ninguém pensa isso, Leo-

— Eles fazem! Porque- é isso que eles sempre pensam, quando eu estrago tudo! Não há segunda chance quando eu estrago tudo, Jason, você não entende isso!? - Puta que pariu! A porra da asa está tão dobrada que se quebra quando ele tenta dobrá-la para trás. Ele cede ao seu impulso anterior e o arremessa contra a parede o mais forte que pode. 

Ele se estilhaça em centenas de pedaços minúsculos e afiados, engrenagens e anéis de vedação voando em todas as direções. 

Jason não sai de novo como deveria. Em vez disso, ele se senta ao pé da cama de Leo e estende a mão entre eles. Alcançar sem tocar. 

— Estou te dando uma segunda chance. - Jason diz, a voz ainda firme e uniforme, tão certa. Leo zomba. Ele não pode olhar para ele. — Leo. Você não fez nada de errado. Todos nós ainda precisamos de você, ainda queremos você aqui nessa missão, ok? Você é a razão pela qual qualquer um de nós poderia chegar tão longe, a razão pela qual poderíamos chegar até Percy. Eu prometo a você, cara, você vale mais para esta missão do que despejar depois de uma coisa feita quando você não estava no controle de si mesmo. Você teria atirado em Nova Roma se fosse você, como está agora? - Jason olha para ele com aqueles malditos olhos azuis bebê. Ele é como a porra de um cachorrinho com olhos assim, é... Leo morde o lábio e olha para a parede distante. 

Ele quer dizer sim. Ele quer dizer, eu destruiria tudo de novo se isso significasse que você ficaria comigo quando esse show de  horrores acabasse. Ele quer dizer, eu te amo. 

Ele fecha os olhos e balança a cabeça, em vez disso. — Não. - ele sussurra. Sua voz treme. — Claro que não.

— Exatamente. - enfatiza Jason. Leo pode senti-lo inclinar o peso mais para a mão, senti-lo se inclinando para mais perto. — Então, vamos. Pare de se esconder, por favor? Venha conhecer adequadamente os outros. 

— Tudo bem. - ele concede, e furtivamente passa os olhos em sua camisa, tentando disfarçar como se estivesse apenas limpando o óleo quando ambos sabem que não há nenhum. Ele funga e suspira pela perda de sua pequena criação. Ele estava tentando ser delicado com isso, mas ele estragou tudo também. — OK.

Jason sorri quando Leo se levanta, como se tivesse vencido uma batalha. Leo não consegue parar de olhar para ele, ficando ferido da maneira que o faz sentir, no fundo de seu estômago. Ele é culpado por isso imediatamente, como sempre é, mas também está esgotado. Ele não pode se forçar a parar. 

Ele pode viver com isso, talvez. Preocupar-se com Jason à distância, apenas ser amigo, embora toda vez que Jason seja um pouco gentil com ele, seu coração estúpido faz aquela coisa estúpida, onde ele fica enjoado e tropeçando. Ele vai se odiar todas as vezes, mas talvez possa amar Jason. Porque ele faz, ele realmente faz. Se ainda não é amor, é pra chegar lá. 

Ele funga e esfrega os olhos novamente uma última vez, antes de segurar a porta aberta e virar a cabeça para o corredor. — Vamos lá, Superman, vamos embora. - ele murmura. 

Jason lhe dá um abraço fugaz. Ele está no meio do corredor antes que Leo consiga mover os pés.

Me Segure, Estou CaindoOnde histórias criam vida. Descubra agora